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Estado de Minas EM DIA COM A PSICANÁLISE

Podemos entender seguidores fanáticos como "ceguidores"

O negacionismo destrutivo e delirante, indiferença à dor e bravatas de virilidade só podem ter concordância por quem se identifica com os mesmos valores


06/06/2021 04:00 - atualizado 06/06/2021 08:11


As manifestações da última semana emocionaram os corações que já não suportavam mais a impotência diante do que vem ocorrendo no Brasil. O desrespeito à democracia e à vida, pois a aposta na imunidade de rebanho já causou muito dano e não vingou.

Toda aposta é sem garantia, mas quando a pessoa perde o jogo e não aceita o prejuízo é maior. O problema é que, no caso, o apostador é nosso presidente. Daí, as consequências... sofremos todos. Fato consumado, dizem os números.

Embora muitos discordem e ainda defendam Bolsonaro lhe dando razão, outros entendem que, para representar o país, melhor seria uma pessoa com qualidades diplomáticas, culturais, intelectuais e humanas mais desenvolvidas.

Alguns dirão que Lula também não. E têm suas razões. Mas, como me disse uma amiga, Lula é mais humano. Se errou, se entrou no sistema corrompido, decepcionou geral, mas hoje, avaliando a situação, suas chances crescem. Com os eleitores arrependidos de Bolsonaro e sem opção de peso, Lula tem grandes chances. Como sempre no Brasil...

Fato é que há negacionistas que insistem em virar o rosto diante de evidências que são opostas ao que se quer crer. Ou mesmo ao que lhes convenha. Aí há alguma coisa mais profunda que podemos chamar identificação.

Desde criança nos estruturamos a partir do outro. Herdamos seu desejo, seus ideais e o amamos. Amamos um dos pais e tomamos o outro como modelo. Assim se estabelece desde cedo, muito antes que muitos suponham, a escolha de gênero e muitas características e traços que se tornam nossos, mesmo que de fato venham do outro e passam a fazer parte daquilo que somos.

A identificação, na verdade, é o primeiro tipo de laço emocional com outra pessoa. Podemos nos identificar por amor, ao pai, e a traços de alguém, independentemente se positivos ou negativos.

Freud disse isso em 1921, em a “Psicologia de grupo e a análise do eu”, mostrando como o que era externo torna-se interiorizado. A Igreja e o Exército, por exemplo, são grupos artificiais, sofrem certas pressões para manterem-se coesos e punições aos desertores, mas se formam pela identificação aos ideais ou a um líder e, também horizontalmente, por comungar semelhantes propósitos.

Outro exemplo é o da moça em internato que recebe uma carta de amor emocionada e desmaia. Nos dias que se seguiram, várias colegas sofrem desmaios similares motivados pela identificação ao desejo de receber semelhante mensagem. Ou a moda do bigodinho de Hitler adotado na Alemanha pelos seus seguidores. Assimilando um traço de seu líder, matando e morrendo por ele, pela raça ariana.

Podemos entender seguidores fanáticos como “ceguidores”, defendem cegamente ídolos e ideais. O negacionismo destrutivo e delirante, indiferença à dor, retórica paranoica e bravatas de virilidade, palavras de Christian Dunker, só podem ter concordância por quem se identifica com os mesmos valores.

Aquilo que execramos da ditadura como tortura, preconceitos, extermínio, assassinatos e repressão violenta e que com a reinstaurarão da democracia e dos direitos humanos tornaram-se inaceitáveis socialmente, no contexto atual, ganham força para retornar. Vozes que se calaram com o politicamente correto voltam a defender, sem pudor, o discurso da violência e ganham terreno fértil. Abriram a caixa de Pandora!

E a pulsão de morte atua com força! Não queremos comunismo nem corrupção. Pertencemos a um país de maioria pobre, mal instruída e urge dar tratamento digno a este povo. Queremos um país de gente educada, instruída, com os direitos que a Constituição reza garantir.

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