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Estado de Minas ANNA MARINA

Alta-costura abre espaço para a ousada moda masculina contemporânea

Estilistas Rahul Mishra, Thom Browne, Ronald van der Kemp e Charles de Vilmorin voltam à cultura do século 18, quando reis e aristocratas não temiam se exibir


15/08/2023 04:00 - atualizado 14/08/2023 23:02
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Modelos masculinos no desfile de Rahul Mishra na Semana de Paris
Propostas do estilista indiano Rahul Mishra para o homem do século 21 (foto: Bertrand Guay/AFP)

A elegância masculina teve tempos de muito capricho, quando eles usavam ternos formais e tradicionais. Depois chegou a era do jeans e camiseta e o chique descambou. 


O indiano Rahul Mishra apresentou homens pela primeira vez na sua passarela na Semana de Moda de Paris, em julho, embora já tivesse feito isso em seu país de origem. 

“As jaquetas e os casacos não foram feitos com essa intenção, mas quando chegamos aqui, ajustamos para os tamanhos dos meninos e ficaram incríveis”, explicou o estilista.

Se travestis se vestem como mulheres há décadas, nesta Semana parisiense houve esforço para incorporar detalhes ao vestuário de um homem cada vez mais metrossexual.

 “Há mais homens que se permitem fantasia e sedução. É o retorno à cultura do século 18, quando os reis e os aristocratas não tinham medo de se exibir”, declarou Pierre Alexandre M’Pelé, diretor editorial da respeitada revista GQ France.

Os atores Jared Leto, Billy Porter e Timothée Chalamet são símbolos desta tendência. 

O americano Thom Browne e o francês Charles de Vilmorin, que estrearam na Semana de Moda de Paris, misturaram os gêneros da forma mais natural possível.

“Na vida real, há muitos homens que se vestemcom  alta-costura”, declarou Charles de Vilmorin, de 26 anos.

 “Amo as pessoas que têm personalidades verdadeiras, que são autênticas”, afirmou Ronald van der Kemp, que trabalha com modelos masculinos em seus desfiles desde 2014, quando fundou sua casa.

A proposta deste holandês é alta-costura reciclável, com roupas usadas. Seu estilo é exuberante, com looks que invocam a transexualidade.

“A fluidez de gênero tem seu espaço na alta-costura. Chegou o momento”, acredita o estilista francês Julien Fournié. 

Ele levou para a passarela Romain Brau, ator e destaque LGBT na França, com tiara na cabeça e crinolina (estrutura rígida para dar volume às saias) na cintura. Já as mulheres tinham aparência militar.

“Na próxima temporada, eu talvez coloque mais rapazes heterossexuais. Os homens heterossexuais querem se vestir com alta-costura”, garantiu o estilista francês.

“Os que têm poder aquisitivo vão a Londres para fazer um smoking. Querem sofisticação, bordados, detalhes em couro gravado”, explicou Fournié.

Já seria possível pensar em uma Semana de Alta-Costura exclusivamente masculina?

 “Não iria tão longe”, pondera Serge Carreira, professor da faculdade de ciências políticas que se especializou no mercado de luxo. 

Ainda não chegamos a isso, mas em alguns anos, por que não?”, estima Pierre Alexandre M’Pelé, o diretor da GQ France.

Aliás, Dolce & Gabanna já realiza desfiles de alta-moda e alta-alfaiataria (trajes feitos sob medida) para “os que desejam se destacar e têm meios para isso”, conforme explicam fontes da marca italiana.

Enquanto esse é o cenário  na Europa, há um problema  em BH: os alfaiates que faziam ternos de homens que queriam roupas diferentes estão acabando. Os poucos que sobreviveram vêm lutando para conseguir auxiliares. 

Na verdade, o que o homem deseja atualmente, acredito, é entrar na loja, experimentar e comprar o seu terno.

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