Susie Wiles, chefe de gabinete de Donald Trump, deu uma entrevista polêmica à Vanity Fair, em que fez comentários polêmicos sobre o próprio Trump, o vice-presidente JD Vance, o bilionário Elon Musk e outros personagens centrais do governo republicano. Na reportagem publicada, Wilis revela fissuras internas, disputas de poder e um ambiente político marcado por impulsos, ressentimentos e cálculo estratégico. Horas depois, ela alegou que suas palavras foram publicadas sem o devido contexto.

Entre os comentários que mais chamaram atenção está a descrição de Trump. Wiles afirmou que o presidente, embora não beba álcool, “tem a personalidade de um alcoólatra” — um traço que, segundo ela, se manifesta em sua visão de que “não há nada que ele não possa fazer”. A comparação, segundo ela, foi feita por conta de uma experiência familiar, já que a mulher mais poderosa do mundo cresceu com um pai alcoólatra.

“Alcoólatras funcionais, ou alcoólatras em geral, têm suas personalidades exageradas quando bebem. E eu sou um pouco especialista em personalidades fortes. (...) Ele age com a visão de que não há nada que ele não possa fazer. Nada, zero, nada”, disse.

Em outro trecho, Wiles afirmou que Trump acredita que “não depende de ninguém” e que governa por instinto. Ela destacou episódios delicados, como o confronto público com o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy no Salão Oval.

“Se pudéssemos voltar atrás, eu não teria câmeras, porque terminaria daquele jeito”, afirmou, reconhecendo que o episódio foi o ápice de um clima já deteriorado nos bastidores. Segundo Wiles, o comportamento de Zelenskyy e de sua comitiva teria contribuído para a escalada da tensão, culminando na reprimenda pública feita por Trump e JD Vance.

Wiles também abordou as recorrentes falas de Trump sobre um possível terceiro mandato. Segundo ela, o presidente sabe que a Constituição impede essa possibilidade, mas se diverte ao provocar adversários e críticos.

“Ele sabe que não pode se candidatar de novo”, afirmou, acrescentando que Trump gosta de “deixar as pessoas loucas” com o tema. Para Wiles, trata-se mais de provocação política do que de um plano real — embora o discurso constante contribua para a erosão de normas democráticas, segundo analistas.

Críticas ao vice-presidente

Nas reportagens publicadas pela Vanity Fair, Wiles traça uma distinção clara entre o vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, e o secretário de Estado Marco Rubio, ambos cotados como possíveis herdeiros políticos de Trump.

Sobre Rubio, ela afirma que a aproximação com Trump foi fruto de uma transformação ideológica genuína. Já no caso de Vance, o tom muda. Segundo Wiles, a conversão do vice-presidente ao trumpismo teria sido “mais política”, ocorrendo no momento em que ele disputava o Senado.

“Ele é controlado demais para perder a cabeça”, disse ela ao comentar o episódio com Zelenskyy, mas completou que Vance “simplesmente não aguentava mais”, sugerindo que o vice-presidente atua como um porta-voz do ressentimento acumulado dentro do governo.

Em outro momento, classificou o vice de Trump como alguém que flertou com teorias conspiratórias por anos. A declaração gerou respostas públicas de Vance, que em eventos recentes brincou com o rótulo, dizendo que às vezes acredita apenas em “teorias de conspiração que são verdadeiras” e elogiou Wiles por sua lealdade ao presidente

Elon Musk e o desconforto no núcleo do poder

Outro alvo das observações de Wiles foi Elon Musk, que liderou o Departamento de Eficiência Governamental no governo dos EUA no começo do ano. Ele foi descrito como uma “figura estranha, muito estranha” e uma “versão malhada de Nosferatu”.

A  mencionou publicamente seu uso autodeclarado de cetamina — uma substância com propriedades anestésicas e psicodélicas — como parte de seu estilo de trabalho incomum.

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Wiles ainda destacou que o bilionário é difícil de enquadrar nos ritos institucionais de Washington. Em tom crítico, ela menciona decisões tomadas de forma abrupta e sem diálogo, como mudanças estruturais em áreas sensíveis do governo. Em especial, demonstrou desconforto com a maneira como políticas públicas foram redesenhadas sem coordenação interna, algo que, segundo ela, “horrorizou” membros da equipe.

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