
Aposta segue alta depois de recorde
Após alcançar resultado histórico em 2024, exportações do agronegócio ensaiam novos saltos neste ano. O mercado emergente de café na China é um dos alvos
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Siga noDepois do recorde histórico consolidado em 2024, as expectativas são altas neste ano para as exportações do agronegócio mineiro. A grande aposta se mantém no café, especialmente diante do crescimento da demanda pelo produto no mercado chinês, avalia o secretário-adjunto de Estado da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Seapa-MG), João Ricardo Albanez. As expectativas se estendem também para as vendas de carnes, especialmente a bovina, com o fim da vacinação contra febre aftosa no Brasil.
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Com um mix de 644 diferentes produtos, as exportações do agronegócio mineiro alcançaram o valor recorde de US$ 17,1 bilhões no ano passado. Segundo a Seapa, esse foi o melhor resultado das vendas externas dos produtos agropecuários em toda a série histórica, computada desde 1997. Os números foram puxados pela valorização no preços e aumento da demanda pelo café.
O produto deve continuar na liderança e ainda expandir sua presença, especialmente no mercado asiático, aposta o secretário-adjunto, ao avaliar que a China deve seguir aumentando a compra das commodities mineiras.
"Ano a ano as exportações de café para a China vêm aumentando. Os jovens lá estão criando hábitos (de consumo) ocidentais em cafeterias e esse é um mercado que vai crescer. Para nós, é de extrema importância que o café alcance esses nichos de mercado”, disse, ressaltando ainda que a China é o principal importador do agronegócio mineiro. No ano passado, 24% das receitas de exportação do agronegócio mineiro vieram da China. No caso do café, cita, a maior parte, por ora, vai para os Estados Unidos, Alemanha, Bélgica, Itália e Japão. “À medida que abrimos para um novo mercado asiático, temos uma oportunidade, que vem sendo trabalhada, para os produtores de café", avaliou.
Sozinho, o café foi responsável por US$ 7,9 bilhões exportados. O volume chegou a 31 milhões de sacas. Apesar dos problemas climáticos que atingiram boa parte do Brasil, inclusive Minas Gerais, no ano passado, Albanez lembra que outros países também sofreram com o clima, o que contribuiu para um aumento no preço do produto no mercado internacional. "Alguns países (produtores) tiveram problemas climáticos como o nosso. Com isso, o café teve uma valorização significativa no ano passado (…) Temos uma redução na produção, mas isso é fator de aumento de preço pela especulação em torno do abaixamento dos estoques. Você melhora o preço devido à (escassez da) oferta", analisou.
O bom desempenho do café, carro-chefe das exportações do agro mineiro, foi fundamental. A valorização da moeda americana e a redução dos estoques dos principais países produtores puxaram para cima a cotação na bolsa, influenciando o cenário de comercialização. Em 2024, o café registrou seu melhor desempenho em receita e volume embarcados com US$ 7,9 bilhões e 31 milhões de sacas. A commodity representou 46,1% do total comercializado no ano passado.
OUTROS ITENS
Outros itens, como a soja, o setor sucroalcooleiro, carnes e produtos florestais, como celulose, madeira e papel, também tiveram desempenho destacado e, junto com o café, representaram mais de 90% das exportações mineiras durante o último ano. Entre os citados, apenas a soja teve redução em relação a 2023, quando as vendas foram de US$ 3,5 bilhões, mas, segundo Albanez, a situação se deveu a uma queda mundial no preço das commodities.
Os produtos apícolas, como mel e própolis, também registraram aumento nas exportações, com receitas de US$ 22,3 milhões em 2024, contra R$ 14,1 milhões em 2023.
Apesar da redução nas importações do grão pela China e Tailândia, que impactaram negativamente as receitas, o complexo soja (grão, farelo e óleo) fechou o ano com aumento do volume embarcado, impulsionado pelo farelo. A receita desse item acumulava de 9%, num valor de US$ 230 milhões, até novembro. No balanço final, as receitas totais do complexo da soja presentaram queda de 10,2%, enquanto o volume embarcado subiu 7,1%. O resultado foi de US$ 3,2 bilhões e 7,2 milhões de toneladas.
