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Estado de Minas JAECI CARVALHO

'Cruzeirar' ou 'atleticanizar'

"Quem 'atleticanizou' foi o Cruzeiro, pois quem sempre deu calote, não pagava dívidas, não ganhava taças e tinha péssimo crédito era o Atlético", diz ex-diretor


16/09/2021 12:28

(foto: Arquivo/EM/DA Press)


Temos visto várias pessoas, principalmente do Atlético, usando o termo “cruzeirar”, com ar pejorativo, pelo péssimo momento vivido pelo clube azul. É sabido que jogaram o Cruzeiro na lama, com desvios e falcatruas. Os torcedores aguardam providências por parte da Justiça, na punição aos culpados. O Cruzeiro sempre foi um clube exemplo, organizado, pagador de suas obrigações, com títulos e mais títulos. Lembro de uma época em que a cada dois anos e meio, o Cruzeiro ganhava uma taça importante. Dívidas, praticamente não existiam na Toca da Raposa, pois o clube era muito bem gerido e administrado.

Gosto muito de conversar com Valdir Barbosa, que foi um baita repórter, diretor de comunicação, diretor de futebol, sempre competente no que faz. Valdir é um cara muito inteligente e acompanha o futebol em cima do lance. Batemos um papo sobre o momento do futebol e ele saiu com uma frase que achei espetacular. Valdir disse: “Jaeci, o pessoal fala que o Atlético não vai “cruzeirar”, pois tem organização e quem banque suas contas. Ora, bolas, quem “atleticanizou” foi o Cruzeiro, pois quem sempre deu calote, não pagava dívidas, não ganhava taças e tinha péssimo crédito era o Atlético, e não o Cruzeiro. Portanto, o termo está errado. “Atleticanizar” é a palavra certa. “Cruzeirar” significa títulos, taças e competência. Acho que inverteram a nomenclatura”.

Valdir tem razão. O Cruzeiro é o grande campeão das Minas Gerais, e aí somos obrigados a citar 4 Brasileiros, 6 Copas do Brasil e 2 Libertadores, só para citar os títulos mais importantes. Conseguiu isso em 98 anos, já que os dois últimos têm sido ruins, com a manutenção na Série B. Ainda que o Cruzeiro fique anos na Segundona, não será ultrapassado pelo rival, um time, que, por enquanto, tem 3 títulos importantes, Brasileiro, em 1971, Libertadores e Copa do Brasil, em 2013 e 2014.

Acho bacana uma equipe se organizar, como fez o Flamengo, nos 6 anos da gestão Bandeira de Melo, e que o Atlético está tentando copiar. O próprio mecenas sempre cita a organização do Flamengo em suas entrevistas. O Flamengo hoje é a referência no Brasil, é autossuficiente, não precisa de dinheiro emprestado ou de mecenas, e tornou-se superavitário. O Galo está tentando ir pelo mesmo caminho, mas sua dívida já aumentou para R$ 1,3 bilhão.

Outra coisa: outro dia ouvi uma pessoa do Galo dizer que o clube tem R$ 600 milhões em jogadores. Gostaria de saber quais são os jogadores, que, juntos, valem esses R$ 600 milhões. Hulk, Diego Costa e Nacho, referências da equipe, estão com 35 anos, 32 e 31. Não têm valor de mercado. Arana sim, esse tem mercado e um ótimo valor. No mais, são jogadores bem comuns e que não atraem o interesse de outras equipes. Supervalorizar o grupo é um direito dos atleticanos, mas mentir, não. A verdade é que o Galo investiu em jogadores experientes e veteranos, na vontade de ganhar taças, e, pelo jeito, está dando certo, já que está nas semifinais da Copa do Brasil, Libertadores, e lidera o Brasileiro. Se será campeão ou não, só o tempo vai dizer. Se for campeão, aí sim ele irá “cruzeirar”, pois sentirá o gostinho de ganhar taças.

A política de mecenas dura por um tempo; depois, cai no vazio, como aconteceu com o Fluminense, em 2010 e 2012, quando Celso Barros, dono da Unimed, bancava o clube, ou com o Palmeiras de Paulo Nobre, que, como acionista de um banco, pôs mais de R$ 100 milhões no clube, mas já recebeu de volta, segundo consta. Leila Pereira, dona de uma empresa que empresta dinheiro a juros, e que também emprestou ao Palmeiras, garante que vai receber de volta.

Um clube tem que aprender a se autogerir, sem depender de esmola de ninguém. Porém, o Atlético e sua torcida têm que ser gratos aos mecenas. Não fossem eles e nem dinheiro para pagar os salários teriam. As contratações feitas e que estão dando retorno também pertencem aos mecenas. A sorte do Galo é que o mecenas atual diz não querer o dinheiro de volta, em curto prazo. Isso dará fôlego para o Galo se organizar e se tornar superavitário. Claro que demanda tempo, mas o caminho é esse. 

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