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Estado de Minas Comportamento

Vida que segue


06/06/2021 04:00 - atualizado 06/06/2021 08:10


O isolamento social, o impedimento de nos reunirmos para comemorar nascimentos, aniversários e conquistas diversas, para lamentar a partida de entes queridos, assim como a impossibilidade de viajar, têm nos desafiado e nos ensinado muito sobre como lidar com frustrações. Se superamos ou se nos tornamos mais amargos do que já somos por natureza é uma questão de livre-arbítrio. Cabe a cada um escolher a forma como vai processar suas expectativas frente às possíveis e inescapáveis perdas.

No fim do mês passado, perdi a oportunidade de acompanhar presencialmente meu filho mais novo em duas das celebrações mais marcantes da vida dele. Há quase nove anos morando no exterior, sendo sete deles nos Estados Unidos, ele se tornou doutor em direito pela Universidade de Nova York e se casou em um intervalo de oito dias entre um evento e outro.

A formatura foi transmitida on-line. O reitor em sua sala, assim como professores e demais profissionais convidados a discursar o fizeram em suas casas ou gabinetes acadêmicos, enquanto cada aluno ficou onde foi possível em qualquer parte do mundo. Como nos últimos dois semestres houve aulas presenciais, ele não retornou ao Brasil e muito menos agora o fará. Além das restrições entre as duas fronteiras, ele está se preparando para a fazer a prova da Ordem dos Advogados, a fim de assumir o cargo de defensor público no estado da Carolina do Norte.

Foi uma pena, pois a celebração nos Estados Unidos é cercada de simbolismos que valorizam não só a disciplina e o grau de escolaridade, mas também a escola onde o aluno se formou. Vestida como se fosse a uma festa, fiquei com um olho no computador acompanhando a cerimônia e o outro no celular vendo e conversando com meus filhos, cada um em sua casa. Ao pronunciarem o nome daquele que se formava, muito barulho e espumante. Afinal, marca o início de uma carreira promissora.

Oito dias depois, nos arrumamos novamente como se fôssemos a uma festa e diante do computador acompanhamos a cerimônia civil do casamento dele. Atendendo a pedidos, a juíza designada para fazê-lo foi junto com o casal e as testemunhas para os jardins da prefeitura da cidade onde ele mora e, proferindo poucas palavras, selou a união. Ganhei um genro que há muito amo e considero filho.

Confesso que durante estes dias experimentei um misto de alegria e tristeza, de frustração e conquista. Desde que meus filhos nasceram, não perdi uma festinha escolar, mesmo aquelas que só mesmo pai, mãe e avós para aguentar e achar graça. Emocionei-me a cada passo, a cada formatura, a cada estágio, emprego, promoção. Não fosse o Covid estaria lá, na primeira fila, a rir e a chorar, a assobiar e a aplaudir.

Mas, ao final de cada celebração, troquei minha roupa e voltei à minha rotina. Feliz da vida, me pus a trabalhar, pois não aprender a lidar com este tipo de frustração minaria as forças necessárias para enfrentar perdas mais difíceis e inevitáveis que estão sempre a nos espreitar. É vida que segue, tanto para ele quanto para todos nós. 

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