O Dia Internacional do Idoso, lembrado nesta quarta-feira (1/10), chama atenção para um desafio crescente no Brasil: o envelhecimento acelerado da população e seus impactos no sistema de saúde. De acordo com o Censo 2022, 10,9% dos brasileiros têm 65 anos ou mais. Quando ampliado para pessoas com 60 anos ou mais, o índice chega a 15,6% — quase o dobro do registrado em 2000.
Projeções do IBGE indicam que em 2070 os idosos poderão representar 37,8% da população. O crescimento dessa faixa etária aumenta a prevalência de doenças crônicas, amplia a dependência funcional e eleva o risco de reinternações após a alta hospitalar.
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Déficit de leitos de transição
Segundo o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES/DataSUS), até março de 2025, o Brasil contava com 2.123 leitos habilitados como Unidades de Cuidados Prolongados (UCP) ou Hospitais de Cuidados Prolongados (HCP). Em Minas Gerais, a Política Estadual de Atenção Hospitalar (Valora Minas) já habilitou 730 leitos como Unidades de Cuidados Continuados Integrados (UCCI).
Mesmo assim, o país mantém apenas 11 leitos de transição para cada 1.000 hospitalares, enquanto na Alemanha a relação é de 330/1.000, em Portugal de 190/1.000 e no Reino Unido de 100/1.000.
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Na Europa, estudos mostram que 19% a 33% dos leitos hospitalares são destinados à transição de cuidados. Nos Estados Unidos, 26% das altas hospitalares seguem para unidades de transição, enquanto no Canadá esse percentual alcança 49%.
“Se não ampliarmos a rede de clínicas de transição no país, o envelhecimento populacional continuará pressionando hospitais gerais e gerando reinternações evitáveis. É uma agenda de saúde pública que precisa ser enfrentada desde já”, afirma Carlos Costa, CEO da Suntor Clínica de Transição.
Limitações atuais
O programa Melhor em Casa, do Ministério da Saúde, reúne mais de 2 mil equipes em todo o país e ultrapassa 5 milhões de atendimentos. Embora seja uma alternativa relevante, a atenção domiciliar não substitui as unidades de transição, sobretudo em casos de média complexidade que exigem monitoramento clínico e reabilitação intensiva.
Outro desafio está na formação de profissionais. Relatórios da OCDE indicam que a demanda por trabalhadores da saúde e cuidadores crescerá em ritmo mais acelerado que a reposição da força de trabalho até 2050, o que pode comprometer a capacidade de resposta do sistema.
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Perspectivas
No setor privado, cresce a adesão de operadoras de saúde a contratos com clínicas e hospitais de transição. Essas unidades oferecem internações de curta permanência, programas de reabilitação e suporte multiprofissional. Mas a expansão ainda depende de maior clareza regulatória e de políticas de incentivo que assegurem sustentabilidade.
“O futuro depende de integrar esforços públicos e privados para ampliar esse modelo. Clínicas de transição já demonstram capacidade de reduzir reinternações, apoiar hospitais gerais e melhorar a recuperação dos pacientes”, afirma Carlos.
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