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Pressão e frustração

Do alto da nossa onipotência, estamos sempre achando que o mundo existe para nos satisfazer e que nunca podemos ser contrariados%u2019


postado em 09/02/2020 04:00


 “Sou casado, tenho duas filhas, me sinto pressionado pelo excesso de trabalho, por problemas financeiros, pelas cobranças de todos os lados. Fale um pouco sobre esse assunto.”

Carlos Alberto, de Contagem
 
 
 
 
(foto: gerd altmann /Pixabay)
(foto: gerd altmann /Pixabay)
 

Durante nossa existência, fomos, somos e seremos surpreendidos com um mundo que acontece diferente do que nós gostaríamos. A todo instante nos deparamos com dificuldades e desapontamos. Vez por outra, nos deparamos com a perda de alguém que amamos, com o fracasso no vestibular, com alguma derrota profissional, com o desemprego, com uma traição, com alguma doença grave etc.
 
Tudo isso nos causa irritação, tristeza e nos sentimos impotentes. É a sensação de frustração diante das perdas ou da ameaça de perder. Se olharmos para a nossa vida e a das outras pessoas, veremos que o fenômeno mais constante é exatamente a perda e a frustração decorrente dela. Desde a perda do útero materno, dos seios da mãe, do conforto do lar ao ir para a escola, das decepções amorosas na adolescência, dos problemas profissionais, financeiros ou de saúde. O problema, portanto, não é a frustração. É como nos colocamos diante dela.
 
Algumas pessoas reagem melhor que outras às frustrações da vida. Enquanto umas toleram graves situações, apesar da tristeza e partem para novas conquistas, outras, à menor dificuldade, se recolhem e ficam prostradas. Há algumas coisas em comum para as pessoas desse segundo tipo.
 
Em primeiro lugar, a facilidade para levar a sério as próprias fantasias. É a luta “entre a realidade” e os “deverias torturadores” da nossa cabeça.
 
– Se eu era uma esposa tão boa e dedicada, não “deveria” ter sido abandonada.
 
– Se eu estudei tanto “não deveria” ter perdido o vestibular.
 
– Se eu... não deveria...
 
Aprender a ver e lidar com as situações reais e gastar menos energia em lamentar as coisas, enfatizando como deveriam ser.
 
Em segundo lugar, a sensação de injustiça que acompanha as pessoas quando se frustram. Essa sensação de injustiça é fruto de nossa vaidade, de nos levarmos a sério demais, de nos atribuirmos uma importância que na verdade não temos diante da vida e do Universo. Do alto de nossa onipotência estamos sempre achando que o mundo existe para nos satisfazer e que nunca podemos ser contrariados. Nos momentos de frustração, é muito comum, além da raiva, às vezes descontrolada, a pessoa se perguntar: “Por que comigo?”. Se entendermos que a vida não privilegia ninguém; se contemplarmos a semelhança humana na imperfeição e nas perdas durante a vida, a verdadeira pergunta diante dos obstáculos seria mais humilde: “Por que não comigo?”.
 
E em terceiro lugar, o sentimento de culpa, sempre presente na frustração. O que mais dói, nesse momento, é o desconforto interno por nos sentirmos culpados pelo que ocorreu ou está ocorrendo.
 
Ninguém tem domínio total sobre a realidade. Muitos acontecimentos que ocorrem não dependem de nossa competência ou habilidade. Aceitar a nossa impotência diante de determinados fatos é melhor que nos acusarmos por eles.


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