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Estado de Minas

Oásis entre prédios, Parque Municipal nasceu antes de BH

Dois meses e meio mais velho do que a capital, o parque municipal, no coração da cidade, recebe pelo menos 300 mil visitantes por mês e abriga fauna e flora bastante diversificadas


postado em 15/12/2012 06:00 / atualizado em 15/12/2012 07:19

 O Parque Municipal, com 280 espécies de árvores nativas e três lagos abastecidos por nascentes, tornou-se atração e cartão-postal da cidade(foto: Juarez Rodrigues /EM/D.A Press )
O Parque Municipal, com 280 espécies de árvores nativas e três lagos abastecidos por nascentes, tornou-se atração e cartão-postal da cidade (foto: Juarez Rodrigues /EM/D.A Press )


O Parque Municipal de Belo Horizonte continua lindo, charmoso e atraente nos seus 115 anos e 76 dias. Ele é um pouquinho mais velho que a cidade. Nasceu por decisão do engenheiro Aarão Reis, integrante da comissão construtora, que se instalou na antiga Curral del-Rei em 1895, para elaborar, desenhar e tornar real a então futura capital de Minas Gerais. O local escolhido para a construção da área de lazer da população foi a chácara da família de Guilherme Vaz de Mello. O projeto original do patrimônio ambiental mais antigo de BH ficou a cargo do arquiteto-jardineiro francês Paul Villon. E pelos resultado, mais de um século depois, não há dúvida de que a escolha foi acertada.

Paulo Villon achou uma chácara rica em nascentes e um solo propício à recepção de uma variedade de mudas de espécies vegetais. O arquiteto-jardineiro tinha à disposição 555 mil metros quadrados para trabalhar e dar asas à imaginação. Para entender o tamanho do terreno, tomam-se como referência o quadrilátero formado pelas Avenida Afonso Pena e Francisco Sales (antiga Araguaia), Alfredo Balena (ex-Mantiqueira) e Assis Chateaubriand (ex-Tocantins). O que o francês não sabia é que a partir de 1905 o processo de urbanização e ocupação comeria grande parte da área.

Um dos divisores da área foi a Estrada de Ferro Central do Brasil (depois denominada Rede Ferroviária Federal), que teve grande importância. Seus trilhos precisavam cortar o terreno. O lado, no sentido BH Sabará, foi ocupado por prédios residenciais e comerciais hoje integrado ao Bairro Floresta. Outro pedaço, compreendido hoje pelas avenidas Ezequiel Dias e Alfredo Balena, foi cedido pelo jovem município a unidades hospitalares e à Faculdade de Medicina da UFMG. Dentro do espaço restante, ergueram-se, em épocas distintas, o Teatro Francisco Nunes, o Colégio Imaco e o Palácio das Artes.

Ao Parque Municipal, posteriormente batizado de Américo Renê Giannetti, em homenagem o homem que administrou a cidade entre 1951 e 1954 (período em que Juscelino Kubitschek governou o estado), reataram 182 mil metros quadrados, um pouquinho menos que um terço da área original.

“Hoje isso não ocorreria, nem deve ocorrer, porque entende-se que é preciso haver equilíbrio entre a urbanização e o meio ambiente”, afirma o biólogo Gustavo Pedersoli, de 28 anos, frequentador das áreas verdes da capital e observador de pássaros. Ele já identificou cerca de 110 espécies de aves no Parque Municipal, do qual elogia o paisagismo e a sinalização.

Bonde e teatro

O Parque Municipal, com 280 espécies de árvores nativas e três lagos abastecidos por nascentes, tornou-se atração e cartão-postal da cidade. Na década de 1920, ganhou gradis de ferro (que depois foram retirados e levados para cercar o Cemitério da Saudade), quadra de tênis e pista de patinação. E da área foi tirado mais um pedacinho para a construção de estação de bondes (hoje mercadinho das flores), na esquina de Rua da Bahia e Avenida Afonso Pena. Na década de 1940, foi erguido o Teatro Francisco Nunes. Nos 1950, o então prefeito Américo Renê Giannetti providenciou tratamento da água, a implantação de fonte luminosa, a recuperação de jardins, o asfaltamento de alamedas e a construção da concha acústica para show ao ar livre. Ele morreu em 1954.

Entre 1960 e 1970 ganhou o orquidário, iluminação de mercúrio e perdeu outra parte de sua área para o Palácio das Artes. Em 1975, o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG) tombou o conjunto paisagístico e arquitetônico do parque, proibindo construções. Em 1977, a área foi novamente cercada. Em 1992, recebeu mais árvores, um sistema de irrigação, repavimentação de alamedas, instalação de novos portões de entrada e aparelhos de ginástica e construção de pista para caminhada, com cerca de 2 mil metros. Em janeiro de 2005, a reserva passou a ser administrada pela Fundação de Parques Municipais (FPM).

Refúgio para a fauna silvestre, entre as espécies de aves há bem-te-vis, sabiás, garças, socós, periquitos, pica-paus, sanhaços, saíras e sabiás. Há ainda gambás e micos e outros animais. A flora é composta de 280 espécies nativas como sapucaias, pau-brasil, pau-mulato, jaqueiras, flamboyants, figueiras, cipestre-calvo, fícus, entre outras. O pardispõe de equipamentos de ginástica, pista de caminhada, quadras poliesportiva e de tênis, pista de patinação e quadra, brinquedos eletrônicos, como carrossel, roda-gigante, minhocão, rotor, safári e pula-pula, os tradicionais burrinhos para passeio, trenzinhos e o fotógrafos lambe-lambes. O parque funciona de terça-feira a domingo, das 6h às 18h. A entrada é gratuita.

LINHA DO TEMPO


1897

Abertura do Parque Municipal, dois meses e 16 dias antes da inauguração de BH

1920

Década em que o parque ganhou, pela primeira vez, gradis de cercamento, retirados alguns anos depois

1950

Década em que o então prefeito Américo Renê Giannetti ordenou a primeira grande reforma

1975

Ano do primeiro tombamento pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG)

1977

Ano em que o parque foi definitivamente cercado por causa dos aumento dos índices de violência

1992

A segunda grande reforma, com plantio de novas espécies de árvores, troca de iluminação e outros procedimentos

2012

É anunciada outra reforma e projeto prevê portarias com informação digital sobre eventos culturais no parque


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