
Carlos Nunes
Ator
Sou ator de vocação e de profissão.
Fui um dos primeiros a parar com a pandemia, mas tive o privilégio de ser um dos primeiros a voltar à cena. Era a mistura de medo e insegurança com a ansiedade que não cabia no peito.
Medo de as pessoas não irem me ver. Insegurança sobre se eu ainda sabia o meu ofício de fazer rir, depois de 18 meses sem exercitá-lo. Ansiedade para ver a gargalhada brotando no rosto da plateia.
Infelizmente, a gargalhada eu só ouvi, não pude ver.
A máscara que protege também nos afasta das gargalhadas, nos impede de ver o riso da plateia – público ainda tímido, mas saudoso e sedento da alegria e da magia do teatro.
Minha volta foi em grande estilo, com a rainha da alegria: Kayete, especialista em animar milhões de ouvintes pelo Brasil com seu humor contagiante e sua generosidade infinita.
Foi possível sentir que as pessoas que passaram a trabalhar em casa, no “novo normal” home office, estavam ávidas por sair, encontrar os amigos em um ambiente aconchegante e divertido. Prova disso foi a gente não vender nem sequer um ingresso sozinho, eram sempre três ou quatro no mesmo CPF.
Leio agora a notícia de que teremos carnaval. É a vida voltando ao antigo normal, depois do longo período “fique em casa”.
Sempre acreditei que o teatro sobreviveria, pois sobreviveu a várias pandemias. O que mais desejo é levar alegria pras pessoas de forma direta, ali, todas as noites. Sem o filtro da TV ou do cinema.
Numa noite de sábado, não há dinheiro que pague encontrar um bom texto e bons atores. Com muita responsabilidade, é necessário que a emoção sobreviva.
O show não pode parar.
Continue lendo os seus conteúdos favoritos.
Assine o Estado de Minas.

Estado de Minas
de R$ 9,90 por apenas
R$ 1,90
nos 2 primeiros meses
Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Estado de Minas.
Leia 0 comentários
ENTRAR
E-MAIL/MATRICULA