A cirurgia de fimose, quando bem indicada, não tem risco de ocorrer o embutimento do pênis, e por isso é preciso atentar-se para a anatomia do pênis -  (crédito: Freepik)

A cirurgia de fimose, quando bem indicada, não tem risco de ocorrer o embutimento do pênis, e por isso é preciso atentar-se para a anatomia do pênis

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Muita gente pode não saber, mas a cirurgia de fimose, se for feita sem avaliar a anatomia do órgão, pode embutir o pênis. O risco dessa complicação será o tema da palestra que o urologista brasileiro Ubirajara Barroso Jr. fará no primeiro Congresso da Sociedade de Urologia Pediátrica do México, que acontece de 20 a 24 de fevereiro, na Cidade do México, e que reunirá grandes nomes da urologia pediátrica de todo o mundo.

“A cirurgia de fimose, quando bem indicada, não tem risco de ocorrer o embutimento do pênis. Por esse motivo é preciso atentar-se para a anatomia do pênis. Existem pênis que já possuem uma característica de estar embutido na gordura pubiana e escroto e, quando retiramos a fimose, esse pênis fica com o aspecto ainda mais embutido ou encarcerado”, explica Ubirajara Barroso, chefe da divisão de cirurgia urológica reconstrutora e urologia pediátrica do Hospital da Universidade Federal da Bahia e segundo secretário da Sociedade Brasileira de Urologia.

Frequentemente, após a cirurgia de fimose realizada de forma equivocada, que pode resultar no encarceramento do pênis, os pais acreditam que a situação se resolverá com o crescimento da criança. No entanto, Ubirajara, que também é secretário-geral da International Children's Continence Society, relata que, à medida que a criança cresce, surge a preocupação com a aparência, muitas vezes associada à percepção de um pênis infantil.

“Ao realizar a cirurgia, é essencial considerar todos os aspectos, garantindo uma cicatriz linear e buscando uma harmonia genital. Quando identificamos, ao avaliar a anatomia peniana, que aquele órgão vai ficar embutido, é fundamental usar a técnica de fixação da base do pênis na fáscia de Buck. Assim, o órgão permanece exteriorizado após a cirurgia, evitando complicações futuras,” esclarece, destacando a importância de o profissional ter um olhar especializado para a identificação da necessidade dessa intervenção.

O pênis embutido pode ocorrer desde o nascimento ou ser adquirido após a cirurgia de fimose, por exemplo. Caso o cirurgião não tenha identificado na avaliação da fimose que aquele pênis ficará encarcerado, a complexidade da cirurgia de correção aumenta, visto que não haverá pele para desembutir o pênis.

“Ao remover o excesso de pele é comum que o pênis retraia em alguns casos. Infelizmente, muitas vezes, as pessoas não buscam ajuda, levando a desconfortos que podem inibir o adulto. Em situações mais graves, quando há um encarceramento significativo, a busca por assistência médica é mais frequente." Ubirajara lembra que a cirurgia de fimose é um procedimento seguro quando realizada por um profissional que possui experiência em cirurgia reconstrutora.

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Em sua participação no congresso mexicano, Ubirajara Barroso, coordenador da disciplina de urologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA), irá apresentar, além da aula sobre a correção de pênis embutido, outra sobre o uso da eletroestimulação nas disfunções vesicais.

A eletroestimulação é uma abordagem que melhora da função vesical em crianças, especialmente aquelas com bexiga hiperativa e que possuem problemas miccionais. Vários estudos evidenciam a eficácia do uso da estimulação elétrica transcutânea parassacral (TENS) no tratamento da bexiga hiperativa em crianças. Ubirajara, juntamente com a equipe da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, desenvolveu os protocolos que hoje são usados mundialmente no tratamento das disfunções urinárias com a TENS.

A abordagem do método TENS é o padrão-ouro no tratamento da bexiga hiperativa em crianças. Ela pode melhorar inclusive a sensibilidade da bexiga em casos de postergação da micção, urgência miccional e escape de urina na roupa. A eletroestimulação é explorada como uma alternativa eficaz, com resultados observáveis após um curso de até 30 sessões.

“Fomos o primeiro grupo a tratar disfunções urinárias em crianças somente através de técnicas de fisioterapia sem uso de medicações. O nosso grupo ajudou a desenvolver novos protocolos que hoje têm sido utilizados no mundo inteiro.”