TREINO PERSONALIZADO

Como evitar mal súbito em atividades físicas: guia essencial

Treinar com segurança é possível. Especialistas explicam os exames e cuidados ideais antes de iniciar uma atividade física

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Casos de morte súbita durante atividades físicas ainda assustam e geram dúvidas sobre como se proteger. Apesar da associação frequente com idosos, o mal súbito não escolhe idade: jovens e até atletas também podem ser vítimas. “É um mito acreditar que apenas idosos correm riscos. Doenças cardíacas genéticas costumam se manifestar entre os 15 e 35 anos”, explica o cardiologista Augusto Vilela, CEO do Instituto do Coração de Fortaleza.

A seguir, especialistas explicam os principais cuidados antes de iniciar uma atividade física, além dos riscos envolvidos no uso de suplementos e práticas sem acompanhamento profissional. 

O que é mal súbito?

Embora o infarto possa causar mal súbito, os dois termos não são sinônimos. “Mal súbito é uma manifestação clínica de instalação repentina, que pode ter diversas causas. Nem sempre é de origem cardíaca”, alerta o cardiologista. Entre os gatilhos mais comuns estão arritmias, miocardiopatias, acidente vascular cerebral (AVC), embolia pulmonar e síndromes hereditárias como a síndrome do QT longo (distúrbios da atividade elétrica do coração).

Já o infarto agudo do miocárdio é causado pela obstrução das artérias coronárias, que impede o fluxo de oxigênio e leva à morte do músculo cardíaco. “É uma condição progressiva, com dor no peito em aperto, suor frio, falta de ar. Pode ser silenciosa, especialmente em diabéticos e idosos”, diz o médico.

Avaliação médica 

Para prevenir episódios graves, o primeiro passo é buscar uma avaliação médica. “Assim como um carro precisa de revisão antes de pegar a estrada, o coração também deve ser avaliado antes de ser colocado à prova”, reforça. Exames como eletrocardiograma, teste ergométrico e ecocardiograma são essenciais para verificar a saúde do coração.

A coordenadora do curso de educação física da Estácio BH, Beatriz Bicalho lembra que a avaliação médica é essencial para quem deseja sair do sedentarismo com segurança. “Exercício físico é benéfico, sim. Melhora o condicionamento físico, aspectos cognitivos, sociais, previne doenças crônicas, ajuda no envelhecimento saudável. Mas quem está parado há muito tempo precisa, antes de tudo, fazer exames clínicos e cardiológicos”, orienta.

Segundo ela, entender os próprios objetivos,  emagrecer, ganhar força, reduzir o estresse ou melhorar a disposição, também ajuda a traçar um plano de treino mais seguro. “Depois da liberação médica, o ideal é procurar um profissional de educação física para definir o melhor caminho.”

Noites maldormidas

Apesar de fundamentais, os exames não eliminam totalmente o risco de mal súbito. “Muitas vezes a pessoa está bem nos exames, mas teve uma noite maldormida, está sob estresse ou usou alguma substância inadequada. São fatores que também influenciam”, destaca Beatriz.

Rodrigo Brandão, professor de educação física da Estácio Bahia, reforça que a avaliação médica deve ser levada a sério. “É preciso entender como o corpo está e quanto ele pode ser exigido. O mal súbito não pode ser 100% prevenido, mas os exames facilitam a detecção de problemas prévios e protegem a saúde.” 

Rodrigo também chama atenção para a diferença entre atividade física e exercício físico. “Atividade física é qualquer movimento corporal, como limpar a casa ou subir escadas. Já o exercício físico é programado, com um objetivo. E para isso, é ainda mais importante ter avaliação e acompanhamento.”

Uso indiscriminado 

Um ponto de alerta para os profissionais consultados é o uso de suplementos, termogênicos e anabolizantes sem prescrição médica. “É um risco enorme à saúde. O uso indiscriminado dessas substâncias, muitas vezes motivado por modismos ou busca por resultados rápidos, pode causar efeitos colaterais gravíssimos, como arritmias, infartos e até morte”, alerta Beatriz.

Ela destaca que a prática é comum entre jovens adultos. “Vivemos uma cultura do resultado imediato. Pessoas com baixa autoestima corporal acabam recorrendo a esses produtos, sem avaliar os danos. É um crime prescrever isso sem ser profissional habilitado. E mesmo entre médicos, é preciso responsabilidade: o uso deve ser baseado em avaliação e necessidade real.”

“Hoje vemos um aumento do uso de pré-treinos e estimulantes combinados a outras substâncias. Isso acelera o metabolismo e exige muito do sistema cardiovascular. Muita gente toma café, depois um pré-treino, sem saber que está colocando o corpo em sobrecarga”, complementa Rodrigo.  

Segundo ele, o acesso facilitado a hormônios anabolizantes e a banalização de seu uso também são preocupantes. “Esses produtos deveriam ser vendidos apenas com receita. Mas há quem compre pela internet, sem qualquer controle ou conhecimento sobre a procedência.”

Tanto Beatriz quanto Rodrigo defendem que o profissional de educação física tem papel central na prevenção desses casos. “É nosso dever orientar, educar e desestimular práticas perigosas. Devemos alertar nossos alunos e participar de equipes multidisciplinares para oferecer apoio adequado”, afirma Beatriz.

Ela reforça que os treinos devem ser personalizados, respeitando o histórico de cada aluno. “Idade, peso, estilo de vida, alimentação, estresse e sono: tudo isso influencia. A chave está na orientação correta e no acompanhamento contínuo.”

Sinais de alerta durante o exercício

Mesmo com todos os cuidados, é fundamental prestar atenção aos sinais que o corpo dá. “Tontura, dor no peito, falta de ar desproporcional e palpitações são alertas de que algo está errado”, destaca Augusto. Nesses casos, a recomendação é interromper imediatamente o exercício e procurar atendimento médico.

Checklist para treinar com segurança

  • Faça uma avaliação clínica e cardiológica completa
  • Evite treinar com sono acumulado ou sob estresse intenso
  • Não use suplementos, termogênicos ou anabolizantes sem prescrição
  • Procure orientação de um profissional de educação física
  • Respeite os limites do seu corpo e evolua gradualmente
  • Fique atento a sintomas como dor torácica, tontura ou falta de ar
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