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Estado de Minas PADECENDO

A geração do quarto

Precisamos manter a conexão que vem da escuta e do diálogo. Precisamos ouvi-los. Estamos ouvindo nossos filhos?


03/04/2022 04:00 - atualizado 31/03/2022 11:32

Livro
Livro fala dessa geração que se afasta do convívio familiar (foto: Divulgação)

 
Garoto levando granada desativada para a escola, garoto matando mãe, irmão e deixando pai paraplégico, garoto esfaqueando colega na sala de aula. Citando três casos recentes que repercutiram na mídia. Apenas três, entre tantos.
 
Sou mãe de um menino que está prestes a completar 13 anos. Quando penso nesses outros meninos, tento entender o que os levou a tais atitudes. É muito fácil julgar, condenar. Difícil mesmo é tentar entender o que está por trás de cada história.
 
Fico observando os adolescentes saindo da escola quando vou buscar meu filho, aquele sol de meio-dia, um calor infernal e a galera saindo vestindo moletom. O que existe por trás dessa geração de adolescentes encasacados?

O que existe por trás dessa geração que, independentemente do clima, escolhe esconder os seus corpos ou ostenta um estilo incompatível com a realidade climática?

Moda não é algo supérfluo, ela diz muito sobre o comportamento, sobre a tribo que cada um escolheu para pertencer. Casacos ajudam a cobrir o corpo, as inseguranças, ou mesmo marcas, cortes. Adolescentes têm necessidade de pertencer e, em busca desse pertencimento, podem se colocar em risco.

Submergi no tema, levei para a análise, busquei livros, textos, vídeos. Então, recebi o novo livro do meu amigo querido Hugo Monteiro Ferreira, “A geração do quarto: Quando crianças e adolescentes nos ensinam a amar”.

Sinopse: O livro “A geração do quarto: Quando crianças e adolescentes nos ensinam a amar” é resultado de pesquisa sobre infâncias e adolescências feita em cinco capitais brasileiras. Mais de 3 mil crianças e adolescentes entre 11 e 18 anos foram ouvidos. Uma pesquisa de campo sobre a geração que nasce no final do século 20 e início do século 21 e que apresenta adoecimento emocional e mental.

No mundo, o suicídio é a segunda causa de morte de pessoas entre 15 e 29 anos de idade; o fenômeno da automutilação sem intenção suicida é um dos maiores problemas não declarados das redes de ensino, tanto pública quanto privada; a depressão e a síndrome do pânico, além do uso abusivo de álcool, a gravidez na adolescência e a prática sexual sem uso de preservativo são elementos que estão presentes no cotidiano de meninos e meninas violentados/as e violentos.

O livro tenta mostrar que não é mais possível fechar os olhos e silenciar-se diante do pedido de ajuda desse grupo social. Critica a ideia de que estamos diante de uma geração fracassada e termina com uma proposição: mais do que categoriza meninos e meninas, devemos ouvi-los/as, eles/elas têm muito a dizer.
 
Hugo Monteiro Ferreira é neuropsicólogo, professor da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Em 2015, ele criou o termo “geração do quarto”. A denominação foi dada a jovens e adolescentes que têm uma relação intensa com a internet, são solitários e, ao mesmo tempo, enfrentam dificuldades na família. Hugo é doutor em educação e escreveu vários livros, entre eles “Antônio”, “Benedito” e “Emílio ou Quando se nasce com um vulcão ao lado”, indicado para o Jabuti 2014 na categoria Juvenil.

"O quarto é a metáfora da família que não dialoga, mas grita; da escola que não acolhe, mas exige o desempenho das notas. É a metáfora da não escuta, do não diálogo, do não acolhimento e da dificuldade de dizer ‘não’." Humberto da Silva Miranda, doutor em história das infâncias como Hugo, escreveu: “Não é um livro de certezas fechadas, mas de incertezas propositivas, por isso passível de conversas dialógicas. Há um grupo de meninas e meninos, de 11 a 18 anos, frágeis emocionalmente, que demonstram sérios problemas de convivência entre os seus pares e também com os adultos com os quais convivem. Eles passam mais de seis horas por dia visivelmente isolados, o que demonstra profundo sofrimento psíquico”.
 
“A esse grupo de meninos e meninas chamei de ‘geração do quarto’, uma vez que têm uma característica comum: passam muito tempo dentro desse cômodo, com quase nenhuma interlocução com as pessoas que moram na mesma casa, muita dificuldade de dizer o que sentem e um potencial de violência contra si ou contra o outro muito intenso, muito forte.”
 
Devorei o livro e recomendo que todos os pais, professores e pessoas que lidam diretamente com crianças e adolescentes o leiam. O lançamento nacional vai ser em 7 de abril. Você consegue comprar na pré-venda, nas principais livrarias do país, também disponível no Kindle.

Enquanto seu livro não chega, aproveite para assistir ao novo filme da Disney Pixar, “Red: Crescer é uma fera”. A animação é pura adolescência, aquele momento em que os hormônios estão enlouquecidos. Quando estamos tentando descobrir nossa identidade e como as cobranças acabam gerando uma desconexão entre mãe e filha.
 
Todos nós precisamos fazer essa reflexão sobre como a forma como nós adultos vivemos leva à condição de fragilidade das crianças e dos adolescentes. Na busca pelo pertencimento, o amor dos pais precisa ser o porto seguro deles. Adolescentes precisam saber que estaremos zelando por eles. Somos a referência. Precisamos manter a conexão que vem da escuta e do diálogo. Precisamos ouvi-los. Estamos ouvindo nossos filhos?

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