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Amar exige um certo compromisso


postado em 28/11/2019 04:00 / atualizado em 29/11/2019 17:12


“Sou casada há 14 anos e sinto uma certa frieza na relação com meu marido. Tanto da parte dele quanto da minha. Será que vale a pena uma relação em que o amor não está tão forte quanto era antes?”
Joana, de Belo Horizonte
 
 
 
 
A vida humana, como em toda natureza, é cíclica. Da mesma forma que as estações do ano se revezam em primavera, verão, outono e inverno, nós e nossas relações podemos passar por momentos de alegria, entusiasmo, moderação e esfriamentos.

Todos nós aspiramos por relações sólidas, estáveis, fortes. Em um relacionamento, principalmente conjugal, nosso grande desejo é estar unidos e integrados. Para isso, é fundamental o compromisso mútuo. Não à toa que simbolizamos a união afetivo-sexual com as alianças. Aliança é um pacto. É comprometimento. Obviamente que, como tudo na vida, as relações podem terminar. Elas também padecem, na sua essência, da transitoriedade da vida humana. Há, porém, uma grande distância entre esse fato e a fragilidade das relações sem um profundo envolvimento. Mas qual a natureza desse compromisso? O primeiro deles é o compromisso com a outra pessoa tal qual ela é, com suas singularidades e suas diferenças.

Muitas pessoas se casam com uma imagem de como a pessoa “deveria ser”. Isso não é um verdadeiro compromisso e, com o tempo, a pessoa se frustra e se desencanta com o outro. Outro compromisso fundamental é com o relacionamento: saber que o relacionamento deve ser cuidado e aperfeiçoado. Fazê-lo cada vez melhor. Fortalecer o relacionamento por meio de um tempo comum, de divertimentos comuns, de conversas descontraídas. Outro compromisso é com os objetivos comuns: casar, morar juntos, ter filhos, partilhar despesas, se apoiar mutuamente etc.

O grande problema no casamento é que a maioria dos casais não se compromete nem com a outra pessoa nem com a relação nem com os objetivos, mas apenas com o amor. À medida que nossos sentimentos são cíclicos, o compromisso apenas com o amor fragiliza a relação. O amor muda de intensidade em algumas épocas da vida. Como todo sentimento, tem altos e baixos e não podemos confundir algum período de “menos amor” com o fim do casamento. Com a fantasia de que o amor deve permanecer sempre do mesmo jeito, os casais sentem muita culpa quando percebem que esse sentimento não está intenso. É como se estivessem errados por não vivenciar todo o fogo que tinham antes.

As pessoas não sabem que existem outros sentimentos que contrabalançam e justificam um casamento: companheirismo, admiração, solidariedade, amizade, respeito etc. A idealização romântica, as fantasias e os mitos a respeito do amor e do casamento tornam muita união conjugal, que tem tudo para ser prazerosa, verdadeiro inferno. Se o verdadeiro objetivo da nossa vida é a felicidade, o que justifica plenamente uma relação afetiva é ser feliz e querer ajudar o outro também a ser feliz. Viver o amor possível e não o amor imaginado. A frieza que aparece em muitos casais é fruto do amor romântico, da supervalorização da paixão, em vez de se privilegiar o compromisso. O problema é que as pessoas, cada vez mais, têm medo do envolvimento e do compromisso. O medo de sermos controlados, de nos aprisionarmos, de sermos sufocados tem fragilizado as relações.

Respondendo à pergunta da leitora acima, acho que vale muito a pena uma relação na qual o amor não está tão forte como era antes, se houver o compromisso mútuo entre as pessoas, se houver compromisso com a relação e com os objetivos comuns e, sobretudo, o compromisso com a administração da alegria do casal. Quando há um compromisso apenas com o amor, a pessoa permanece com a outra enquanto o sentimento durar. Quando, por qualquer motivo, o sentimento entra em uma fase menos intensa, cada um se isola e, literalmente, “abandona” o outro.

As ameaças constantes de separação, o tal de dormir em camas separadas, o não dar nenhuma satisfação à outra pessoa, o não ter nenhuma atividade em comum, a falta de intimidade e a dificuldade em partilhar os mundos de cada um é que acabam com o casamento. A falta de compromisso é que mata a relação conjugal, e não a eventual diminuição do amor. É um grande engano achar que o amor, da maneira que nos ensinaram, é o único responsável pelo fracasso ou sucesso da união afetiva.

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