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Estado de Minas coluna

Certas condutas escondem sentimento de inferioridade

Quanto mais inferiores nos sentimos, mais queremos mostrar superioridade


13/09/2020 04:00 - atualizado 13/09/2020 07:44


 
 
Nossos comportamentos, sobretudo no relacionamento com os outros, são frutos dos nossos sentimentos. Quando nosso coração está cheio de sentimentos negativos temos, em geral, comportamentos destrutivos, violentos, inadequados. E, ao contrário, movidas pelos sentimentos positivos, nossas ações serão construtivas, amorosas, integrativas.

O primeiro passo, portanto, para entendermos os procedimentos arrogantes, autoritários e opressor é tentar descobrir que sentimento negativo está por trás disso. Todas as condutas orgulhosas, megalomaníacas e de desprezo aos outros escondem um sentimento de inferioridade. Quanto mais inferiores nos sentimos, mais queremos mostrar superioridade. Na verdade, o complexo de superioridade é uma capa compensatória para a internalização de menos- valia. E como aparece na nossa vida essa sensação de menos valor, de se sentir por baixo?

Pessoas que sofreram processos de abandono na infância, que foram muito criticadas, que nunca aceitaram o próprio corpo, seja pela altura, pelo peso, por algum defeito físico, que sofreram abusos sexuais ou de violência física tendem ao sentimento de inferioridade. Um exemplo histórico disso é o caso do Hitler, ultrainferiorizado pela sua estatura física e sua origem pobre. Pessoas que não se amam tendem, por isso, à violência. E a forma mais comum da violência é o abuso do poder.

O orgulho e a arrogância aparecem normalmente no exercício do poder. Na pessoa inferiorizada, ao assumir algum mando, aparece de maneira contundente o medo de perder. E, por defesa, começa a atacar. Ora é o professor que manda e desmanda na sala de aula, humilhando os alunos. Ora é o marido que sempre está certo. Ora é o aluno que discute sistematicamente com os professores. Ora é o vendedor que trata mal os clientes.

Sempre a necessidade e o prazer de se sentir mais que as outras pessoas.

O contrário do orgulho é o sentimento da humildade. E aqui também reside uma confusão. Humildade não é me humilhar, me submeter, aceitar tudo que fazem contra mim. Humildade é, como diria Santa Tereza D’Ávila, a verdade. Sou eu ter consciência do meu verdadeiro tamanho e aceitá-lo, no bom e no ruim. O que estrutura a saída da arrogância é sabermos que somos todos SEMELHANTES. Cada pessoa é diferente da outra, mas enquanto gente, semelhante. Não existe ninguém superior ou inferior a outra pessoa, a menos que a comparemos nas suas “pequenas” diferenças.

Por que o rico seria superior ao pobre? Por que o negro seria superior ao branco? Por que o homem é superior à mulher? Todo preconceito é fruto do orgulho. Qualquer poder intelectual, financeiro, político, artístico me traz a obrigação de construir o mundo, de criar, de desenvolver, de ajudar. E nenhum poder me dá o direito de desqualificar, diminuir ou humilhar as pessoas. Todos nós, em maior ou menor grau, somos arrogantes e orgulhosos. E o nosso desafio é melhorar cada vez mais este traço, na medida em que ele é o principal responsável pelo fracasso nas relações, através da dominação, da posse, do controle, do autoritarismo que queremos exercer sobre os outros.

O medo de perder o poder, de perder a imagem de onipotentes que temos de nós mesmos nos leva a absurdos nos relacionamentos. Desde o grito amedrontador até a violência física. E o principal jogo nas relações orgulhosas é o jogo da razão. Nós, enquanto autoritários, sempre queremos ter razão. E não admitimos a discordância. Queremos que todos tenham a mesma percepção nossa da realidade, que pensem iguais a nós e que façam o que desejamos. Essa é a forma de o orgulhoso se sentir amado e valorizado, às custas da submissão e desqualificação do outro.

A própria cultura nos incentiva a isso. Não é raro ouvirmos frases, socialmente aceitas, que refletem o reforço à conduta desrespeitosa às diferenças: “Detesto pessoas burras”.“Detesto pessoas pobres” etc. Quando falamos isso, na verdade, detestamos a natureza humana, com suas imperfeições e dificuldades. Detestamos a nossa própria inferioridade, ao nos comparar com um modelo ideal de como deveríamos ser.

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