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Estado de Minas NOVO PASSO

Cachaça João Andante perde disputa para Johnnie Walker mas prepara reação

Criada em 2008, a cachaça mineira logo despertou a ira do gigante grupo de bebidas


postado em 18/05/2014 00:12 / atualizado em 18/05/2014 08:11

Depois de quatro anos de uma disputa bem ao estilo Davi e Golias, a cachaça João Andante sairá de cena ao perder a primeira batalha para a holding Diageo, proprietária da marca de uísque Johnnie Walker. Os jovens mineiros criadores da pinga artesanal foram derrotados no processo administrativo do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi), mas, em rápida ação mercadológica, em substituição à marca vetada, deve ser lançado o selo O Andante a partir da edição 2014 da Expocachaça, que se inicia quinta-feira, aproveitando o marketing gerado pelo processo que permitiu a eles multiplicar a produção por 20.


Criada em 2008, a cachaça mineira logo despertou a ira do gigante grupo de bebidas. De imediato, ao saber da existência da marca João Andante, a Diageo acionou o Inpi na tentativa de cancelar o registro sob a justificativa

(foto: João Andante Divulgação )
(foto: João Andante Divulgação )
que o produto seria um plágio do uísque escocês Johnnie Walker. “Resta evidente o intuito da suplicada de ficar à sombra da marca suplicante, tentando usurpar para si a clientela, como fazem todos os mal-intencionados”, diz trecho da petição.

No parecer técnico que pede a nulidade do registro da João Andante, a equipe do Inpi responsável por avaliar o processo considerou que há, sim, associação entre as duas marcas, apesar de ressaltar que uma não causaria confusão com a outra. “O afastamento da confusão ocorre por causa do tipo de público consumidor, que é especializado o suficiente para distinguir entre as marcas e os produtos assinalados por estas”, diz trecho do voto.

O corpo técnico afirma que a própria defesa da marca João Andante considera uma paródia o nome dado à cachaça. “A afirmação de que trata-se de paródia é uma confissão da existência de associação, pois necessariamente para existir uma paródia ou sátira é necessário que exista o objeto dela”, diz outro trecho do texto do Inpi.

Em contrapartida, os jovens mineiros negam ter havido plágio, apesar de à época terem dito que inspiraram-se no primo famoso. E não desistem de lutar por uma reviravolta. Para isso, o escritório de advocacia contratado por eles prepara ação judicial. Enquanto tramitar o processo, a marca deve sair de cena. Eles devem comercializar os produtos restantes e encerrar – pelo menos temporariamente – a saga do João Andante.

Entra em cena uma cachaça com outro nome. No lugar da marca que ganhou fama com a briga com a Diageo, surge O Andante. Além da retirada do João, a logomarca estampada na garrafa também perde as pernas, literalmente. A proposta é exatamente tentar desassociar as duas marcas para evitar novos embates. No mais, a garrafa e outros detalhes da João Andante permanecem intactos.

Outra mudança é quanto à produção. Antes, o alambique responsável por fornecer a cachaça ficava em Passa Tempo. Lá, eram produzidos entre 3 mil e 4 mil litros por mês. Em Papagaios, o novo fornecedor vai produzir 10 mil litros por mês.

Segundo Magno Carmo, um dos sócios ao lado de Rafael Vidigal e dos gêmeos Gabriel e Mateus Lana, foi contratado um mixologista para a criação de drinques com o novo produto. A proposta de O Andante é introduzi-los em boates e casas noturnas. O ingresso nas prateleiras de supermercados é outro desafio.

Em nota, a Diageo afirma que "sempre vai defender e preservar suas marcas de uso indevido". A holding diz que "é dever e direito da Diageo defender a reputação de suas marcas notórias, em nome de seus clientes". Sobre a entrada no mercado da cachaça O Andante a empresa informou que não comenta.

 

 


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