Ex-vereador de BH é exonerado de cargo na prefeitura em meio a investigação
Gilson Guimarães, que dirigia a Coordenadoria Especial de Vilas e Favelas, deixa o cargo após operação da Polícia Civil que apura suspeita de rachadinha e lavag
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O diretor da Coordenadoria Especial de Vilas e Favelas da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), Gilson Guimarães (PSB), foi exonerado do cargo nesta terça-feira (4/11). A decisão foi publicada em edição extra do Diário Oficial do Município (DOM).
A exoneração ocorre no contexto de uma investigação conduzida pela Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), que apura suspeitas de rachadinha, prática em que parte do salário de assessores é desviada, e lavagem de dinheiro em um esquema ligado ao período em que Guimarães exerceu mandato como vereador de Belo Horizonte.
A apuração teve início a partir de denúncia apresentada ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), relatando a existência de um funcionário fantasma no gabinete do então vereador. Segundo informações, as transações financeiras analisadas indicam movimentações suspeitas e tentativas de ocultação da origem de recursos, configurando indícios de lavagem de dinheiro.
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Como parte da operação, a Polícia Civil cumpriu dez mandados de busca e apreensão em endereços relacionados ao ex-parlamentar e a pessoas próximas. As diligências ocorreram em residências de ex-assessores, em imóveis localizados no Aglomerado da Serra e também na Coordenadoria Especial de Vilas e Favelas Leste, unidade vinculada à estrutura da PBH onde Guimarães exercia a função de diretor.
À reportagem, a Polícia Civil informou que o inquérito policial tramita sob sigilo no Departamento Estadual de Combate à Corrupção e a Fraudes. “As investigações estão em curso com a realização de todas as diligências necessárias para determinar autoria e materialidade das infrações penais, e detalhes só serão divulgados quando da efetiva conclusão dos trabalhos de polícia judiciária”, destacou em nota.
A Coordenadoria Especial de Vilas e Favelas foi criada em dezembro do ano passado, durante a reforma administrativa promovida pelo então prefeito Fuad Noman (PSD). Gilson Guimarães foi nomeado diretor da coordenadoria após a reestruturação, com atuação voltada a políticas públicas e programas direcionados a áreas de vulnerabilidade social da regional Leste.
Procurada, a Prefeitura de Belo Horizonte informou, por meio de nota, que a exoneração de Gilson Guimarães foi realizada a pedido dele próprio, com o objetivo de se “dedicar à defesa no processo conduzido pela Polícia Civil”.
Em nota encaminhada à imprensa, o advogado Daniel Santos de Castro, representante do ex-vereador, afirmou que Gilson Guimarães decidiu se afastar do cargo na prefeitura por iniciativa própria, com o objetivo de concentrar-se em sua defesa.
O defensor negou as acusações e reproduziu a posição de Guimarães, que classificou as denúncias como “levianas e falsas”. “Ele tem a mais absoluta certeza de sua idoneidade e sempre trabalhou dentro da mais estrita honestidade”, diz o comunicado.
O texto também manifesta o agradecimento de Guimarães pela oportunidade de ter comandado a Coordenadoria Especial de Vilas e Favelas e ressalta sua trajetória “pautada pela honestidade e pela dedicação às comunidades periféricas”.
A nota atribui o episódio a uma “perseguição política”, em razão de ele ser uma liderança popular oriunda da periferia. “Preto, pobre e do povo”, define o texto. “O Sr. Guimarães reitera que com o povo não se brinca, e sua luta é por justiça e verdade”, conclui esse trecho.
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Por fim, a defesa afirma que o ex-vereador confia plenamente na Justiça e na Polícia Civil, responsáveis pela apuração do caso, e reforça que ele está à disposição para colaborar com as investigações. “[…] certo de que a verdade prevalecerá e sua inocência será comprovada”, finaliza o texto.