“O futuro é imprevisível e somos todos vulneráveis”, afirmou Luciana Bazanella, cofundadora da White Rabbit, uma agência de exploração de tendências que divulgou, nesta semana, um relatório sobre o que pode mudar no mundo a partir da pandemia do novo coronavírus. O estudo foi dividido em quatro grandes movimentos, abordando temáticas como trabalho remoto, novas tecnologias, inovação aberta, o papel do Estado, uma sociedade hiperconectada, uma consciência mais global, um consumo mais local.
Batizado de “Remote Everything”, o primeiro cenário seria o de tornar remoto tudo o que for possível. “Tudo que puder ser deslugarizado, será”, disse Bazanella. A cultura do trabalho remoto já existe, mas agora ganha forma em diferentes áreas, como a telemedicina, quando médicos passam a atender os seus pacientes virtualmente. Também já é possível observar uma nova convivência digital, onde as pessoas repensam as redes sociais de escapismo para uma presença ativa, participam de ciber comunidades, criam novos códigos para uma vivência on-line, e contam com entretenimento em tempo real.
Bazanella destaca ainda que as tecnologias emergentes dão um salto nesse período, a exemplo do reconhecimento biométrico e de realidades virtuais e imersivas; assim como a impressão 3D finalmente disseminando o seu valor. O segundo cenário é “Wall Builders & Breakers”, os que abrem e fecham fronteiras. Entre os movimentos identificados, estão, de um lado, a colaboração científica e tecnológica, o patriotismo do bem e a despolarização política. E, de outro lado, está a desglobalização, o nacionalismo versus xenofobia, a fragmentação de alianças. “Pode haver um retorno da confiança nas instituições, o fortalecimento da cooperação e comunidade, a ciência reinando novamente”, avaliou Bazanella.
A terceira frente, chamada de “Paradigm Shift”, ou mudança de paradigma, traz três relevantes tópicos: o protagonismo do Estado, especialmente com foco nos direitos básicos da sociedade; a transformação do capitalismo diante de uma recessão planetária e crises políticas; e uma humanidade interconectada, demonstrando novos modelos e sistemas, conflitos éticos e uma consciência mais global.Também já é possível observar uma nova convivência digital, onde as pessoas repensam as redes sociais de escapismo para uma presença ativa, participam de ciber comunidades e criam novos códigos para uma vivência on-line
No último cenário, “Doomsday Economy”, ou economia do apocalipse, são pontuadas as economias hyperlocais (cadeias de suprimentos descentralizadas e sociedades autossuficientes), consumidores com novos valores e grandes negócios que avançam no sentido de terem marcas mais “responsáveis e que façam a coisa certa”, que operam o conceito de colaboração e inovação compartilhada.
O estudo da White Rabbit foi divulgado em uma conferência virtual, junto do lançamento do documentário SXSW 2020 – O futuro que não aconteceu, produzido junto com a EYXO Estratégias de Inovação. O South by Southwest (SXSW) é o principal festival de criatividade e inovação do mundo, realizado anualmente em Austin (EUA), mas a sua 35ª edição foi cancelada neste ano em razão da COVID-19.
Pílulas
» Telemedicina - A Unimed-BH passou a oferecer consulta on-line para os seus clientes e cedeu a tecnologia para usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) da capital, cadastrados em Centros de Saúde. O atendimento para quem suspeita de COVID-19 é feito por meio do site consultacoronavirus.pbh.gov.br, de segunda a sexta=feira, das 8h às 18h.
» Contra a COVID-19 - A VLI, companhia de logística que opera terminais, ferrovias e portos, disponibilizou plataforma de telemedicina para todos os seus 7,5 mil funcionários. Também passou a monitorar a temperatura corpórea dos empregados na entrada de três unidades com a ajuda de pirômetros (sensores infravermelhos de alta precisão) e câmeras termográficas.
» Campeões de venda - Os seis setores que mais venderam pela internet são, em ordem, os de brinquedos, supermercados, artigos esportivos, farmácia, games e aplicativos de entrega, conforme pesquisa da Konduto, empresa de monitoramento antifraude para pagamentos on-line, entre 15 e 24 de março, em comparação com os 10 primeiros dias do mês.
» Dinheiro negado - A maioria (60%) dos donos de pequenos negócios que já buscou crédito no sistema financeiro desde o início da pandemia do novo coronavírus teve o pedido recusado, segundo pesquisa realizada pelo Sebrae entre 3 e 7 deste mês. E 29% dos empresários desconhecem as linhas de crédito disponibilizadas para evitar demissão.
» Economia digital - O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) oferece curso on-line e gratuito sobre tecnologias para políticas públicas, abordando ferramentas que geram melhores serviços públicos e economia para os governos. Saiba mais em www.edx.org.