A convite do colunista Gustavo Nolasco, o Da Arquibancada de hoje foi escrito por Guilherme Lanna (*)
A Raposa se prepara para uma nova jornada em 2021. Rumo a um novo ciclo, o cruzeirense se coloca mais uma vez diante de duas palavras que parecem similares, mas que, na verdade, representam perspectivas diferentes: otimismo e esperança. Confesso que nunca me preocupei em traçar um paralelo entre os termos, até mesmo porque eles são convergentes. Porém, o Cabuloso acabou me ensinando a diferenciá-los a duras penas.
Vou explicar. Quando o Cruzeiro foi “derrubado” em 2019, além da tristeza pelo rebaixamento, estávamos diante de um cenário de incertezas. Não à toa, entramos em 2020 sem elenco, afundados em uma crise política sem precedentes e com dúvidas se o clube tinha condições de ser gerido, tamanho o caos financeiro e institucional.
O torcedor, naquele contexto, não tinha em mãos coisas concretas. Só existia uma crença de que, pela grandeza do clube, os resultados viriam, independentemente das dificuldades. Em outras palavras, o amor pelo clube nos levou a acreditar que uma reviravolta simplesmente ocorreria, mesmo diante do improvável.
Pois bem! Para esse tipo de sentimento nós damos o nome de ESPERANÇA – uma espécie de desejo sem medidas, um “querer” sem apego à racionalidade.
Agora, retornemos a nossa atual situação. Apesar de o Cruzeiro seguir em um cenário difícil, o ano de 2021 surge com uma perspectiva diferente, mesmo após uma temporada decepcionante.
Devido ao trabalho promissor do novo diretor de futebol, André Mazzuco, o clube parece, enfim, ter um planejamento sustentável e coerente com sua atual realidade financeira.
Algumas mudanças já são claras. Além da vinda do novo técnico, Felipe Conceição, que chega para resgatar nosso DNA ofensivo, a Raposa deixa de apostar em medalhões e prioriza a contratação de jogadores jovens, sem grife, mas com vivência e bom desempenho em Série B.
Os critérios para reforços, agora, parecem mais objetivos, baseados em análises técnicas, e com perspectivas de retorno financeiro, algo fundamental para a nossa sobrevivência.
Diante deste contexto, arrisco-me a dizer que podemos encarar este recomeço com mais OTIMISMO – um sentimento mais palpável, conectado à realidade, fruto de um trabalho que podemos mensurar.
Enfim, a boa perspectiva deste início de jornada nos leva a crer que os bons resultados podem sair da esfera do “desejo” para irem ao encontro do “possível” – e até mesmo do “provável”. Conseguiram perceber a diferença?
Porém, há de se ressaltar que o otimismo deve ser “confiante”, mas não imprudente! É necessária perspicácia para consertar os erros, além de inteligência para administrar os momentos difíceis que devem surgir.
Em 2021, a Raposa seguirá gigante e destemida, até mesmo porque existem 9 milhões de guardiões para protegê-la. O tempo da caça voltará, podem ter certeza! Porém, neste momento, os passos seguem lentos porque ainda é tempo de limpar as feridas. Aliás, feridas que, em breve, serão consideradas marcas de resistência.
*Guilherme Lanna é músico e jornalista – um autodeclarado 'cruzeirense profissional'. É colunista, comentarista e roteirista na rádio Cinco Estrelas