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Estado de Minas JUVENTUDE REVERSA

São muitas e para todos os gostos as opções de apps de relacionamento

Que a tecnologia veio para facilitar a maneira de nos relacionarmos isso é fato, mas ela também pode causar problemas relacionados a invasão da privacidade


09/09/2021 06:00 - atualizado 09/09/2021 07:02

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(foto: AFP / Aamir QURESHI)
Adão, esposo de Eva, morreu com novecentos e trinta anos de idade e teve muitos filhos e filhas, além de Caim e Abel. Esses filhos se multiplicaram e enquanto dominavam toda a terra muitos ofícios foram criados, incluindo a prostituição. No Antigo Testamento há referências a prostitutas em Provérbios, Gálatas e Deuteronômio. Na Grécia, século VI a.c., a prostituição feminina e masculina era regulamentada. Há relatos dessa profissão na Babilônia, na Suméria e em inúmeros outros lugares da antiguidade. Deve ser por isso que existe essa história de que a prostituição é a profissão mais antiga do mundo.

Tieta do Agreste, de Jorge Amado, Hilda Furacão de Roberto Drummond, Capitu – tanto a de Machado de Assis como a da novela Laços de Família -, Os Leopardos, Bruna Surfistinha, entre outros personagens do imaginário da safadeza, costumam estar presentes não só na literatura, mas também no horário nobre da TV, muitas vezes de forma parcimoniosa.

Com o advento dos apps (aplicativos) de encontros, uma nova facilidade surgiu para o relacionamento: o mundo sugar. Um lugar onde homens bem-sucedidos e generosos com o dinheiro, os sugar daddies, encontram o romance com garotas lindas e jovens, as sugar babies. Ou garotos atléticos e jovens, os sugar babies, para as sugar mommies e majoritariamente para os maduros gays.

Os aplicativos que fazem com que o universo sugar exista são bem eficientes, pois essa oferta de sites e aplicativos só aumenta. A minha intenção não é julgar essa facilidade, mas penso que se trata de uma relação conveniente entre as partes - um acordo sem culpas pelos desejos ou intenções. Para os sugar babies a relação geralmente tem por objetivo a ajuda econômica, para por exemplo, custear uma faculdade ou sustentar um filho, como é o caso de algumas mulheres. Para os daddies, a ideia é se exercitar numa sex machine, aumentar sua autoestima ou nada além de uma companhia. Como todo aplicativo de relacionamento, os aplicativos sugars funcionam apenas como intermediário, você está por sua conta. 

Em São Paulo conheço pessoas que buscaram essa alternativa de relacionamento patrocinado, que nada lembram os fetiches sexuais de Saul Klein, filho caçula do fundador das Casas Bahia, denunciado pelo Ministério Público por estupro e aliciamento. Os nomes dos amigos a seguir são fictícios, mas suas histórias são verdadeiras: José, empresário paulistano, se casou com a sua sugar baby aos 40 anos, constituíram família e estão juntos há mais de 25 anos. Patrizia, italiana, 68 anos, mãe do expatriado Giovanni, após se enviuvar de um renomado médico milanês, arrumou um sugar baby e dilapidou o patrimônio com o garoto em viagens e carros esportivos. Mateus, 65 anos e Juiz, descobriu que estava hipertenso recentemente.

Então buscou sua sugar baby numa escola técnica de saúde e a contratou como auxiliar de enfermagem com a função de oferecer seu medicamento duas vezes por dia. Uniformizada e dentro de casa o dia inteiro, a garota o satisfaz sexualmente e ainda prepara o seu almoço. Tomás, 70 anos, quatrocentão paulista, se apaixonou pelo lavador de pratos de um de seus restaurantes favoritos e acaba de comprar uma casa bem confortável para o seu sugar baby e família. Paulo, 58 anos, advogado bem-sucedido, ícone na turma dos bon vivants, trabalha de segunda a sexta em São Paulo e há quase 4 anos está “namorando” uma sugar baby, enquanto sua esposa vive em Brasília. Preocupado em não estabelecer uma relação estável, todos os gastos com a baby são realizados em dinheiro vivo e os contatos são feitos por um celular, sem os recursos de mensagens e e-mail.  

As opções de aplicativos de relacionamento são variadas e há para todos os gostos. O Tinder, um dos pioneiros no ramo da paquera, é um dos apps mais usados no mundo com cerca de 340 milhões de usuários. Por meio do famoso match, o Tinder combina pessoas que tenham interesse mútuo para iniciar uma conversa e, quem sabe, evoluir para algo mais. O Tinder te conecta com outros perfis usando tecnologia baseada em localização, de acordo com os filtros que você define como gênero, distância, limite de idade e gostos semelhantes. Apesar de o Tinder ser o mais famoso entre os aplicativos de relacionamento, ele não é o único. Há o Happn, muito usado para pessoas que preferem só conversar com quem tenha algum interesse em comum - gosto por leitura, gastronomia, cinema, etc. O Happn mostra o perfil de pessoas com quem você cruzou durante o dia e possuem o app. Com ajuda do GPS do celular, ele faz o mapeamento de todos os lugares que você andou e procura indicar pessoas que frequentem os mesmos lugares e possivelmente tenham as mesmas afinidades.

Também são opções, o Baddoo, o Grindr para homens homossexuais, e o Wapp para mulheres homossexuais.

Todo mundo deve ter receio de um primeiro encontro com um desconhecido, pois volta e meia há relatos na mídia de golpes, estupros, drogas e violência física. Mas nunca li uma estatística sobre a quantidade de ocorrências e a sua porcentagem em relação a outras violências em nossa sociedade. 

Que a tecnologia veio para facilitar a maneira de nos relacionarmos; isso é fato. Mas ela também pode causar problemas relacionados a invasão da privacidade. Por isso surgiu a LGPD – Lei Geral de Proteção de Dados, em vigor desde agosto de 2020, que tem como objetivo promover segurança e privacidade na relação entre pessoas físicas e empresas. Sendo assim, muita atenção aos avisos de privacidade dos sites. Geralmente as pessoas clicam no quadrinho de aceite das condições “Eu concordo com o processamento de minhas informações”... sem mesmo ler se o site está utilizando de boa-fé, se há transparência e se a linguagem é simples e compreensível para todos.

Ou seja, é necessário que você saiba para quem, de que tipo e até para onde suas informações podem chegar. É importante também que você tenha a garantia de que todos os seus dados sejam excluídos em definitivo, caso este seja o seu desejo. Afinal de contas, sua foto e dados pessoais como por exemplo, CPF, sua orientação sexual ou doenças pré-estabelecidas não devem ser compartilhados aleatoriamente. Os dados coletados pelas empresas não são da empresa, são seus!

Pela importância do assunto em nosso cotidiano, voltarei com tema LGPD – Lei Geral de Proteção de Dados em breve.

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