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Estado de Minas AGORA É A HORA DA DÉCADA DE 50

Peças antigas coloridas e descoladas conquistam consumidores de todas as idades

Em BH, é possível alugar até uma junkebox


postado em 12/01/2014 00:12 / atualizado em 12/01/2014 07:41

Harley Langa diz que as pessoas estão mais conscientes sobre as peças(foto: Maria Tereza Correia/EM/D.A Press)
Harley Langa diz que as pessoas estão mais conscientes sobre as peças (foto: Maria Tereza Correia/EM/D.A Press)

Vitrolas, jukeboxes (máquina de música), lambretas, penteadeiras antigas. Para aluguel ou venda, a década de 1950 está na moda. Os objetos de design colorido e descolado embalam as festas de 15 anos, decoram as vitrines e no comércio especializado são peças disputadas pelo consumidor. Movidos pela nostalgia, os clientes estão dispostos a pagar bem por itens que lembram o passado e dão uma pausa no mundo digital.


Em Belo Horizonte, o aluguel de uma peça antiga custa em média 10% do preço do produto e o mercado está aquecido. Por uma semana, locar uma lambreta original da década custa R$ 1 mil; uma junkebox, charme nas festas da garotada ou dos cinquentões, R$ 1,2 mil. Quem quer a festa completa pode chegar em um Cadilac de 1954 ou alugar um Ford inglês de 1950, que mais parecem peças saídas de um filme de época. “A década de 1950 está na moda e a faixa etária dos clientes é variada. Os mais velhos passam isso para os filhos. Era uma época mais inocente, marcada pelo pós- guerra, com design bonito e colorido”, diz Jeferson Rios, dono da De Época, comércio especializado no aluguel de objetos e carros antigos.


A loja, no Bairro Esplanada, conta com um acervo de 8 mil itens, do século 19 aos anos 1980, mas segundo Rios, 80% dos clientes buscam objetos que remetem à década de 1950. Das primeiras TVs de Chateaubriand a telefones, rádios, ou bicicletas, todos funcionando, os anos dourados estão em alta. “Era uma época mais inocente, onde não havia ainda tantas drogas e a bebida era a cuba-libre”, aponta Rios.

O proprietário da loja de mobiliário vintage Advintage, na Floresta, João Caixeta, explica que os anos 1950 foram época marcante para o design. “Foi um período que colheu os frutos do pós-guerra, com influência grande no modernismo. Isso se reflete no mobiliário, com criatividade das formas”, afirma Caixeta. O período, diz, está de volta com influência clara no móvel contemporâneo.

“Tivemos a passagem do século 20 para o 21, que trouxe a tecnologia e junto com ela a capacidade de revisitar o passado. O que é bom fica. O design dos anos 1950 é o mais pretendido”, observa Caixeta. A sua loja, que garimpa, restaura e vende móveis antigos, foi inaugurada em 2009 e tem demanda crescente de consumidores. “Cada vez mais estamos no resgate da própria memória. A pessoa que entra na loja se lembra dos móveis da casa da tia, avó e mãe. São peças que duram de 50 a 70 anos e têm qualidade inquestionável”, afirma Caixeta. Ele lembra que o movimento do vintage fora do Brasil já dura mais de 20 anos. “E ocorre não só com o mobiliário, como também com objetos de design e roupas em geral”, afirma.

Mirando o banco de palhinha que decora seu escritório, uma lembrança afetiva da infância, o professor de estudos mercadológicos para o design gráfico na Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg) Márcio Lambert avalia o mercado retrô como uma necessidade do consumidor, que precisa fazer um contraponto à velocidade da vida digital. “Ele ganha espaço em BH, seja nas lojas de bairro ou nas superlojas dos shoppings.” Segundo ele, importante para o segmento é desenvolver modelo de gestão específico que vai atuar na identificação dos produtos e na comunicação com os consumidores. “O que às vezes falta”, ressalta o especialista, que enxerga o setor com uma lupa para as oportunidades. O mercado, explica José Eustáquio Lopes, professor de gestão comercial do centro universitário UNA, é movido pela busca da inovação, mas também pela nostalgia.

Sucesso nos traços retos

As peças dos anos 1950, com linhas mais retas, são as mais disputadas também nas lojas de objetos antigos da Rua Itapecerica, na Lagoinha. O mais difícil, segundo os lojistas, é achar o fornecedor. “O mineiro é mais apegado com as peças. Temos que buscar em Santa Catarina e no Rio de Janeiro”, diz Harlei Langa, gerente do Velho Armazém. A internet e os sites de leilão, afirma, ajudam o fornecedor de mercadorias a vender os produtos por conta própria. “As pessoas estão tomando consciência do patrimônio que têm”, completa João Caixeta, da Advintage.

Juvenal Júnior, da Badulaques Brechó Antiguidades, tem buscado fornecedores de peças na internet. “Alguns produtos, como rádio de época e sofá Luis XV, são difíceis de achar”, diz. O valor dado às peças, no entanto, varia entre os estados. “As compoteiras, por exemplo, são mais caras em Minas Gerais, pois remetem à avó que fazia compotas. Em outros estados não há tanta tradição e o preço é menor”, diz.

A moda do retrô, na avaliação de Langa, trouxe um concorrente novo: as lojas que copiam os objetos e móveis antigos. “Tem muita gente comprando gato por lebre”, diz. Para não cair no conto do vigário, ele afirma que o consumidor pode observar se a peça tem selo, que acompanha as originais. “E há o desgaste natural da peça”, afirma. João Caixeta afirma que a cópia do original é facilmente reconhecida. “Não temos a madeira do passado. Quem compra a cópia sabe que está pagando por um produto que não é original”, diz.

Maurício de Andrade, da Retrô Antiguidades, na Lagoinha, costuma acompanhar a decoração das novelas para comprar suas mercadorias. “Agora a febre é de penteadeiras. Não sobra nenhuma nas lojas”, afirma. Andrade realiza cerca de 70% das vendas pela internet. “A classe C vem comprando produtos vintage também. Eles são bons consumidores, pois não pedem desconto. Querem parcelar as compras.” (MC e GC)


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