HPN: nova opção terapêutica no Brasil para a doença rara no sangue
Danicopana, medicamento lançado em 2025 e aprovado pela Anvisa para pacientes com hemoglobinúria paroxística noturna (HPN), alivia sintomas de anemia residual
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A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso de danicopana, produto recém-lançado e já disponível no Brasil para o tratamento adicional de pacientes adultos com hemoglobinúria paroxística noturna (HPN), e que apresentam sintomas de anemia hemolítica residual devido à hemólise extravascular clinicamente significativa.
De acordo com o estudo ALPHA, estudo de fase III que avaliou os pacientes por 72 semanas, a combinação de danicopana com inibidores do complemento terminal (iC5), ravulizumabe ou eculizumabe, trouxe aumento significativo na qualidade de vida de pacientes, com a diminuição na fadiga e melhorias em suas funções físicas a longo prazo.
A HPN é uma doença rara, crônica, grave e progressiva, que se origina das células-tronco hematopoiéticas, causada por uma mutação somática adquirida do gene PIG-A, resultando na destruição das células sanguíneas, chamada de hemólise intravascular crônica não controlada do complemento.
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A hemólise intravascular causa complicações imprevisíveis e potencialmente fatais, como dano a órgãos, perda de qualidade de vida, além de eventos tromboembólicos (ETs) como a trombose, sendo esta a principal causa de morte na HPN.
Na maioria dos casos, a HPN acomete pessoas com idade de 30 e 50 anos, na mesma proporção entre homens e mulheres. Os sintomas são inespecíficos, mas podem incluir trombose, urina escura ou avermelhada, dor abdominal, falta de ar, fadiga, entre outros.
O diagnóstico pode ser feito a partir da citometria de fluxo, exame de sangue altamente sensível e específico, usado para determinar a ausência de proteínas específicas da superfície celular dos eritrócitos ou leucócitos.
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Atualmente, há dois tratamentos medicamentosos, inibidores do complemento terminal, incorporados na rede pública: eculizumabe e ravulizumabe, sendo o segundo recém incorporado (decisão positiva em fevereiro de 2024) e em processo para início de disponibilização.
Embora os inibidores do complemento terminal sejam eficazes no controle da hemólise intravascular e na melhora dos desfechos clínicos, existe uma subpopulação - entre 10 a 20% - dos pacientes em uso de iC5 que ainda apresentam anemia persistente devido à hemólise extravascular. Nestes casos, o tratamento adicional com danicopana pode oferecer uma melhoria na qualidade de vida a longo prazo, conforme comprovado no estudo ALPHA.
“A aprovação de danicopana não só marca um importante avanço no tratamento da HPN, mas também oferece uma solução eficaz e segura aos pacientes que continuam a apresentar anemia residual persistente durante o tratamento com inibidores do complemento terminal, uma perspectiva que até então não existia”, afirma Karina Fontão, diretora médica global da AstraZeneca. “Além disso, a terapia também contribui para melhorar a qualidade de vida dos pacientes ao aliviar sintomas como a fadiga e a limitar ou até mesmo eliminar a necessidade de transfusões”, complementa.
Estudo ALPHA fase III
O estudo global de fase III foi desenvolvido como um estudo de superioridade para avaliar a eficácia e a segurança de danicopana, em combinação com ravulizumabe e eculizumabe, em pacientes com HPN que apresentaram hemólise extravascular clinicamente significativa (HEV-cs).
No ensaio duplo-cego, controlado por placebo e feito em múltiplas doses, os pacientes foram recrutados e randomizados para receberem danicopana ou placebo (2:1), em combinação à terapia com ravulizumabe ou eculizumabe por 12 semanas. Foi feita uma análise interina quando 63 pacientes randomizados completaram 12 semanas de avaliação primária ou descontinuaram o tratamento a partir de 28 de junho de 2022.
Após 12 semanas, pacientes que receberam placebo com ravulizumabe ou eculizumabe permaneceram nesse tratamento por 12 semanas adicionais. Pacientes que completaram ambos os períodos de tratamento (24 semanas) tiveram a opção de participar em um período de extensão a longo prazo de dois anos, e continuarem a receber danicopana com ravulizumabe ou eculizumabe.
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O estudo de Fase III ALPHA avaliou a eficácia e a segurança da danicopana como adjuvante ao ravulizumabe ou eculizumabe em pacientes com HPN que apresentaram HEV clinicamente significativa, definida como hemoglobina 9,5 g/dL e níveis absolutos de contagem de reticulócitos 120x10 9 /L.
Os resultados mostraram que o tratamento atingiu o desfecho primário de alteração na hemoglobina do início do estudo até a semana 12 e todos os desfechos secundários principais, incluindo prevenção de transfusão e alteração na pontuação da Avaliação Funcional da Terapia para Doenças Crônicas – Fadiga (FACIT-Fatigue).
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