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Estado de Minas

Com mais dinheiro no bolso, mineiros têm trocado a cachaça pela vodca

Vendas de garrafas no estado crescem mais do que no restante do país


postado em 01/09/2012 06:00 / atualizado em 01/09/2012 07:05

Na terra da cachaça, quem tem reinado é a vodca. Com mais dinheiro no bolso, é outra branquinha que coroa as noitadas dos mineiros, transformando o estado num pedacinho da Rússia. A mudança no comportamento é atribuída por produtores à busca por requinte e status, principalmente entre jovens. O mercado mineiro de vodca ainda tem enorme potencial de crescimento, o que leva as principais marcas a focarem seus esforços no estado.

De acordo com pesquisa do Instituto Nielsen relacionada ao consumo de vodca, a região que engloba Minas, Espírito Santo e o interior do Rio de Janeiro foi a que apresentou maior aumento de consumo no comparativo entre 2009 e 2010. São mais de oito litros da tradicional bebida russa consumidos por minuto. Em relação à média nacional, a variação foi três vezes maior, tendo crescido 5,9%, ante 1,8% no Brasil (veja quadro). Na região mineira, capixaba e fluminense, o consumo aumentou em 254 mil litros em um ano.

O faturamento com a bebida cresceu ainda mais: 17,6% – a segunda maior alta, atrás apenas da Grande São Paulo. A variação pode ser atribuída à inflação da noite belo-horizontina, impulsionada pelo aumento da demanda, e ao aumento do consumo de produtos mais requintados. Comprovação disso é que o mercado de vodcas super premium no país – que reúne sete marcas (Grey Goose, Belvedere e outras) – cresceu 108% entre 2010 e 2011, segundo o International Wine & Spirit Research (IWSR). A variação é quase seis vezes maior que a de produtos premium, segundo a mesma pesquisa.

O analista de mercado da Nielsen, Claudio Czarnobai, explica que o aumento do valor acima do consumo deve estar diretamente ligado ao forte crescimento econômico e o aumento do poder de compra registrado nos últimos anos. “A tendência é de que ocorra maior procura por produtos de maior valor agregado. Ou seja, ocorre uma migração de categoria, com clientes deixando de beber rum, conhaque e cachaça e optando por uísque e vodca”, afirma Czarnobai.

Essa avaliação pode ser confirmada pelo aumento do consumo de aguardente em comparação com o de vodca entre 2009 e 2010. A bebida russa teve variação 10 vezes maior que a da pinga na região de Minas, Espírito Santo e interior do Rio, segundo a Nielsen. Tal mudança também é possível por ser a cachaça uma das campeãs de consumo da região, com 49 milhões de litros vendidos por ano, enquanto de vodca são apenas 4,5 milhões de litros. “Existe um potencial de crescimento, exatamente em substituição a bebidas tradicionais. Ou seja, não é preciso que novas pessoas comecem a beber, apenas deve ocorrer uma mudança de categoria”, reitera Czarnobai. Ele cita que em termos de consumo Minas e os outros estados do Sudeste estão apenas na 5ª colocação e ocupam a mesma posição quando trata-se de percentual de pontos de venda, sendo encontrada em três de cada cinco estabelecimentos. Enquanto isso, na Grande São Paulo 87% das lojas vendem vodca.

BH no foco De olho nesse mercado, a Smirnoff  incluiu Belo Horizonte este ano no rol de mais de 100 cidades de 50 países que participam da festa Nightlife Exchange Project. O evento é conhecido pela troca de experiência da vida noturna entre os países participantes. Nessas baladas são servidos drinks internacionais feitos à base de Smirnoff e outros detalhes dão o tom multicultural.

Traçando rumo semelhante, a Pernod Ricard Brasil – responsável pelas marcas Orloff e Absolut no país – tem investido em mídias digitais e audiovisuais para atrair o público jovem. A proposta é sair do segundo plano de vendas e disputar espaço com os campeões do mercado. Depois de uma década, a Orloff, líder do mercado standard no estado, voltou a veicular campanhas na televisão. Desde novembro o novo formato da garrafa é apresentado em propagandas. Enquanto isso, a Absolut foca seus esforços no Facebook e Twitter. “A vodca é uma bebida conhecida por sua energia e versatilidade. A possibilidade de usá-la de vários modos aumenta seu apelo”, afirma o gerente de Grupos das Bebidas Premium da Pernod Ricard Brasil, Rafael Souza.

