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Rigidez e teimosia


postado em 15/03/2020 04:00 / atualizado em 11/03/2020 17:42


''Sou sistemático, muito rígido e teimoso, sofro muito quando minhas ideias são contestadas. Por isso estou sempre em atrito com os outros''

Geraldo, de Belo Horizonte



Do ponto de vista de vida, das relações e dos comportamentos, podemos nos identificar como um dos dois elementos da natureza: a água ou o diamante. A água é flexível, fluida, plástica, altamente adaptável ao ambiente e, sendo inodora, insípida e incolor, recebe qualquer cor, qualquer gosto e qualquer cheiro. Interage com o meio, liga-se imediatamente ao contato com outra água e é essencial à vida.

O diamante é rígido, duro, corta todos os outros elementos e não é cortado por nenhum, não se liga a outro diamante, é inflexível e não suporta nenhuma mancha, é do tipo “quebra, mas não enverga”, é ligado à imagem e não é essencial à vida. Talvez isso sirva para nos ensinar que a principal virtude no relacionamento entre as pessoas é a flexibilidade.

Qualquer rigidez no pensar, no agir, no ver o mundo é uma espécie de teimosia. O teimoso tem um apego excessivo às próprias opiniões, aos próprios gostos, nunca admitindo a sua imperfeição humana. A convivência com pessoas que sempre querem ter razão, que sempre estão ditando regras para os outros, sempre ensinando, traz um grau excessivo de insatisfação e desgaste.

Uma relação que exige diálogo supõe obviamente pessoas com pontos de vista diferentes, procurando a verdade e não a supremacia sobre o outro. Considerar a relatividade dos pensamentos, incluindo os nossos, nos faz considerar as diferenças entre as pessoas. A ideia autoritária de que todos os membros de uma família, de uma equipe, de um casal devem pensar igual nos leva a entender como inimigo as pessoas que discordam de nós.

A rigidez nos leva a desrespeitar a individualidade de cada um, querendo que todos vejam o mundo da nossa forma e tenha os mesmos valores que nós. Daí nasce o desejo de controlar e dominar os pensamentos, sentimentos e ações dos outros. Respeitando nossa individualidade, nossa unicidade, aprendemos a respeitar a singularidade daqueles com quem nos relacionamos.

Cada pessoa tem seu jeito, seu caminho, seu ritmo, seus gostos, sua forma específica de ver o mundo e a relação amorosa começa quando aceitamos o outro existindo diferente de nós. O amor é a convivência harmoniosa dos diferentes. Eu só posso amar no meu filho, na minha mulher, no meu marido, no amigo aquilo em que eles são diferentes de mim. No que eles são iguais a mim eu estou me amando, não eles.

O teimoso, o fanático, o rígido é aquele que sempre tem certeza e se estrutura nos excessos. Assim, a rigidez nas atitudes significa constantemente o contrário do que a pessoa diz. Pessoas muito puritanas e moralistas escondem desejos sexuais reprimidos. Excessos de bondade escondem agressividades mal trabalhadas. Excessos de dominação escondem fragilidade interna e sentimentos de inferioridade. Os erros são inevitáveis na trajetória humana.

É da natureza do homem errar e é através dos erros que crescemos, avançamos e criamos. Aceitar com suavidade os próprios erros, os próprios limites, a própria contingência humana é o principal caminho para nos flexibilizarmos diante do outro. Considerar a multiplicidade do mundo, a adaptabilidade da natureza, a paciência com as diferenças nos dará uma vida mais harmoniosa e menos sofrimento. 

Qualquer relação amorosa só será feliz se perdermos um pouco de nossa rigidez. Quanto mais vivos, mais somos flexíveis. Quanto mais mortos, mais rígidos.

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