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Estado de Minas

Inflação de setembro em BH é a maior no mês em 13 anos

Puxado pela alta de 1,22% no custo da cesta básica, índice de reajustes fecha em 0,53% e fica estável em relação a agosto. Alimentos básicos voltam a pesar para o consumidor


postado em 07/10/2015 06:00 / atualizado em 07/10/2015 07:23

"Nunca compro tudo num lugar só. Olho o preço de cada produto antes e levo os mais baratos" - João Júnior Alves, dedetizador (foto: Rodrigo Clemente/EM/D.A/Press)

Sob influência do custo da alimentação, a inflação em setembro na capital mineira apresentou o maior índice dos últimos 13 anos para o mês, segundo pesquisa da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead-UFMG). O resultado reflete, entre outros, o aumento de preços da cesta básica, que, depois de ter tido queda em agosto, teve elevação de 1,22% no mês passado. Itens básicos, como batata, carne (chã de dentro) e pão francês contribuíram para a alta de preços.

Apesar do ritmo acelerado em relação aos valores apurados no ano passado, pelo quarto mês consecutivo, o índice inflacionário deu mostras de desaceleração em relação ao período imediatamente anterior. Em setembro, a inflação teve variação de 0,52% ante agosto. No mês anterior, o índice havia registrado alta de 0,53%. O grupo alimentação contribuiu com 0,16 pontos percentuais, sendo 0,13 referentes apenas a alimentação na residência. Hoje o IBGE divulga a inflação oficial do país, com números para a Grande BH.

Além do grupo alimentação, outros dois apresentaram forte peso sobre a inflação na capital mineira: habitação (0,19 ponto percentual) e despesas pessoais (0,23 ponto percentual). O primeiro reflete a alta de 2,41% nos condomínios residenciais. O outro seguro automotivo é o item com maior alta, de 15,49% em setembro, sendo também o produto com maior contribuição para elevar a inflação (0,19 ponto percentual).

No vaivém das disputas judiciais sobre o preço das passagens de ônibus, a redução da tarifa no mês passado contribuiu para frear a inflação. O grupo transporte, comunicação, energia elétrica, combustíveis e IPTU teve recuo de 0,25%, isso em um mês em que os preços do gás de cozinha foram reajustados, com alta média de 7,38%. Os produtos administrados puxaram para baixo o índice em 0,06 ponto percentual.


Pesquisar
Em busca de preços melhores, uma boa alternativa para os consumidores tem sido pesquisar, pesquisar e pesquisar muito antes de comprar. O aposentado Hugo Geraldo, de 65 anos, insiste na caçada por preços mais baixos. “Passo três, quatro vezes por semana no sacolão. Só compro produto em promoção”, afirma. Ontem foi a vez de aproveitar o preço da batata-inglesa para levar três quilos do produto para casa. “A batata está a R$ 0,98. Tá de graça”, diz Geraldo, que aproveitou para levar o produto para a filha também. Em outros casos, como o quiabo, ele nem lembra a última vez que comprou. “Nem sempre dá para escapar da inflação”, diz.

Segundo a pesquisa de cesta básica do Ipead, a batata-inglesa foi o item com maior variação em setembro. No período, a alta foi de 16,92%. Em 12 meses, a alta do produto na capital foi de 124,93%. Outro item com forte peso sobre o custo total da cesta básica foi o chã de dentro. A carne teve alta de 4,26% no mês, tendo contribuído com 1,518 pontos percentuais para a variação total do indicador de setembro.

Por outro lado, considerado vilão em outros tempos, o tomate teve variação negativa, de 16,43%, contrabalanceando os efeitos inflacionários da cesta. No mês, a queda de preço contribuiu negativamente para a composição total em -1,545. Com as variações, a cesta representa 44,16% do salário-mínimo (R$ 347,99 ante R$ 788).

"Passo três, quatro vezes por semana no sacolão. Só compro produto em promoção" - Hugo Geraldo, aposentado
O dedetizador João Júnior Alves aproveita as facilidades da moto para também percorrer vários sacolões em busca dos melhores preços. “Já perdi a conta”, responde rápido ao ser questionado sobre quantos estabelecimentos ele já visitou nos últimos 30 dias para comparar preços. Ontem, antes de ir para casa, ele parou no Bairro São Francisco para comprar, entre outros, abóbora, melancia e batata. De lá, teria que ir para casa no Bairro Nova Pampulha, na divisa com Ribeirão das Neves. “Nunca compro tudo num lugar só. Olho o preço de cada produto antes e levo os mais baratos”, diz ele. E dá dicas para economizar: “sacolão em supermercado é mais caro” é a primeira e a outra é aproveitar inaugurações, quando sempre os preços são mais atrativos.

Presentes
Sob o impacto inflacionário, até o presentinho das crianças está comprometido. Pela primeira vez, o Ipead fez um levantamento sobre a pretensão de compra de presentes para os pequenos no dia 12 de outubro. Os resultados mostram que 52,86% dos entrevistados não vão presentear no Dia das Crianças. E mais: 39,39% dos entrevistados dizem projetar gastos menores em relação ao ano passado.

“Os consumidores mantém os gastos com itens que estão com custo elevado e isso pesa em outras compras. Acabam por privilegiar os produtos básicos”, afirma a coordenadora de Pesquisa do Ipead, Thaize Vieira Martins. A economia com os filhos é reflexo da baixa confiança do consumidor. Em setembro, o indicador ficou em 36,64 pontos, abaixo do nível que separa o pessimismo do otimismo (50 pontos).


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