Na Marília Pizzeria, o consumo da branquinha russa equipara-se ao de uísque. Mensalmente, os clientes que participam do clube de vodca movimenta de 300 a 500 garrafas, sem contar com as vendas de 200 caipis nos fins de semana. São 10 rótulos, sendo nove importados e um nacional. O gerente da casa, Wanderson Gomes, considera que a indústria se preocupa em trabalhar o design do produto e sempre apresenta material diferenciado para os clientes. “É um público assíduo, que sempre pega outra garrafa. A vodca caiu no gosto principalmente por causa do status”, afirma.

No restaurante O Dádiva, em Lourdes, cerca de 180 clientes participam de um clube da vodca. Eles compram suas garrafas e as consomem nas visitas que fazem nos meses seguintes antes de ir para a balada. Mas o lucro não se restringe à bebida. São raros aqueles que bebem vodca pura, e por isso citrus e energético são vendidos para misturar, aumentando o lucro do estabelecimento. O gerente e maître do restaurante, Maurício Gomes, diz que o que é percebido no mercado também ocorre lá, principalmente no que tange à mudança de categoria. “As pessoas saem para serem vistas. Escolhem uma bebida cara para pôr na mesa e aí o marketing está feito. Quando a escolha é por vodcas mais baratas, preferem pedir caipis”, afirma.

 

Sabores fisgam os jovens

 

São Paulo* – Entre os jovens, não é de hoje que a febre é o consumo de bebidas aromatizadas. De vodcas a rum, as marcas apresentam como diferencial garrafas temáticas e a mistura de sabores para atrair principalmente o bebedor iniciante. E funciona: os gostinhos de maçã-verde, pêra e açaí são mais assimiláveis para quem dá as primeiras goladas que o amargo da cerveja.

A Absolut lidera entre esse público. De manga a pimenta e baunilha, são mais de 10 sabores disponibilizados em lojas do Brasil. A variedade cria concorrência entre os bebedores para saber quem consegue o maior número de garrafas importadas e, para isso, contam com a ajuda de amigos e familiares que viajam para o exterior e conseguem modelos indisponíveis por aqui e preços bem mais modestos. É o caso do estudante Paulo Abdo. Costumeiramente ele encomenda produtos da marca para beber com amigos em viagens e rodas de poquer. “Gosto de misturar vodca com suco, energético e até sorvete, mas algumas dá até mesmo para beber pura ou só com gelo”, diz.

Com garrafa que brilha no escuro das boates e aroma de maçã-verde, a Bacardi lançou esta semana a nova edição do Big Apple. O produto se tornou febre nas baladas jovens de BH e do interior. Em 2011, as vendas cresceram mais de 200% no estado e a expectativa é de que dobrem novamente este ano. Prova do boom é que no Facebook a bebida mais que triplicou o número de seguidores em um intervalo de três meses. O mercado mineiro é considerado primordial para a empresa, que já iniciou uma campanha para estreitar os laços com supermercados, lojas do ramo de bebidas e bares e restaurantes. “O jovem procura intensidade nas suas experiências noturnas. Outras bebidas não têm cor, sabor, aroma. O Big Apple mesmo puro já tem gosto”, afirma o presidente da Bacardi no Brasil, Fábio Di Giammarco.

A facilidade de criar um drink é o outro atrativo desse tipo de bebidas, que, misturadas com refrigerantes, como o citrus, ganham um sabor leve. Na avaliação do executivo italiano, a bebida com sabor de frutas é o ponto de partida para o consumidor experimentar o rum, e, com o passar dos anos, pode migrar para produtos mais sofisticados. “Aumenta a idade, cresce o poder aquisitivo e muda o perfil de consumo”, avalia Di Giammarco. (PRF)

* O repórter viajou a convite da Bacardi.


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