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Estado de Minas EM DIA COM A PSICANÁLISE

Neste 2022 que se inicia, vale a pena apostar na força do desejo

Não basta querer. Temos de agir para concretizar as coisas que realmente desejamos, conscientes de que somos o sujeito de nossa própria vida


02/01/2022 04:00 - atualizado 02/01/2022 07:32

Ilustração de Thiago Fagundes mostra homens e mulheres comemorando, com balões no teto e copo de bebida nas mãos
(foto: Thiago Fagundes)


Sobrevivemos a dois anos de grandes dificuldades, vencemos desafios e muitos dos nossos foram dizimados pela pandemia, que, além disso, nos privou das nossas liberdades, da convivência, do abraço e até do ar que respiramos.

Conseguimos nos unir, como deve ser a Humanidade, nos colocando no trabalho árduo de desenvolver em tempo recorde a vacina. Tivemos equipes enormes de saúde se dispondo a correr risco de vida para salvar as vítimas da COVID-19. São bravos e corajosos seres humanos nos fazendo acreditar na valentia e na solidariedade.

Além de tudo o que experimentamos na pandemia (e o pior já passou), como todos os anos, vamos elaborando as perdas e, ao mesmo tempo, lidando com nossos próprios rumores individuais.

Restos e lembranças nos embargam a voz e costumam nos assaltar nessas ocasiões festivas de reencontros em família, onde são reativadas memórias do nosso romance familiar. O Natal é uma dessas ocasiões em que as pessoas se perguntam o porquê de ficarem tão sensíveis e emotivas.

Depois de longo tempo de isolamento, os encontros familiares são motivo de alegrias e grandes emoções. Nem todo encontro natalino é confortável. Acontecem bons encontros e alegrias misturados a tudo o que trouxemos na bagagem, acrescido de algumas indiscrições, indelicadezas que escapam de dores antigas e da necessidade de, em certos momentos, ter a prudência de calar e pisar em ovos. Isso cansa. Estressa.

Aproveitar este momento de comemoração da tradição para falar coisas represadas é quase irresistível para pessoas que não conseguem conversar e resolver as coisas durante a vida. É por isso que devemos passar a vida a limpo. Deixar para trás as mágoas e viver a alegria de estarmos aqui, vivos, na luta pela vida.

Na passagem do ano, vamos a festas comemorar, alegres e felizes. Fazemos um intervalo na vida real. Podemos ter problemas acumulados até o teto, mas é hora de esquecer tudo e relevar. Dar graças e agradecer por tudo o que temos – e é isso que vale a pena. Verdade. Um intervalo de alienação para ser feliz, amanhã é outro dia. Alguns se animam e de fato conseguem.

As pessoas desejam que assim seja, pois trará sorte no ano novo. Que continue assim. Somos às vezes muito supersticiosos. A superstição é uma forma de imaginário fantasioso que faz com que as pessoas acreditem que o que se pensa pode ser materializado e se realizar. Exemplo: olho gordo, mandinga, que muitos acreditam que pega.

Se há algo em que de fato aposto – e isto, sim, pega –, vem da determinação psíquica que de fato pode nos levar ao que desejamos. Porém, não basta desejar, são necessários atos para sustentar o desejo. O desejo é mola mestra na vida. É o lugar de conforto de cada um. O desejo decidido traz resultados efetivos. Tanto que Lacan dizia: cuidado com o que se deseja, porque pode acontecer.

É nisso que aposto para o novo ano. Na força do desejo dentro de cada um de nós, que, acima de tudo, nos permite defender nossos interesses como sujeitos de nossa vida, acima de qualquer demanda de amor que venha do outro e nos afasta do nosso lugar. Que 2022 seja um ano de renovação e realizações.
 
 

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