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O elo entre Djokovic, Rafael Sobis e Robinho

Falharam, ética e moralmente. Como atletas e como indivíduos, cada qual à sua maneira


20/01/2022 20:51 - atualizado 21/01/2022 09:45

Robinho, em campo, com a camisa do Milan, em 2013
Robinho foi condenado a nove anos de prisão pela Justiça Italiana por estupro cometido em 2013 (foto: Olivier MORIN / AFP - 28/9/13)
O noticiário acompanhou, nos últimos dias, a uma espécie de revezamento 3x100: o antivax Djokovic, que dominou as manchetes com sua frustrada tentativa de burlar as regras sanitárias contra a COVID-19 na Austrália, passou o bastão para o réu confesso Rafael Sobis, que chocou muita gente ao derrubar publicamente a bandeira do fair play no futebol e entregou o bastão – e os holofotes dos debates – para o condenado Robinho, julgado culpado, em última instância, em um caso de estupro na Itália.

Três exemplos muito diversos que convergem para uma discussão cada vez mais necessária na sociedade em geral e, em particular, no esporte: a ética que, em tese, deveria fazer parte das regras do jogo e da vida.

Muita gente pode não ver conexão entre os três fatos. Mas há elos muito importantes entre eles. São três figuras importantes que se acharam acima do próprio esporte. Que se sentiram mais relevantes que as premissas que aprenderam (ou deveriam) a seguir quando, ainda crianças, se apaixonaram pelas disputas e decidiram dedicar suas vidas a esse mundo.

Ao tomarem a decisão de se profissionalizar como atletas, eles não só assinaram contratos físicos, que lhes renderam milhões, como firmaram acordos virtuais nos quais se comprometiam a seguir regimentos que pretendem fazer do esporte palco para confrontos limpos. Falharam, ética e moralmente. Como atletas e como indivíduos, cada qual à sua maneira.

Djokovic tentou, por vias tortas, confirmar suas teses negacionistas. O sérvio, de 34 anos, é um dos principais porta-vozes do combate à ciência na pandemia de COVID-19. Da turma que defende se tratar de gripezinha e que desdenha da eficiência das vacinas, embora as estatísticas planeta afora mostrem quantas vidas estão sendo poupadas desde que os imunizantes passaram a ser aplicados. 

Certamente, o sérvio acreditava que ser o número 1 do mundo do tênis bastaria para encontrar as portas do mundo abertas. Na Austrália, saiu pelos fundos, deportado. Perdeu dinheiro, credibilidade e colocou em xeque sua vitoriosa carreira. Não se tem notícia se está abalado ou arrependido. Na primeira declaração sobre o fato, limitou-se a dizer que estava "desapontado com a decisão judicial". 

Rafael Sobis, por sua vez, mostrou que o discurso do jogo limpo no futebol, muitas vezes, se perde em falácias. Em tom jocoso, contou ter feito corpo mole, enquanto atleta do Cruzeiro, em uma partida da reta final do Campeonato Brasileiro de 2016, em que estava em disputa a possibilidade de rebaixamento do Internacional, clube do qual é ídolo.

Ali, não estavam em questão apenas as duas equipes em campo. Não se tratava somente de mais um confronto. Muito menos era uma decisão que cabia, individualmente, a Sobis.

O desrespeito foi em efeito cascata: ao Cruzeiro e sua torcida; aos demais times que lutavam contra o descenso; ao futebol em si. Após a repercussão, nada de arrependimento. Sobis procurou uma saída pela direita, minimizando tanto sua atitude no jogo quanto a revelação a um youtuber.

"Um cara que aceita jogar no Cruzeiro no momento mais difícil da sua história e se dedica como me dediquei não vai se 'queimar' com uma torcida tão grande que entende dos esforços feitos. Eu amo clube Cruzeiro e faria tudo novamente se preciso." A emenda saiu tão ruim quanto o soneto. Nada explicou e ainda mudou de assunto. 

Já o caso de Robinho envolve violência física. Estupro de uma mulher, em 2013, na Itália – quando ele atuava pelo Milan. Uma conduta totalmente repugnante em todos os sentidos, já que a todo momento ele ironizou a vítima. Foi outro que, no alto de sua autoestima forjada na idolatria esportiva, duvidou da possibilidade de punição.

Áudios do jogador até rindo da situação vieram à tona em outubro de 2020. Robinho se perdeu totalmente nesse perverso personagem. E ainda encontrou quem, covardemente, o apoiasse. 

São situações vergonhosas por quaisquer ângulos em que sejam analisadas. Fatos que distorcem conceitos básicos das relações humanas. Pior: que reverberam entre seguidores do esporte comportamentos reprováveis. São faces grotescas do esporte que a gente preferia não conhecer.

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