De acordo com o dicionário, confrarias acontecem quando um grupo de pessoas se associa em torno de um objetivo comum. Em regra, são formadas por grupos pequenos, com modos de vida semelhantes.
E nos últimos anos, com o crescimento da busca por experiências exclusivas, assunto que inclusive falamos na última coluna, quando mencionei as experiências gastronômicas em hoteis, a formação de confrarias de pessoas em torno da gastronomia está cada vez maior.
Em Belo Horizonte é comum ouvir falar sobre jantares harmonizados, noites especiais em restaurantes, menus exclusivos com participação de chefs convidados. Mas não, esse não é o fundamento de uma confraria.
Elas acontecem, em regra, em espaços privados, sem placas indicando o ponto, e com grupos de pessoas que saem de casa, muitas vezes sozinhas, para terem encontros com pessoas diferentes, enquanto partilham assuntos relacionados ao universo gastronômico, aos pratos da noite, apresentados em formato de aula, e claro, à própria vida.
Elas são, então, encontros em torno de receitas, técnicas, sabores e pessoas. O interessante é que não são procuradas apenas por profissionais ou estudiosos da área, mas sim pelos amantes do universo gastronômico, que identificam nestes ambientes uma nova forma de criar as tão desejadas conexões.
Podemos dizer que são pausas, em meio ao caos de uma vida corrida. Respiros, necessários, para confortar a mente e a alma.
Em Belo Horizonte, no Mangabeiras, a Bárbara Coli, da Casa Coli Gastronomia, realiza confrarias com grupos diversos, a maioria formado por mulheres, que segundo ela são profissionais liberais, mães e esposas, que percebem nos jantares uma oportunidade de viver um tempo apenas delas. A intenção é realmente ir, sem acompanhante, para encontrar pessoas diferentes e formar novos vínculos.
Por lá, Bárbara, que deixou a área financeira e se encantou pelo universo da cozinha, apresenta pratos extremamente bem executados, feitos a partir de muita pesquisa e claro, das suas experiências pessoais. Uma cozinha delicada, que preserva o sabor natural dos ingredientes, que são escolhidos cuidadosamente.
Outra confraria com grande destaque na cidade é a do Renato Quintino, que acontece no Espaço Quintino, no Santo Antônio. Renato é chefe, professor e encanta o grupo pela abordagem leve e descontraída, mas ao mesmo tempo recheada de informações culturais e de técnicas exclusivas.
Renato busca inspirações em livros, músicas, filmes, cozinhas de origem de diversos lugares do mundo, e surpreende os alunos, que são verdadeiros fãs do seu trabalho.
Nessas confrarias é possível participar de encontros únicos, ou de grupos semestrais, por exemplo, o que amplia a conexão do grupo ao redor da mesa.
Na área dos vinhos, uma confraria bem forte é a Luluvinhas. Diferente das anteriores, ela acontece de forma itinerante, e o grupo passa por vários restaurantes e espaços diferentes da cidade, sempre em busca de conhecimentos sobre o universo dos vinhos. Outro diferencial é que o grupo também realiza viagens em conjunto, tanto pelo Brasil, quanto por outros lugares do mundo.
O grupo das Lulus é enorme, formado por mulheres com diversas áreas de atuação e estilos de vida, mas que fazem valer a máxima de uma confraria: o interesse comum pela cultura e pelo consumo consciente do vinho.
Uma coisa é fato: a comida une as pessoas, a bebida também!
E em um mundo tão conectado, tão frio, tão distante, buscar encontros em espaços propícios para isso, é uma excelente opção. Você faz amigos, e também o famoso networking.
Penso que essas confrarias fazem valer a máxima de Vinicius de Moraes: “a vida é a arte do encontro”.
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