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Estado de Minas

Lanche na Grande BH sobe 5,73% e atinge maior alta entre 13 regiões metropolitanas

Dados foram medidos no primeiro trimestre onde o IBGE pesquisa o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial


postado em 17/04/2014 06:00 / atualizado em 17/04/2014 07:26

Angela Escobar e a filha Luiza sentiram a alta no preço de lanches na capital (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
Angela Escobar e a filha Luiza sentiram a alta no preço de lanches na capital (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)

Apetitosos nas vitrines das lanchonetes e dos bares da Grande Belo Horizonte, salgados, pães de queijo, refrescos ou os cafezinhos dos lanches tradicionais da manhã e da tarde, são protagonistas da maior inflação do país, medida de janeiro a março pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os preços do lanche subiram 5,73%, em média, na Grande BH no primeiro trimestre, variação mais alta observada entre as 13 regiões metropolitanas onde o IBGE pesquisa o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial. O fôlego dos reajustes superou em 2,4 pontos percentuais a correção média no país dos preços desse grupo de alimentos consumidos fora do domicílio, que foi de 3,33%, e ficou mais de duas vezes e meia acima dos 2,18% do IPCA medido na capital e entorno.

A vice-líder das remarcações nas lanchonetes foi a Grande Salvador (4,96%), seguida do Distrito Federal (4,07%). Em sete capitais e entorno, o lanche encareceu além da média nacional, avanço que os consumidores mais atentos percebem, principalmente, por se tratar de um gasto feito com regularidade e em períodos curtos. “É reflexo da alta da inflação dos alimentos, que a alimentação fora do domicílio acompanha”, afirma o analista do IBGE em Minas Gerais Antonio Braz de Oliveira e Silva.

Somados os reajustes de todo o grupo de alimentos consumidos fora do domicilio alcançam 2,93%, na média do país e 3,22% na Grande BH. Ainda na Região Metropolitana da capital mineira, a inflação dos alimentos e bebidas em geral atingiu 1,58% em março, perdendo apenas para o aumento de 1,63% dos preços dos artigos de residência. Como o primeiro grupo pesa mais na composição do IPCA, sua influência é também mais intensa no índice geral, de 0,78% no mês passado.

As estudantes Viviane de Oliveira, Bárbara Barros e Lilian Gabriela Correia notaram alta em todos os produtos que costumam consumir, nos lanches e bebidas. “No ano passado, gastava cerca de R$ 200 por mês com os lanches e este ano estou gastando cerca de R$ 250”, diz Viviane. Segundo ela, o salgado, que custava R$ 2,50 em 2013, hoje custa R$ 3,80. Parece pouco, mas a alta é de 50%. O preço do cachorro-quente vendido na porta da faculdade passou de R$ 4,50 para R$ 5, uma elevação de 11%.

Donos de lanchonetes e similares, porém, alegam que sentem no bolso uma inflação bem acima daquela medida pelo IBGE. A comerciante Nicéias Rodrigues, dona de um estabelecimento especializado em vitaminas, sucos e salgados e que funciona há mais de uma década no Bairro Horto, na Zona Leste da cidade, cita vários exemplos: “A caixa de laranja que compramos na Ceasa encareceu de R$ 10 para R$ 17 (alta de 70%). O preço da caixa com 22 abacaxis foi de R$ 15 para R$ 35 (aumento de 133%). No próximo mês, ainda ocorrerá o aumento na tarifa de energia elétrica (a média para o comércio foi de 15,78%) e na de água (6,18%)”.

Aperto

A maquiadora Sabrina Martins, 19 anos, diz que costuma gastar cerca de R$ 300 por mês com lanches fora de casa. Ela conta que prefere os produtos saudáveis, como sanduíches naturais e sucos de frutas. Para ela, o que eleva a conta do lanche é a alta de preços da matéria-prima, como as frutas. “Principalmente quando o lanche é feito com produtos que não são da estação”, destaca. Sabrina também considera que os alimentos sofrem influência da moda. “Os produtos que começam a ser muito procurados por fazerem bem à saúde costumam ter preços mais salgados.”

A escalada dos preços dos insumos também obrigou Renato Caldeira, um dos proprietários do tradicional Café Nice, que funciona há 75 anos na Praça Sete, a reajustar o valor das mercadorias, em média, de 8% a 10%. “Só o preço do polvilho subiu mais de 100% no acumulado dos últimos dois anos. Em 2013, tivemos o problema do salto dos preços do tomate (o hortifrutigranjeiro foi considerado o vilão da inflação de alguns meses de 2012 e 2013). Usamos o tomate para molho, salgados etc. No fim do ano, aumentamos os preços, em média, de 8% a 10%”.

Viviane Oliveira Silva, Barbara Barros e Lilian Gabriela reclamam do ajuste (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
Viviane Oliveira Silva, Barbara Barros e Lilian Gabriela reclamam do ajuste (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)

Pesquisa protege o bolso

Só o consumidor poderá conter os estragos no bolso neste momento, mantendo o senso crítico e a disposição de procurar aqueles estabelecimentos que ofereçam o melhor custo/benefício, avalia a coordenadora de pesquisa e desenvolvimento da Fundação Ipead, vinculada à UFMG, Thaize Martins. A fundação apura o seu IPCA regularmente na capital mineira. “É preciso manter o instinto de pesquisador e recusar os estabelecimentos quando se percebe aumentos abusivos de preços”, afirma.

A dona de casa Ângela Escobar e a filha Luiza, de 8 anos, costumam comer fora de casa com alguma frequencia e também sentiram a pressão no bolso. Segundo Ângela, nas lanchonetes, os sucos tiveram alta generalizada e, para fugir da inflação, ela adaptou o cardápio. “Trocamos o sanduíche pelo pão de queijo e salgadinhos. Acho que a inflação que observo no supermercado chegou aos bares, restaurantes e lanchonetes. Acredito que os sucos estão, em média, R$ 1 mais caros neste ano, em relação a 2013”, observa.

Apesar da escalada dos preços, Nicéias segura ao máximo o preço dos salgados e de outros produtos. “Só consigo manter o valor dos salgados porque eu mesmo os faço. Para isso, porém, levanto da cama às 4h30. É difícil, pois tenho 68 anos de idade.” No início do ano, outro gasto que impactou o custo do negócio foi o aluguel. “Passou de R$ 370 para R$ 415 mensais (aumento de 12%)”.

Nem todos os comerciantes, contudo, conseguiram segurar os preços. Na Cia do Salgado, na Avenida Brasil, o gerente José Carlos Pereira Gomes, lamenta - Ele recorda que muitos clientes reclamaram do reajuste, mas observa que o aumento do novo preço da iguaria foi menor do que o do insumo. (MV, PHL e MC)

Aluguéis

Com maior oferta de imóveis para locação, o valor dos aluguéis em BH registrou aumento abaixo da inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPCA-Ipead) na capital. Segundo informou ontem a Câmara do Mercado Imobiliário (CMI) o valor do aluguel teve aumento de 0,58% em março, contra uma inflação de 0,65%. No trimestre, a valorização dos contratos de locação foi de 1,40%, enquanto a variação de preços em geral ficou em 2,56%. Em 12 meses os aluguéis subiram 5,50%, enquanto o IPCA-Ipead variou 6,02%. Nos imóveis comerciais, o reajuste em março acompanhou a inflação. No mês passado, os contratos subiram 0,66%, acumulando variação de 2% no trimestre e de 7,73% em 12 meses.


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