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Estado de Minas RICARDO KERTZMAN

Rosh Hashaná: 5783 anos depois, judeus continuam lutando por suas vidas

É um período de reflexão e oração, bem como de celebração e de sincero desejo de um ano novo "doce e bom", simbolizado pela maçã mergulhada no mel


25/09/2022 17:18 - atualizado 25/09/2022 18:57

Velas de Rosh Hashaná
Shaná Tová Umetuká: Um ano novo bom e doce para todos (foto: Jewish Images/Google)

Do pôr do sol de hoje, domingo, dia 25 de setembro, até o pôr do sol da próxima terça-feira, dia 27, judeus em todo o planeta celebram a chegada de um novo ano, o Rosh Hashaná de 5783, de acordo com o calendário judaico, que é diferente do calendário gregoriano (2022), já que conta com menos dias (seguindo o chamado calendário lunar), 354 contra 365 luas, ou dias, e que se iniciou no momento da criação do mundo, de acordo com a fé judaica.

É um período de reflexão e oração, sim, bem como de celebração e de sincero desejo de um ano novo “doce e bom”, simbolizado pela maçã mergulhada no mel, onde espera-se que todos “sejam inscritos no livro da vida”. Portanto, antes de prosseguir, deixo aqui meu Shaná Tová Umetuká a toda a comunidade judaica brasileira e mundial, e a todos os brasileiros, de todas as religiões, por todo o mundo, em especial meus amigos e familiares.

GRANDES FESTAS


O Rosh Hashaná também inaugura o período das grandes festas, onde as famílias reúnem-se para comer, beber, ouvir músicas típicas, rezar, manter as tradições herdadas de geração em geração, até atingir o ápice, ao fim do Yom Kipur, o dia mais sagrado do judaísmo. Como “judeu puro sangue”, de pai e mãe, de avós e bisavós, ainda que não praticante, me sinto parte e, à minha maneira, celebro o momento e o significado.

A despeito do que segue acima: tradições, celebrações, bons desejos etc., não posso deixar de destacar, justamente pela importância da data, ainda que seja um assunto desagradável, o assustador recrudescimento do antissemitismo nos últimos anos, em todo o mundo, conforme o Relatório Mundial sobre Antissemitismo, da Universidade de Tel Aviv, que aponta um crescimento “dramático” de incidentes contra os judeus em 2021. 

ANTISSEMITISMO EM ALTA


Divulgado em abril passado, no Yom HaShoá - Dia Nacional em Memória às Vítimas do Holocausto -, o estudo mostrou severo aumento de casos em praticamente todos os países. Segundo o levantamento, grupos ultrarradicais nacionalistas de direita e de esquerda juntaram-se a grupos antissemitas, sobretudo após o início da pandemia do novo coronavírus, para, mais uma vez, pregar o extermínio de Israel e a extinção dos judeus.

Por causa da Covid-19, acusações falsas de que os judeus criaram e espalharam o vírus surgiram fartas e pulverizadas. Com cinquenta páginas, o estudo também mostrou como o conflito ocorrido em maio de 2021, contra o grupo terrorista Hamas, na Faixa de Gaza, levou a picos de antissemitismo generalizado. O Irã, principalmente, foi um dos grandes responsáveis, já que não apenas dissemina desinformação, como financia o terror.

NÚMEROS CHOCANTES


Uriya Shavit, chefe do Centro de Estudos Judaico-Europeus Contemporâneos da Universidade de Tel Aviv, afirmou: "Há algumas décadas, era necessário um esforço para ser exposto a essas ideias. Hoje, é muito fácil acessá-las”, disse, por conta da internet e das redes sociais, que espalham mensagens falsas e de ódio contra Israel, impulsionadas pelos milhões de dólares que as autocracias radicais islâmicas investem contra os judeus.

Os números são chocantes e falam por si. Na França, houve ao menos 589 atos antissemitas no último ano, um aumento de 75% em relação a 2020. A violência física cresceu 36%, e, de todos os atos racistas registrados no país, 73% foram contra judeus. Sem contar que a negação do Holocausto vem se tornando assunto cada vez mais frequente, inclusive em seminários abertos, muitos deles ocorridos em universidades.



PERSEGUIÇÃO HISTÓRICA


Desde o surgimento do judaísmo, a perseguição ao povo de Abraão jamais deixou de existir. Judeia, Alexandria, Impérios Romano, Otomano e Russo, Alemanha Nazista… Não há era ou região em que os judeus não tenham sido rejeitados, discriminados, perseguidos, expropriados e expulsos. Não fosse a criação do Estado de Israel, pela ONU, em 1948, com a respectiva Independência, possivelmente não haveria mais judaísmo no mundo.

Hoje, estima-se em pouco mais de 13 milhões o número de judeus na Terra. Pouco importam as realizações e contribuições para a humanidade, nas ciências, nas artes, na música, na medicina e na tecnologia. Pouco importa ser a única democracia no Oriente Médio. Pouca importa ser um povo que jamais, repito, jamais atacou qualquer outro povo ou nação; apenas - e sempre! - se defendeu, perseguindo e garantindo sua autodeterminação.

SHANÁ TOVÁ UMETUKÁ


Não há nada que façamos, pois, senão lutar, militarmente, politicamente e intelectualmente contra o antissemitismo, para garantirmos nosso chão (Israel) e nossas vidas. Por isso este longo e cansativo, mas necessário, texto, ainda que em uma data festiva. Mas se querem saber, meus caros leitores, mesmo nas festas, um judeu mantém um olho no gato e o outro, no peixe. A Guerra do Yom Kipur nos forjou e nos mantém, até hoje, assim: vigilantes.

Mais uma vez, desejo a todos um ano novo bom e doce, repleto de alegrias, saúde, amor, paz, prosperidade e boas notícias. Que sejamos inscritos no Livro da Vida e que, passado este ano conflituoso por causa da política, laços afetivos sejam refeitos e a harmonia volte a imperar entre famílias e amigos de longa data. Que 5783 inaugure, já, os novos e bons dias que 2023, se Deus quiser, nos trará em breve. Forte abraço!

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