O complexo sucroalcooleiro manteve-se na 3º posição, entre os principais produtos do agro, com a marca de US$ 2,5 bilhões em seu melhor resultado histórico, e 5,2 milhões de toneladas. O setor de produtos florestais atingiu o recorde em receita de US$ 1,1 bilhão e 1,7 milhão de toneladas. Outros segmentos também avançaram nas exportações, com destaque para produtos hortícolas, couros, fibras e produtos apícolas.
Todas as proteínas (bovina, frango e suína) obtiveram crescimento em receita e volume. O setor alcançou US$ 1,7 bilhão e 502 mil toneladas.
De acordo com Albanez, a expectativa é de melhora também nas exportações de carnes, mais especificamente a bovina, já que, com fim da vacinação contra febre aftosa, o Brasil deve receber o certificado de país livre da doença pela Organização Mundial de Saúde Animal. Essa documentação é fundamental para que alguns países da União Europeia comprem a proteína brasileira.
"Estamos otimistas frente aos resultados que colhemos no ano passado e a perspectiva é boa", reforçou Albanez. Ele ainda destacou que as plantações mineiras estão seguindo o caminho esperado. "A safra se iniciou agora. Tem havido muitas chuvas, mas nada que afete e altere a produção. Estamos otimistas com a nossa safra”, disse, ressaltando que “as culturas ainda estão em desenvolvimento."
DRIBLE NA MINERAÇÃO
Com o bom desempenho de 2024, as exportações do agronegócio de Minas Gerais superaram em 2,5% a receita da mineração, segmento tradicionalmente dominante nas vendas externas do estado, que alcançou US$ 15,7 bilhões no ano passado. No acumulado de janeiro a dezembro, a receita teve acréscimo de 19,2%, na comparação com o mesmo período de 2023. Os embarques de produtos agropecuários de Minas Gerais representaram cerca de 42% da pauta mineira de exportação. Além do valor, o volume cresceu 8%, com o embarque de 17 milhões de toneladas, também se destacando como o maior já comercializado.
Além disso, o estado ampliou sua participação em mercados importantes, como a União Europeia e foi o principal fornecedor de produtos do agro brasileiro, com US$ 4,4 bilhões, superando o estado de São Paulo.
No último ano, o agronegócio mineiro conseguiu colocar seus produtos em 175 países. Os principais destinos foram a China (US$ 4,1 bilhões), Estados Unidos (US$ 1,9 bilhão), Alemanha (US$ 1,4 bilhão), Bélgica (US$ 788 milhões) e Itália (US$ 726 milhões).
No ranking nacional dos estados exportadores de produtos agropecuários, Minas Gerais subiu uma posição e agora ocupa o quarto lugar, ultrapassando o Rio Grande do Sul, em que pese a situação as dificuldades enfrentadas pelo agronegócio naquele estado, atingido por catástrofe climática no ano passado.
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Na avaliação do Secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Thales Fernandes, o agronegócio mineiro vem mostrando, cada vez mais, a sua força e importância para o estado como fonte geradora de emprego, renda e alimentos de qualidade para o Brasil e o mundo. “Os números consolidam o estado como uma potência no setor agropecuário. Esse resultado é fruto do trabalho comprometido dos produtores rurais, que contam com o apoio do governo de Minas, por meio da atuação da Secretaria de Agricultura e as vinculadas Emater, Epamig e Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) na execução de políticas públicas que fortalecem o setor”, disse à Agência Minas.
Os números impressionam ainda mais quando comparados ao recorde anual anterior, registrado em 2022, de US$ 15,3 bilhões. Antes mesmo da contabilização dos resultados de dezembro, o agro mineiro já havia superado essa marca em 2024, com uma média mensal superior a US$ 1,4 bilhão, que se manteve até o fim do ano. A taxa de câmbio nominal mais alta também contribuiu para o excelente desempenho.
Embora café, produtos do complexo sucroalcooleiro e carne bovina continuem sendo os principais expoentes das exportações, a diversificação da produção tem sido um fator decisivo para o sucesso. Novos produtos, como sementes, sêmen bovino, queijos, iogurte, leite condensado, batatas preparadas, água de coco, tapioca, cogumelos, inhame, azeitonas e grão de bico, vêm ganhando espaço no mercado internacional.