
Sob influência do custo da alimentação, a inflação em setembro na capital mineira apresentou o maior índice dos últimos 13 anos para o mês, segundo pesquisa da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead-UFMG). O resultado reflete, entre outros, o aumento de preços da cesta básica, que, depois de ter tido queda em agosto, teve elevação de 1,22% no mês passado. Itens básicos, como batata, carne (chã de dentro) e pão francês contribuíram para a alta de preços.
Apesar do ritmo acelerado em relação aos valores apurados no ano passado, pelo quarto mês consecutivo, o índice inflacionário deu mostras de desaceleração em relação ao período imediatamente anterior. Em setembro, a inflação teve variação de 0,52% ante agosto. No mês anterior, o índice havia registrado alta de 0,53%. O grupo alimentação contribuiu com 0,16 pontos percentuais, sendo 0,13 referentes apenas a alimentação na residência. Hoje o IBGE divulga a inflação oficial do país, com números para a Grande BH.
Além do grupo alimentação, outros dois apresentaram forte peso sobre a inflação na capital mineira: habitação (0,19 ponto percentual) e despesas pessoais (0,23 ponto percentual). O primeiro reflete a alta de 2,41% nos condomínios residenciais. O outro seguro automotivo é o item com maior alta, de 15,49% em setembro, sendo também o produto com maior contribuição para elevar a inflação (0,19 ponto percentual).
No vaivém das disputas judiciais sobre o preço das passagens de ônibus, a redução da tarifa no mês passado contribuiu para frear a inflação. O grupo transporte, comunicação, energia elétrica, combustíveis e IPTU teve recuo de 0,25%, isso em um mês em que os preços do gás de cozinha foram reajustados, com alta média de 7,38%. Os produtos administrados puxaram para baixo o índice em 0,06 ponto percentual.

Pesquisar Em busca de preços melhores, uma boa alternativa para os consumidores tem sido pesquisar, pesquisar e pesquisar muito antes de comprar. O aposentado Hugo Geraldo, de 65 anos, insiste na caçada por preços mais baixos. “Passo três, quatro vezes por semana no sacolão. Só compro produto em promoção”, afirma. Ontem foi a vez de aproveitar o preço da batata-inglesa para levar três quilos do produto para casa. “A batata está a R$ 0,98. Tá de graça”, diz Geraldo, que aproveitou para levar o produto para a filha também. Em outros casos, como o quiabo, ele nem lembra a última vez que comprou. “Nem sempre dá para escapar da inflação”, diz.
Segundo a pesquisa de cesta básica do Ipead, a batata-inglesa foi o item com maior variação em setembro. No período, a alta foi de 16,92%. Em 12 meses, a alta do produto na capital foi de 124,93%. Outro item com forte peso sobre o custo total da cesta básica foi o chã de dentro. A carne teve alta de 4,26% no mês, tendo contribuído com 1,518 pontos percentuais para a variação total do indicador de setembro.
Por outro lado, considerado vilão em outros tempos, o tomate teve variação negativa, de 16,43%, contrabalanceando os efeitos inflacionários da cesta. No mês, a queda de preço contribuiu negativamente para a composição total em -1,545. Com as variações, a cesta representa 44,16% do salário-mínimo (R$ 347,99 ante R$ 788).

Presentes Sob o impacto inflacionário, até o presentinho das crianças está comprometido. Pela primeira vez, o Ipead fez um levantamento sobre a pretensão de compra de presentes para os pequenos no dia 12 de outubro. Os resultados mostram que 52,86% dos entrevistados não vão presentear no Dia das Crianças. E mais: 39,39% dos entrevistados dizem projetar gastos menores em relação ao ano passado.
“Os consumidores mantém os gastos com itens que estão com custo elevado e isso pesa em outras compras. Acabam por privilegiar os produtos básicos”, afirma a coordenadora de Pesquisa do Ipead, Thaize Vieira Martins. A economia com os filhos é reflexo da baixa confiança do consumidor. Em setembro, o indicador ficou em 36,64 pontos, abaixo do nível que separa o pessimismo do otimismo (50 pontos).
