Outro ponto preocupante na prática da lipoaspiração é o aumento do uso de medicamentos para impedir hemorragias para facilitar a realização de vários procedimentos estéticos ao mesmo tempo -  (crédito: Freepik)

Outro ponto preocupante na prática da lipoaspiração é o aumento do uso de medicamentos para impedir hemorragias para facilitar a realização de vários procedimentos estéticos ao mesmo tempo

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Depois que um novo caso envolvendo complicações decorrentes de lipoaspiração tomou o noticiário nesta terça-feira, (07/11), com a morte da influencer Luana Andrade, de 29 anos, ex-Power Couple Brasil, durante uma cirurgia de lipoaspiração, o médico Paulo Martin, vice-presidente do Colégio Brasileiro de Cirurgia Plástica (CBCP), alerta que casos de parada cardiorrespiratória durante esse procedimento, como ocorreu com a influenciadora, acende um alerta sobre os cuidados pré-operatórios e o excesso de tecnologias indicadas para pacientes que procuram pela cirurgia estética: “Todas as tecnologias são muito bem-vindas, mas devem ser usadas com muita consciência e que individualize a necessidade para cada paciente”.

O vice-presidente da entidade explica que tem observado uma procura maior de pacientes que querem mais do que uma lipo: “Não afirmo que foi o caso da influenciadora, mas tenho observado que, o que antes era uma simples lipoaspiração, virou uma lipo que entra com a tecnologia vaser, bodytite e renuvion na sequência. Se tornou comum fazer vários procedimentos de uma só vez”. “Existem casos que querem usar as três tecnologias juntas, deixando a paciente ficar até três horas anestesiada. Isso aumenta muito o risco cirúrgico”.

“Com a corrida para ter um corpo perfeito de uma vez, existem pacientes que me procuram para fazer o aparelho, e não mais pelo tratamento indicado, e isso pode trazer riscos ao indivíduo. É possível fazer os três procedimentos ao mesmo tempo, porém é preciso avaliar cada caso”, diz Paulo Martin .

“Quando associa a tecnologia com o procedimento, está perdendo controle total que você já tinha sobre os tecidos em relação às queimaduras, retrações, e temperatura, por exemplo, aumentando os riscos que já existem nas cirurgias plásticas”, ressalta o médico.

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Paulo Martin explica que o renuvion é mais indicado para tratar áreas grandes, enquanto o bodytite, como tem várias opções de ponteiras, é possível usar em áreas pequenas como rosto, pescoço, pálpebras, além de tratar estrias e celulites. Já o vaser tem como objetivo melhorar os contornos do corpo e realçar a definição muscular: “Com o boom de influenciadores passando por procedimentos estéticos e divulgando sobre seus tratamentos, tento sempre explicar para os pacientes que ficam sabendo dessas tecnologias, que todas elas devem ser utilizadas com consciência, com indicação da necessidade em cada caso”.

Preocupação com uso de medicamentos para impedir hemorragia

Outro ponto que preocupa o especialista é o aumento do uso de medicamentos para impedir hemorragias para facilitar a realização de vários procedimentos estéticos ao mesmo tempo: “Existe uma medicação que está sendo usada para impedir hemorragias e sangramentos, como o caso do transamin, e isso pode ser algo que se use para tentar aumentar a área de tratamento, que leva o maior risco do paciente”, explica o médico. “Com um medicamento como esse é possível lipar desde o pé até a cabeça que não vai sangrar, mas isso expõe mais o paciente”, alerta Paulo Martin.

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“Reforço que o mais importante é operar com um especialista e que o paciente não busque ter as mesmas experiências do que um influenciador ou amigo que já tenha passado pela cirurgia estética que quer fazer. É preciso estar atento aos riscos cirúrgicos e as melhores indicações que o cirurgião fizer para o seu caso”, alerta o médico.