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Estado de Minas BRASIL S/A

Uma realidade sinistra no Brasil

Banalização da pandemia pelo governante revela a causa profunda da maldição do subdesenvolvimento


02/05/2021 04:00 - atualizado 08/05/2021 22:10

(foto: Marcos Corrêa/PR )
(foto: Marcos Corrêa/PR )
 
De 12 de março de 2020, dia da primeira morte oficial por COVID-19, a abril, passaram-se 13 meses, 403 mil mortes, e contando, 15 milhões de infectados, milhares de doentes com sequelas, economia arrasada, e omissões seriadas impostas ao governo pelo presidente que ainda hoje não reconhece a gravidade do vírus, jamais visitou um hospital nem dirigiu palavras amáveis às famílias enlutadas em todo o país.

A marca fúnebre de mais de 400 mil vítimas coincidiu com o dia da live em que Jair Bolsonaro se dirige a seus apoiadores pelas redes sociais. Falou de nióbio, de grafeno, mineração em terra indígena, distribuiu acusações aleatórias, como se fosse animador de programa policialesco e não alguém obrigado pela função a pedir investigação se soubesse de algum ilícito, mas não manifestou nenhum sinal de angústia pela tragédia da pandemia, esse horror anunciado.

Não se encontra sozinho na indiferença. Pela franquia escancarada a deputados e senadores para atacar o orçamento federal, desviando para suas emendas paroquiais até despesas obrigatórias com a saúde e aposentadorias, ele arrebanhou apoiadores entre partidos que até um ano atrás acusava de corruptos – tal como afirmou sem sofismas para se eleger presidente.

Também encontrou em setores da economia, especialmente no mercado financeiro, apoio, que agora se desmancha, ainda que não faltem comensais dispostos a aplaudi-lo em jantares e almoços arranjados com alguns supostos plutocratas.

Tudo em nome da preservação de reformas econômicas prometidas por um ministro que se revelou aos que o desconheciam, ou simulavam não conhecer por conveniência, um extremista de direita disfarçado de liberal apenas um pouco mais culto que os seguidores de Bolsonaro.

Se a algo tem servido este tempo trevoso, a exposição do caráter insensível e alienado de parte da sociedade é a mais berrante. Vem de longe, quiçá da formação da nação, esse traço a ser enfrentado.

Hoje, três realidades nos tomam a atenção. A pandemia é o assunto dominante, obviamente, secundada pela desastrosa ou macabra atuação do governo, sobretudo quanto à aquisição de vacinas no tempo certo, que não houve. A sequela dessas ações e omissões abre a realidade de que logo mais começará outra campanha eleitoral sem que tenham despontado opções entusiasmantes. A última realidade é a de sempre: o que fazer? Talvez antes de nome, construir um plano de redenção.

2018 foi o 7x1 da política

Da primeira realidade se ocupará a CPI aberta no Senado com o fim de apurar suas entranhas, se os senadores se preocuparem de verdade com a sorte de seus constituintes. Três deles entre 11, um do Dem, outro do PL, um terceiro do Podemos, já mostraram a quem servem.

Entre servir ao eleitor do estado que representam na chamada “Casa da Federação” ou ao Executivo a que cabem fiscalizar por obrigação constitucional, escolheram o lado “pagador” e “provedor”.

A segunda realidade lembra a Seleção goleada por 7 a 1 na Copa de 2014. Entrou em campo calçando salto alto e saiu humilhada – como os candidatos de centro na eleição de 2018. Estavam certos de que a expulsão de Lula pelo juiz da Lava Jato (agora anulada pelo STF) faria quem mais desancasse o PT correr para o abraço. Não avaliaram a vontade do eleitor, que ainda assim deu 47 milhões de votos no 2º turno a Haddad, 10 milhões a menos que a Bolsonaro.

Considerando que as abstenções e votos brancos e nulos apontaram 42,3 milhões de insatisfeitos com tais opções, é justo supor que a maioria queria algo diferente. À falta do que aspirava, dividiu-se entre o que já conhecia com o candidato de Lula, não bem do PT, e o rumo ao desconhecido. 2018 foi o 7 a 1 da política.

Estamos outra  vez no limbo

Outra vez estamos no limbo, agora não só turvado pela sensação de frustração devido à corrupção sistêmica, que a Lava Jato conseguiu singularizar em Lula, embora fosse da política em geral amasiada ao lado podre e difuso da economia. Hoje, a marca da morte por erros e omissões se faz presente, e não será esquecida até as eleições.

Esse é um drama mundial, mas mais cruel onde há chefes narcisistas e senhoriais – EUA de Trump, Índia de Narendra Modi, Brasil...

Tanto como satisfação às famílias destroçadas quanto aos milhares de desempregados e pequenos empresários falidos, a expectativa que se avizinha é a de que o sofrimento possa ser, se não redimido, ao menos abrandado pela esperança de tempo melhor – um baita desafio.

Foi o que fez Joe Biden confiar mais na sua intuição para derrotar Trump e, eleito, ignorar os conselhos dos economistas que avoam em torno do seu Partido Democrata como mosca de açougue e ir buscar no Novo Pacto do pós-guerra de Franklin Roosevelt a inspiração para um país estraçalhado pelo ódio, ressentido pela perda de status de sua grande classe média e desafiado pelo poder ameaçador da China.

Como roda girando em falso

O que nos ameaça são décadas de descaso com a maioria da população – os dois terços com renda familiar total de até cinco salários mínimos, metade deles até 2SM. É o resultado de políticas focadas em objetivos monetários e fiscais desconectados do desenvolvimento.

Fossem voltadas ao conjunto da sociedade, pobres e ricos, e já teria sido implantada a digitalização de cadastros seja de CPF, seja de CNPJ. Ninguém se espantaria com a quantidade do que Paulo Guedes chamou de “invisíveis”, nem se alegaria como essência de uma reforma tributária a busca de sua simplicidade.

Também não se poria todo o esforço da gestão orçamentária sobre o gasto, se a métrica de controle é dada pela relação entre a dívida pública bruta e o PIB. Ela está em 89,1%, ou mais razoáveis 61,3% do PIB, abatendo-se ativos do Tesouro como as reservas de divisas.

O que importa é que não só o gasto influencia tal relação, já que o crescimento do PIB é parte da equação. Dele só falam platitudes.

E assim estamos como roda girando em falso, refém das utopias que desprezam o papel do Estado como indutor da riqueza empresarial e das famílias e das decisões provincianas de políticos sem senso de nação nem visão sobre o que determina o progresso.

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