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Estado de Minas Diário da quarentena

Dias de incerteza em Lisboa

No 'Diário da quarentena', Leo Silame conta como enfrentou três meses de confinamento em Portugal. Com a retomada das atividades no em junho, casos de COVID-19 aumentaram no país


30/09/2020 04:00 - atualizado 30/09/2020 08:13

Leo Silame
Relações-públicas


Estou tentando escrever sobre esse período interminável de quarentena em função da pandemia. Vou tentar. Não sei o que é pior, estar próximo da família e dos amigos, mas não poder conviver, ou estar longe deles. Para mim, é melhor estar longe, pelo menos já sei que não vou poder vê-los presencialmente e por isso não poder tocar, abraçar, sentir o cheiro. Enfim, acho que a distância “próxima” ou “longínqua” é ruim.

Aqui em Portugal, antes de o governo decretar estado de emergência (em 15 de março), já havíamos percebido que as ruas estavam mais vazias que o normal. Isso pelo fato de a vizinha Espanha, nessa época, ter sido um dos países com maior número de infectados.

Pronto. Chegou o 15 de março. Domingo. “Ah, mas domingo já não se tem muita coisa pra fazer, né?” Eu tinha. Trabalhava na cozinha de um restaurante. “Ah, mas isso não vai durar muito tempo.” Um mês depois, em 14 de abril, passei meu aniversário em casa, quase sozinho. Não foi sozinho porque meu irmão mais novo já mora aqui há mais de três anos e dividimos o apartamento. Tenho que confessar: alguns amigos vieram aqui, mas foram aqueles com quem convivia no trabalho e estavam “trancados” em casa.

“Ah, mas isso não vai durar até julho”, diziam alguns. Aqui, pelo fato de o governo ter adotado medidas restritivas, mas nada muito radical, em junho, a vida começou a voltar ao normal. Estou aqui há 10 meses, sete deles em quarentena. Desses sete, três meses sem contato com os outros. Agora já podemos circular pelas ruas, mas ainda com restrições, como não poder consumir bebida alcoólica após as 20h na rua, a não ser que você esteja em um restaurante comendo alguma coisa. Uma hora da manhã é o limite para os restaurantes ficarem abertos. Claro que tem os que não seguem as regras, muitos já foram multados. Aqui, não tem essa de sou amigo de fulano, filho de sicrano. Foi multado, tem que pagar.

É difícil. Imagina chegar em um país onde você só conhece uma pessoa e, de repente, não pode conviver com mais ninguém. Minha sorte é que meu irmão tem muitos amigos e eles viraram meus amigos. Agora vivemos uma incerteza. Lisboa tem recebido muitos turistas depois da abertura da fronteira e do espaço aéreo, nada parecido com outros verões, segundo relatos dos que aqui estão há mais tempo. Com a chegada desses turistas e pela “afrouxada” na fiscalização, houve aumento de casos. Fala-se em novo isolamento. Acredito que não haverá. Não gostaria de ficar trancado dentro de casa sem nem poder brigar com meu irmão.

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