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Estado de Minas

Pedreiro herói alertou colegas em desabamento de prédio no Buritis


29/07/2011 07:23 - atualizado 29/07/2011 07:27

(foto: Paulo Filgueiras/EM DA Press)

A sorte, a ação rápida que transformou um operário em herói e quatro minutos de correria evitaram que 12 trabalhadores da construção civil morressem em uma obra que deveria estar parada desde fevereiro, em Belo Horizonte. Três pavimentos de um prédio inacabado, construção embargada pela Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE), braço local do Ministério do Trabalho, vieram abaixo ontem na Rua Geraldo Lúcio Vasconcelos, no Bairro Buritis, Região Oeste da capital. O colapso da estrutura ocorreu em fases, em fissuras que provocaram fortes estalos. O barulho alertou funcionários, permitindo que escapassem ilesos. Além das faltas relativas às condições de segurança dos trabalhadores, que motivaram o embargo da SRTE, a prefeitura também já havia autuado e multado a obra por falta de telas e bandejas de proteção. De acordo com a Gerência Regional de Regulação Urbana Oeste, o empreendimento tem projeto e alvará aprovados.

Ainda bastante nervoso, o pedreiro João Roberto contou que estava no almoxarifado, na entrada do terreno, quando ouviu um barulho denunciando que algo se partia. “Escutei o mesmo barulho mais duas vezes e vi uma poeira subindo. Nessa hora, corri e avisei todo mundo para sair”, completa. O herói do dia disse que o tempo decorrido até a queda foi de três a quatro minutos, e que chegou a avistar uma das paredes se deslocando. A empresa responsável pela construção, a Fortelle Engenharia, retirou todos os envolvidos do local pouco tempo depois do desabamento.


De acordo com o chefe da Seção de Segurança e Saúde do Trabalhador da SRTE, Ricardo Ferreira Deusdará, a obra foi embargada em 22 de fevereiro de 2011, devido a irregularidades relativas à segurança do trabalhador. Foram lavrados sete autos de infração, o que gerou R$ 15 mil de multa. “A periferia da obra estava toda aberta, havia risco de queda de grande altura, pois trabalhadores não usavam qualquer tipo de cinto de segurança, havia equipamentos elétricos sem carcaça aterrada e condutores elétricos soltos no chão, além de vergalhões com pontas expostas”, descreve. O responsável técnico e proprietário da obra, Hércules Peixoto, afirmou que em março já havia corrigido todas as irregularidades, mas a SRTE informou que nenhum pedido de suspensão do embargo foi protocolado.

O desabamento ocorreu por volta das 7h30 e 10 minutos depois o Corpo de Bombeiros foi acionado. Parte da estrutura do prédio foi abalada e três pavimentos foram destruídos. As três lajes ficaram a poucos centímetros umas das outras, formando uma espécie de sanduíche de entulho. Os bombeiros usaram cães farejadores para garantir que ninguém tivesse ficado sob os escombros.

Agora a obra foi interditada também pela Defesa Civil e o responsável tem até terça-feira para apresentar um plano de intervenção ao órgão. O documento é exigido para guiar o trabalho de retirada de materiais, ferramentas, escombros e desobstruir o canteiro para que a construção prossiga. A Defesa Civil informou que não há prazo para conclusão do laudo pericial que apontará as causas do desabamento, tampouco adiantou se o restante da construção que permaneceu de pé está condenado. Ninguém pode entrar na área do prédio até que isso seja feito.

“Estou há 30 anos no mercado e já construí mais de 80 prédios. Quando algo assim acontece, sempre há erro. Sou humano e somos passíveis de erro. Agora é corrigi-los”, defendeu-se Peixoto, que agradeceu a Deus o fato de ninguém ter se ferido. O proprietário revelou que a parte que caiu havia acabado de receber a terceira laje. A prefeitura informou por meio de nota que notificou o proprietário e determinou a estabilização da estrutura. Foi emitido auto de embargo e requisitada a apresentação de laudo técnico referente à estabilidade da construção e execução das obras necessárias ao restabelecimento da segurança do imóvel.

Corpo de Bombeiros e técnicos da Defesa Civil não constataram abalos nas construções vizinhas. Na rua em que fica o prédio, pipocam novos empreendimentos imobiliários. Uma escola vizinha à obra, cujas paredes são praticamente coladas às da construção abalada, por pouco não foi atingida. Quatro crianças já haviam chegado para as aulas.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Belo Horizonte e Região, Osmir Venuto Silva, denunciou os perigos a que os empregados do setor estão expostos. “Em nome da economia eles colocam a vida de muitas pessoas em risco, com o uso de materiais de baixa qualidade. Só neste ano, 12 trabalhadores morreram em obras em BH e 32 em Minas, além dos vários mutilados”, revelou o presidente.


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