
Assembleia de Minas completará um mês sem votação no Plenário
Última vez que os deputados estaduais votaram um projeto de lei foi em fevereiro. Vetos do governador Romeu Zema (Novo) trancaram a pauta
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Siga noCom uma semana curta de trabalhos devido ao feriado de Semana Santa, a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) pode completar um mês sem votações nesta terça-feira (26/3). Ocorre que vetos do governador Romeu Zema (Novo) a projetos aprovados com apoio da maioria dos deputados possuem prioridade regimental e trancaram a pauta do plenário, em 26 de fevereiro, impedindo que outras propostas sejam apreciadas pelo Parlamento Mineiro.
Sem previsão de reuniões ordinárias, o imbróglio volta a ser discutido depois da Semana Santa, mas por enquanto sem expectativas de solução. Ao todo, são dois vetos de Zema que precisam ser apreciados de imediato.
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O primeiro deles, é uma negativa parcial à Lei 25.464/2023, que discorre sobre a isenção de pagamento de pedágio ao motorista que passar pela mesma praça de cobrança entre 5h e 22h do mesmo dia, válido em novos contratos de concessão das rodovias estaduais.
O governador justificou a decisão afirmando que cabe ao Executivo e às concessionárias determinar o valor das tarifas, mediante contrato, ao mesmo tempo em que a isenção pode tornar novas concessões menos atrativas. “Desse modo, nos termos em que formulada, a propositura interferirá na liberdade contratual dos contratos de concessão ao acrescentar elemento que provocará distúrbio na equação econômico-financeira e condicionará os termos da licitação”, descreve Zema.
Esse veto é o principal ponto de tensão entre os deputados, uma vez que o projeto de lei teria sido aprovado em acordo entre oposição e base. Para que uma negativa do governador seja derrubada pelo Plenário, são necessários 39 votos contrários, ou seja, a maioria absoluta de 77 parlamentares. No entanto, as reuniões marcadas não chegaram a ocorrer, por não atingir o quórum mínimo.
"Governo está constrangido"
Os deputados contrários ao governador, trabalham para derrubar o veto, e argumentam que a própria base não consegue marcar presença para votar a questão. “O que está claro é que o governo está constrangido em votar algo que é impopular. Algo que o cidadão já se manifestou e tem o direito de cobrar. Está claro que o governo não consegue quórum”, disse o líder do bloco Democracia e Luta, Ulysses Gomes (PT).
O segundo veto parcial pronto para apreciação diz respeito à Lei 25.465/2023, que trata sobre proteção do consumidor, especialmente idosos, analfabetos ou doentes, para oferta de concessão de crédito consignado. Zema argumenta que os dispositivos barrados são inconstitucionais e contrários ao interesse público.
As negativas precisam ser analisadas em turno único, em até 30 dias depois que a mensagem do governador é acolhida pela mesa diretora da Assembleia. Caso o prazo seja perdido, o veto entra na chamada “faixa constitucional”, e passa a ter prioridade sobre outras matérias da pauta - nada pode ser apreciado enquanto o plenário não se manifestar sobre a questão.
Na última reunião, em 20 de março, apenas 34 parlamentares estavam presentes para analisar a questão, faltando outros cinco para atingir o número necessário. Com o recesso começando na quinta-feira santa (28/3), a tendência é que a Assembleia continue esvaziada, uma vez que a maioria dos seus membros vai cumprir agenda em seus redutos eleitorais.
Novos problemas na ALMG
A partir desta terça-feira (26/3), outros quatro vetos entram na faixa constitucional e trancam a pauta do plenário. Porém, estes tendem a motivar embates mais acirrados entre a oposição e a base, uma vez que tratam de temas caros para a política de assistência social de Minas Gerais. Dois deles tratam de recursos na ordem de R$ 1 bilhão para o Fundo de Erradicação à Miséria (FEM).
O veto 11/2024, vincula os recursos ao Fundo Estadual de Assistência Social (Feas) na Lei Orçamentária Anual (LOA). O dinheiro seria proveniente da alíquota adicional de ICMS que incide sobre os produtos considerados “supérfluos”. O governador argumentou que a gestão do fundo é definida por uma lei de 2011, que estabeleceu a responsabilidade da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag), condicionando a liberação de recursos à aprovação de grupo coordenador.
Já o veto 10/2024, incidiu sobre o dispositivo que garantiria a política no Plano Plurianual de Ação Governamental (PPAG) até 2027, atribuindo ao Feas a gestão de recursos destinados ao atendimento das despesas não previstas no FEM.
Para Ulysses, o veto nos dispositivos agrava o imbróglio do plenário. “Ao embolar esse jogo com outro veto na dimensão do que nós estamos tratando, que impõe um acordo que envolveu muitos líderes, um assunto extremamente delicado, a expectativa é de um jogo muito complicado nas próximas semanas”, frisou.
Vetos que trancam a pauta nesta terça
- 7/2023 - Aguardando publicação do parecer
Veto parcial à Proposição de Lei 25.611, de 2023, que altera a Lei 15.424, de 30 de dezembro de 2004, que dispõe sobre a fixação, a contagem, a cobrança e o pagamento de emolumentos relativos aos atos praticados pelos serviços notariais e de registro, o recolhimento da Taxa de Fiscalização Judiciária e a compensação dos atos sujeitos à gratuidade estabelecida em lei federal e dá outras providências.
- 8/2024 - Aguardando apreciação em comissão
Veto parcial à Proposição de Lei Complementar 180, de 2023, que regulamenta o §19 do art 36 da Constituição do Estado, que dispõe sobre a imunidade tributária em razão de doença incapacitante, no âmbito do regime próprio de previdência social, e dá outras providências.
- 10/2024 - Aguardando apreciação em comissão
Veto parcial à Proposição de Lei 25.638, de 2023, que institui o Plano Plurianual de Ação Governamental - PPAG - para o quadriênio 2024-2027. Recursos destinados ao Fundo de Erradicação da Miséria (FEM).
- 11/2024 - Aguardando apreciação em comissão
Veto parcial à Proposição de Lei 25.639, de 2023, que estima as receitas e fixa as despesas do Orçamento Fiscal do Estado e do Orçamento de Investimento das Empresas Controladas pelo Estado para o exercício financeiro de 2024. Recursos destinados ao Fundo de Erradicação da Miséria (FEM).