PRAZER

Leila, de Vale Tudo, abre debate sobre a vida sexual feminina

Tabus, pressão social, autoaceitação do corpo e atenção do parceiro estão diretamente ligados ao orgasmo, que frequentemente é descoberto tardiamente

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A personagem Leila, de Vale Tudo, interpretada por Carolina Dieckman, traz à tona um assunto que ainda é tabu na sociedade, mas muito importante de ser debatido: o orgasmo feminino. Leila acaba de descobrir o ápice do prazer sexual após os 40 anos, um casamento e alguns namorados.

A ginecologista Fabiane Berta explica que, conforme citado pela personagem, prazer e orgasmo são coisas distintas, embora estejam relacionadas à sexualidade feminina. “O prazer representa uma sensação de satisfação, bem-estar e relaxamento, que pode ocorrer com ou sem relações sexuais. Já o orgasmo é o ponto máximo do prazer sexual. As respostas físicas são intensas como contrações musculares, aumento dos batimentos cardíacos e liberação hormonal”, diz.



Assim como Leila, é muito comum as mulheres descobrirem o orgasmo de forma tardia e isso acontece frequentemente devido à falta de informações sobre sexualidade, preconceitos culturais e o silêncio que envolve o tema desde a infância.

"Muitas mulheres têm dificuldade de atingir o orgasmo porque não aprenderam a reconhecer os sinais do seu corpo. O tabu em relação à sexualidade feminina e a falta de educação sexual fazem com que elas só descubram plenamente o prazer sexual em fases mais maduras da vida", afirma a médica e também especialista e pesquisadora da menopausa.

Outro ponto significativo é a pressão constante sobre o corpo feminino, que gera inseguranças e baixa autoestima. A dificuldade em aceitar a própria aparência física prejudica diretamente a entrega ao parceiro e a vivência do prazer.

Segundo Fabiane Berta, quando a mulher não se sente confortável com seu corpo, a preocupação com a maneira como está sendo vista pode tirar completamente o foco do prazer, dificultando ou até impedindo o orgasmo.

O excesso de tarefas e responsabilidades diárias, como o trabalho e os cuidados domésticos e familiares, também impactam negativamente o relaxamento necessário para a conexão sexual plena com o parceiro. A mente sobrecarregada reduz as chances de entrega total e afasta as mulheres da experiência do orgasmo.

O papel do homem

Assim como a personagem sugere, de fato, o parceiro exerce papel fundamental na capacidade da mulher atingir o orgasmo. A cumplicidade, o diálogo aberto e a atenção às necessidades da parceira são essenciais para que o prazer sexual feminino aconteça plenamente. Quando o homem demonstra interesse em conhecer e entender as preferências da mulher, isso facilita a conexão física e emocional e cria um ambiente de confiança e relaxamento.

“O homem precisa estar atento às respostas do corpo feminino e manter a comunicação aberta sobre o que funciona melhor na relação sexual. Escutar e respeitar os desejos da parceira gera segurança emocional, permitindo que ela se entregue ao momento sem inseguranças. Além disso, muitos desconhecem aspectos importantes sobre o prazer feminino, como a necessidade de preliminares mais prolongadas, a estimulação correta e o respeito ao ritmo particular de cada uma. A participação ativa e cuidadosa do homem favorece a mulher se sentir confortável para expressar suas vontades e atingir o orgasmo com mais facilidade”, reforça Fabiane Berta.


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