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Estado de Minas COMPORTAMENTO E SAÚDE MENTAL

Racismo é gatilho para doenças mentais entre vítimas

Ofensas racistas com o jogador brasileiro vinícius Júnior provocaram reações mundiais e deixaram claro que o preconceito ainda é uma realidade diária no cotidiano e, infelizmente, provocando diversos transtornos de saúde mental


23/06/2023 06:00 - atualizado 23/06/2023 11:24
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Parte de quatro braços com peles de cores diferentes, se encontram com as mãos fechadas, lateralmente, momento em que avaliam como combater o racismo no Brasil, país com diversidade de etnias e classes econômicas
Parte de quatro braços com peles de cores diferentes, se encontram com as mãos fechadas, lateralmente, momento em que avaliam como combater o racismo no Brasil, país com diversidade de etnias e classes econômicas (foto: Freepik)

O racismo ainda segue como um grande problema social de comportamento e com forte influência no comprometimento da saúde mental. Infelizmente, ainda se trata de uma recorrente situação mundial. Você consegue imaginar toda a humilhação e constrangimento sofridos pelo jogador de futebol brasileiro, Vinícius Júnior e, como as ofensas o impactaram? As expressões e xingamentos desagradáveis contra o atleta provocaram uma onda de indignação em diversos países.

 

Centenas de pessoas e entidades se manifestaram pela internet, protestando ainda contra o absurdo e descaso das autoridades sobre esses atos agressivos de torcedores de times rivais do atleta.É preciso ressaltar que, o mais triste e preocupante em relação à saúde mental, é que o preconceito com pessoas pretas não está restrito à Europa. Lamentavelmente, o Brasil, país com o maior número de pessoas pretas fora da África (54% da população), ainda segue extremamente racista.

 

Até como uma mulher preta, me sinto à vontade para destacar a necessidade de se promover campanhas, alertando sobre o tema e estabelecer políticas para controlar o problema. Caso contrário, o governo terá de investir em projetos para cuidados com transtornos de saúde mental, provocados por essa situação que, ainda, não está fora de controle.

 

Finalmente, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) tomou uma atitude e resolveu iniciar uma campanha para combater o racismo e a violência. A ação prevê punição esportiva aos clubes envolvidos nesse tipo de escândalo. E, pela primeira vez, a entidade determinou o uso de um uniforme completamente preto no jogo amistoso contra a seleção de Guiné.

 

A verdade é que o desrespeito ao preto ainda é alarmante. O problema envolve, desde padrões culturais e, até mesmo, a questão de oportunidades profissionais. Mesmo séculos depois do fim da escravidão, o preto ainda segue sofrendo as consequências de uma marginalização violenta, sendo necessária a luta da raça pela da igualdade e da potencialidade.

 

A questão é porque um ser humano seria melhor que o outro, apenas por causa da cor? E, até que ponto, milhares ainda precisarão ser humilhados, desmoralizados, agredidos e, até mesmo, mortos pelo mesmo motivo? O que mais precisa acontecer para as pessoas mudarem sua mentalidade e que ações efetivas realmente sejam tomadas?

 

Lamentavelmente, o caso do jogador Vinícius não foi uma ocorrência isolada, pois a imprensa já divulgou várias situações semelhantes, como a morte brutal de George Floyd, durante uma ação policial em uma cidade nos Estados Unidos, culminando com o movimento "Black Lives Matter" (Vidas Negras Importam), em 2020.

 

É assustador, contudo, continua o preconceito entre milhares de pessoas, completamente enraizado em uma cultura, obrigando outros milhares de indivíduos a terem de lidar com provações diárias. Cabe a discussão se vidas pretas importam e porque importam? Importam, porque são vidas e, sendo vidas, devem ser respeitadas, têm de passar pela vida como normais. É preciso questionar, sim, porque seriam anormais? Só pela questão da epiderme? Só pela questão da pele? Só pela questão do diferente? Se a sociedade não está pronta para o diferente? O chamado diferente não tem de ser submetido à fragilidade, à imaturidade ou à indiferença, além das diversas situações que a competição coloca, pretos são humanos, apesar das diferenças. Diferenças há, sim, porém, desigualdade não deve haver.

 

 

O fato é que não existe melhor, nem pior. O que existe é o ser humano, então, por isso, a pessoa não pode ter menos valor por ser preta, branca, vermelha ou amarela. A maior frustração é que o preconceito ainda atinge, desde a cultura e estilo, até a questão da empregabilidade e oportunidades de carreira. O preto segue recebendo menos, menosprezado e com sua capacidade posta à prova, constantemente.

 

Os enfrentamentos dessa questão humana são iguais. O problema é que as pessoas não conseguem lidar com as diferenças. É essencial refletir e reconhecer os descendentes africanos na construção da sociedade e um lembrete pertinente é se deve percorrer um longo caminho para erradicar o preconceito. A questão é, o que é ser preto? É melatonina? Discussão interessante, mas o que precisa ser direcionado, realmente, é o posicionamento.

 

 

O preto luta veemente contra todo tipo de discriminação, que pode ser combatida e, até mesmo, por atitudes simples, como a representatividade pelo cabelo. Aí, o cenário brasileiro caminhará para a mudança e ampliação desse debate. A possibilidade de transformação ocorre aos poucos.

 

 

É também aos poucos, que tudo vai se modificando, sendo desconstruído e reconstruído. Pela força, pela resistência e pela presença do preto, cada vez mais forte na sociedade. Paulatinamente, ocupa espaços e vai tomando o que é seu por direito, equidade e liberdade social. Notoriamente, é uma luta diária e não pode ser pautada apenas , quando ocorre um fato envolvendo racismo. O preto é preto todos os dias. E, precisa lutar diariamente.

 

 

O cenário brasileiro caminha para a mudança com a ampliação desse debate e a iniciativa dos brasileiros afrodescendentes. O mais importante é conhecer a própria identidade. Quando você sabe quem é, está ciente de sua responsabilidade e o que veio para fazer neste mundo.

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