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Estado de Minas Comportamento

Em busca de aventuras

"O guia me convenceu de que valeria a pena"


17/04/2022 04:00 - atualizado 14/04/2022 12:39

Cachoeira
(foto: Pixabay)

 
Tenho horror a banho de água fria mesmo no alto verão. Quando vou a cachoeiras, um programa que me agrada muito ao alcançar a água é tomar o sentido contrário da maioria das pessoas que estão comigo. Enquanto uns saltam, busco a sombra mais próxima à procura de um momento de frescor. Depois consigo colocar ao menos os pés na água, mas o corpo só molho se houver uma motivação muito grande.
Nos últimos anos a experimentei por duas vezes. A primeira na Cachoeira do Buracão, na Chapada Diamantina. Depois de muito caminhar, chegamos à parte visível da cachoeira. Eu estava vestida adequadamente para caminhar, não para nadar. Me dei por satisfeita, pois todo o entorno é muito bonito, até que fui informada de que o melhor estava por vir. Mas, para tanto, era preciso vestir o colete salva-vidas e entrar na água. O Buracão mesmo só poderia ser visto se eu ultrapassasse a enorme barreira de pedra através da água.
 
Nosso guia conseguiu me convencer de que o sacrifício valeria a pena. E valeu. Lutamos contra a forte correnteza agarrados com as mãos a cordas grossas, sem muita estrutura e segurança, mas não teve como resistir. Nunca entrei em uma água tão gelada. Batia os dentes a cada batida de perna. Faria de novo, porém talvez da próxima eu leve roupa térmica de mergulho.
 
A outra vez foi na região de São Gonçalo do Rio das Pedras, na cachoeira da Rapadura. Você só consegue encontrá-la se for com um guia local, me disseram. Achei que era uma estratégia para nos convencer a contratar um deles, mas de fato é melhor fazê-lo  ao menos da primeira vez.
A cachoeira é difícil de achar, pois não está à vista. Fica debaixo das pedras e entra-se nela às cegas, de costas, tateando degraus com os pés no meio da caída d'água, o que torna a empreitada bem perigosa.
 
Enquanto caminhávamos, eu era a única a dizer que não ia participar da aventura nem morta, o que ninguém contestou, pois todos sabem de minha aversão a choque térmico. Chegando lá, fui a única com coragem para acompanhar o guia. Juntos, nós dois fizemos um coro de gritos para espantar o frio congelante até alcançar a pequena galeria que se forma no fundo do buraco.
 
Pancada de água na cabeça e nos ombros, degraus escorregadios sob os pés, nos agarramos ao que tinha à frente de olhos fechados. Pouca claridade entra pelos pequenos espaços que ligam a queda d'água à superfície, onde meus amigos esperavam ansiosamente e riam de toda aquela incoerência. Os mais medrosos às vezes surpreendem e nos mostram que somos capazes de muito quando nos colocamos à disposição de viver experiências que acreditamos sobrepor nossos medos.

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