A Inteligência Artificial está mesmo na ordem do dia e será um dos assuntos mais debatidos dos próximos anos. Para quem pretende mergulhar de cabeça nesse assunto, uma boa opção é o livro de Mustafa Suleyman, vice-presidente de gestão de produtos e políticas de IA no Google, que, em parceria com o editor Michael Bhaskar, escreveu “A próxima onda: Inteligência Artificial, poder, e o maior dilema do século XXI”, publicado no Brasil pela editora Record.

 



 

O material é descrito por Yuval Noah Harari, autor de “Sapiens” e “21 lições para o século 21”, como “fascinante, bem escrito e fundamental”. Por Bill Gates, cofundador da Microsoft, como “um excelente guia para navegarmos por tempos sem precedentes”, e por Angela Kane, ex-subsecretária-geral da ONU, como “uma leitura cativante”.

 

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O livro surpreende já nas primeiras páginas. Isso porque seu prólogo foi escrito por uma Inteligência Artificial que havia recebido o seguinte comando: “O que a próxima onda tecnológica significará para a humanidade?”. Depois de receberem a resposta, os autores retomam as rédeas e destacam, durante o primeiro capítulo, que nosso futuro será definido por duas ferramentas centrais: IA e biologia sintética.

 

“Juntas, elas trarão um novo alvorecer para a humanidade, criando mais riqueza e superávit que qualquer outra coisa vista antes. E, no entanto, sua rápida proliferação também pode empoderar uma grande variedade de atores nocivos para criar perturbação, instabilidade e até mesmo catástrofe em escala inimaginável”.

 

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Mustafa Suleyman, que foi cofundador da “DeepMind”, uma das principais empresas de Inteligência Artificial, diz que essa tecnologia pode ser considerada “a nova eletricidade”, porque será um serviço por demanda que permeará e impulsionará quase todo aspecto da vida diária, da sociedade e da economia, sendo um recurso de propósito geral incorporado a tudo.

 

“Ela não é somente uma ferramenta ou plataforma, mas uma metatecnologia transformadora. Não é somente um sistema, mas um gerador de sistemas de qualquer tipo. Realmente estamos em um ponto de virada na história da humanidade”, explica. Exatamente por isso, ele acredita que é urgente uma resposta social e política para sabermos o que fazer caso a IA se volte contra nós, seres humanos.


Mas como, afinal, poderíamos ser prejudicados pela IA? Alguns dos cenários plausíveis, diz Suleyman, são ataques terroristas com uso de armas controladas por Inteligência Artificial, invasões cibernéticas capazes de colocar em risco governos e milhões de pessoas, constantes ondas de desinformação, estelionatos, experimentos com sequências de DNA, fabricação de pandemias, entre muitas outras hipóteses.

 

Impactado ao ler sobre essas possibilidades, David Miliband, ex-secretário de Relações Exteriores do Reino Unido, afirmou: “Este livro é ao mesmo tempo inspirador e aterrorizante. É uma educação crítica para aqueles que não entendem as revoluções tecnológicas que vivemos e um desafio para aqueles que entendem. É sobre o futuro de todos nós: precisamos lê-lo e agir de acordo”.


Obviamente, essa revolução tecnológica também pode proporcionar muitos benefícios à humanidade. Para os autores, IA e biotecnologia, caso usadas da maneira correta, tornarão a vida mais fácil e saudável, produtiva e agradável para bilhões de pessoas, pois pouparão tempo, custos, esforços e milhões de vidas. Mas a principal mensagem que eles querem passar é sobre os efeitos colaterais que avanços como esses carregam intrinsecamente.

 

“A Inteligência Artificial é uma extensão do que temos de melhor e de pior, por isso ela é tão valiosa e perigosa. A tecnologia está passando por uma transição de fase. Já não sendo simplesmente uma ferramenta, ela irá criar vida e rivalizar com - e superar - nossa própria inteligência”.


Desse modo, são apresentadas 10 propostas que podem contribuir para a contenção dos riscos inerentes à IA. Elas vão desde auditorias e ações técnicas, passam pela cooperação internacional e compartilhamento de falhas e aprendizados, e chegam à regulamentação e criação de leis e medidas de mitigação.

 

Fica claro, portanto, que trata-se de um assunto complexo e que exigirá dos governantes muita boa vontade e conversa, o que muitas das vezes não ocorre quando outras demandas tão importantes da sociedade são debatidas. Precisamos decidir como vamos usar a Inteligência Artificial antes que ela decida e faça por nós, assim como já fez o prólogo de “A próxima onda”.

 

Mustafa Suleyman, vice-presidente de gestão de produtos e políticas de IA no Google

Patrick T. Fallon/AFP

 

Trecho do livro

“De onde estamos hoje, parece que conter essa onda - ou seja, controlá-la, refreá-la ou mesmo pará-la - não é possível. Este livro pergunta por que isso pode ser verdade e o que significa se for. As implicações dessas questões afetarão todo mundo que está vivo hoje e todas as gerações que ainda estão por vir.”

 

A próxima onda

Mustafa Suleyman e Michael Bhaskar
Tradução de Alessandra Bonrruquer
Editora Record
420 páginas
R$ 79,90 (livro) e R$ 44,74 (e-book)

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