As diligências foram encaminhadas à Corte pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) porque há suspeita do envolvimento de um deputado federal — cargo com direito a foro privilegiado -  (crédito: Carlos Moura/SCO/STF)

As diligências foram encaminhadas à Corte pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) porque há suspeita do envolvimento de um deputado federal — cargo com direito a foro privilegiado

crédito: Carlos Moura/SCO/STF

A investigação sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista dela, Anderson Gomes, chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo fontes da Polícia Federal consultadas pelo Correio, as diligências foram encaminhadas à Corte pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) porque há suspeita do envolvimento de um deputado federal — cargo com direito a foro privilegiado. O ministro Alexandre de Moraes foi sorteado relator.

 

O foco das autoridades é determinar quem foi o mandante do assassinato, que completou seis anos nesta quinta-feira. Até agora, a apuração localizou os supostos executores.

 

As autoridades com foro privilegiado, ou seja, que são julgadas pelo Supremo, são presidente da República; vice-presidente; ministros; senadores; deputados federais; e integrantes dos tribunais superiores, como o STJ, o STF e o Tribunal Superior Eleitoral; além de membros do Tribunal de Contas da União e de embaixadores.

Na quarta-feira, a memória de Marielle sofreu mais um duro ataque da extrema-direita. O PSol avalia entrar com uma representação no Conselho de Ética da Câmara contra o deputado bolsonarista Éder Mauro (PL-PA) por seu comportamento na Comissão de Direitos Humanos.

O parlamentar fez uma ofensiva contra a deputada Talíria Petrone (PSol-RJ), com gritos, palavrões, batendo na mesa e disparando ofensas a Marielle. O Correio gravou o episódio em vídeo. "Marielle Franco acabou, p*. Acabou, acabou. Não tem p* nenhuma aqui", gritava Mauro, apontando o dedo para a deputada.

 

Em nota, o PSol classificou a postura do bolsonarista de "totalmente incompatível com o que se espera de um parlamentar em um regime democrático".

 

Para o partido, Mauro foi "extremamente desrespeitoso com a memória de Marielle Franco, covardemente assassinada por causa de sua atuação parlamentar, além de agredir seus colegas da Câmara dos Deputados, que, ainda que representem ideologia diferente da dele, têm o pleno direito à manifestação político-partidária nos termos do regimento interno da Casa, mas foram atacados com agressões verbais e desatinos em uma reação completamente destemperada e incompatível à conduta adequada em uma casa de leis".

 

"Incansável"


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que vai seguir "incansável" na luta por justiça no caso. Ele compartilhou postagem feita pela ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, irmã da vereadora. "São seis anos que a gente luta por justiça por Marielle e pelo Anderson e ainda não temos as respostas", escreveu a ministra.

 

"Vamos seguir incansáveis nessa luta por justiça", postou o presidente. A primeira-dama Janja da Silva também se manifestou nas redes: "Marielle, são seis anos sem sua presença física aqui com a gente, mas sua voz e sua força seguem nos acompanhando diariamente".

 

Em frente à Câmara de Vereadores do Rio, houve um ato comandado pela vereadora Mônica Benício (PSol-RJ), viúva de Marielle. "Além da tristeza, ainda permanece a indignação de chegar ao marco de seis anos de um assassinato como esse sem essa resposta, é dizer que esse tipo de violência ainda é aceito na nossa sociedade com outras Marielles", afirmou em discursou.

*Estagiário sob a supervisão de Cida Barbosa