(none) || (none)
Publicidade

Estado de Minas ANNA MARINA

Remédio para diabetes tipo 2 é testado para o combate à obesidade

Estudo mostrou que pílula contendo 50 mg de semaglutida, combinada com dieta e atividade física, ajudou na perda de peso. Mas há contraindicações


14/07/2023 04:00 - atualizado 14/07/2023 00:53
699

 
Mulher derrama pílulas de remédio na palma da mão
Uso de comprimido para diabetes para a perda de peso deve ser monitorado pelo médico (foto: Reprodução)

Quando eu pesava pouco mais de 45kg, o dono do Santa Maria me convenceu a fazer tratamento de choque com insulina para engordar. Durante um mês inteiro, ia ao hospital pela manhã, tomava a insulina e, passado o efeito, voltava para casa. Engordei uns 5kg, que foram embora em pouco tempo. Atualmente, tenho de tomar insulina diariamente para combater o diabetes. E o ponteiro da balança não tem me dado a menor alegria.


Fui ao médico que me trata há anos, Walter Caixeta, e, entre as dúvidas, perguntei se poderia tomar aquelas injeções na barriga que emagrecem horrores. Sobrinho meu, barrigudo, emagreceu 11kg na primeira injetada. O doutor Caixeta não recomendou, principalmente por causa dos efeitos colaterais.


Chego ao jornal e encontro no meu computador e-mail informando sobre a versão do Ozempic, em pílula, que combate a obesidade e pode ajudar a emagrecer até 15kg. Na verdade, o remédio é recomendado contra a obesidade, que felizmente não é meu caso, mas vem sendo utilizado por quem precisa emagrecer.


Problema global, a obesidade se tornou doença crônica de extrema relevância e uma das principais causas de câncer. Nesse cenário, a comunidade médica busca soluções eficazes para combater o excesso de peso.


O e-mail que recebi informa que a pílula do medicamento Ozempic, originalmente aprovado para o tratar diabetes tipo 2, mostrou resultados em relação à perda de peso. A semaglutida, substância ativa presente nesse remédio, tem a capacidade de agir no sistema nervoso central, inibindo o apetite e aumentando a sensação de saciedade.


A farmacêutica Novo Nordisk, responsável pelo desenvolvimento do medicamento, informa que conduziu ensaio clínico com ele. A pílula experimental com alta dosagem de semaglutida, segundo a empresa, auxiliou adultos com sobrepeso ou obesos a alcançarem a perda de 15% de seu peso corporal.


A médica nutróloga Letícia Lucas diz que o uso de medicamentos para emagrecer deve ser supervisionado por um profissional de saúde. Afinal de contas, o medicamento não é aprovado especificamente para este fim, mas para diabetes.


Além disso, o remédio pode apresentar efeitos colaterais e não ser adequado para todos os pacientes. É fundamental a pessoa conversar com o médico para discutir os riscos e benefícios desse medicamento, além de avaliar outras opções de tratamento para emagrecer.


O uso indevido da semaglutida traz riscos. Pode causar hipoglicemia (baixa de açúcar no sangue), náuseas, vômitos, diarreia, pancreatite e aumento do risco de câncer de tireoide.


“Portanto, é fundamental nunca utilizar a semaglutida sem prescrição médica, especialmente se o paciente possui histórico de pancreatite, câncer de tireoide, doenças renais ou hepáticas”, destaca Letícia Lucas.


A versão oral da semaglutida, comercializada sob o nome de Rybelsus, está disponível para o tratamento do diabetes tipo 2. No entanto, a dose máxima atualmente aprovada é de 14 mg. Já a nova droga experimental foi testada em dose de até 50 mg.


Com base nesses resultados, a Novo Nordisk informa que planeja solicitar a aprovação regulatória do remédio nos Estados Unidos e na Europa ainda este ano.


De acordo com a empresa, o estudo foi realizado em 667 adultos com sobrepeso ou obesidade. Após 68 semanas de tratamento, aqueles que receberam a dose de 50 mg de semaglutida, combinada com dieta e atividade física, alcançaram, em média, perda de 15,1% do seu peso corporal. Já quem recebeu placebo e seguiu o estilo de vida recomendado pelos pesquisadores teve perda de peso de apenas 2,4%.


Especialistas reiteram que a perda de peso segura e sustentável deve ser feita com acompanhamento médico e adoção de hábitos saudáveis, como alimentação equilibrada e a prática regular de exercícios físicos. A automedicação pode acarretar efeitos colaterais graves e, em alguns casos, fatais, advertem eles.

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)