O criador de conteúdo Keith Castillo, dos Estados Unidos, viralizou nas redes sociais por conta de vídeos em que faz doações de facões, bebidas alcóolicas e cigarros para pessoas em situação de rua.
Em entrevista, o influenciador disse não se importar em oferecer produtos danosos a quem está em situação de vulnerabilidade social e que está em busca de likes e visualizações. 

Uma das publicações mais polêmicas foi feita no Dia de Ação de Graças, comemorado pelos norte-americanos na última quinta-feira (27/11), quando ele entregou facões de aço inoxidável de cerca de 45 centímetros para pessoas que vivem nas ruas. Segundo o New York Post, a gravação ultrapassou 14 milhões de visualizações antes da conta no TikTok desaparecer da plataforma.

No vídeo, ainda disponível em um de seus perfis no Instagram, Castillo aparece sorrindo enquanto entrega as armas. “Mantendo os moradores de rua nas ruas”, escreveu na legenda. Ele afirmou ter comprado os facões por menos de US$ 5 (R$ 26) cada, adquiridos em grande quantidade.

Em outro registro, do mesmo dia, o influenciador distribui pequenas garrafas de uísque para pessoas em vulnerabilidade. A prática se repete em diversas publicações, com gravações feitas em diversas cidades dos Estados Unidos. 

Em entrevista ao New York Post, Castillo contou que está em uma espécie de turnê nacional desde outubro, viajando de cidade em cidade para gravar vídeos parecidos. “Tenho uns 30 facões no meu carro agora”, afirmou, rindo. Ele planeja passar por Las Vegas, Nova York e Skid Row, em Los Angeles, locais com maiores populações em situação de rua dos EUA. 

O influenciador admitiu que o conteúdo é feito para viralizar. Questionado sobre oferecer álcool a possíveis dependentes químicos, respondeu sem constrangimento: “Honestamente, eu não ligo, cara. É bom para os cliques e visualizações. Temos que fazer o que temos que fazer para comer”.

Combinação perigosa

A repercussão não foi positiva. Internautas chamaram os vídeos de irresponsáveis e perigosos. “Mantê-los seguros? Não. Torná-los perigosos? Sim”, escreveu um perfil. “Como isso pode parecer uma boa ideia?”, disse outro. 

O NY Post consultou Joseph Giacalone, ex-sargento do Departamento de Polícia de Nova York e especialista em segurança, sobre esse tipo de vídeo. “Isso parece uma combinação desastrosa: álcool e facões. Será que poderíamos ser mais estúpidos?”, questionou. 

Castillo alega que consultou autoridades policiais antes de realizar as distribuições. Ele diz ter sido informado de que não estaria cometendo um crime, pois facões são considerados ferramentas agrícolas e não há leis federais que proíbam sua posse. No entanto, os departamentos de polícia de Austin, Little Rock, Nova Orleans e Nova York não comentaram o caso.

Embora a posse e até a distribuição de facões possam ser legais em muitos estados, o mesmo não se aplica ao consumo de álcool em vias públicas. Em lugares como Nova York, onde Castillo pretende filmar em breve, portar bebidas alcoólicas abertas na rua é ilegal. Caso uma pessoa em situação de rua seja flagrada consumindo o líquido que ele distribuiu, poderá enfrentar problemas com a polícia.

Além disso, o episódio reacende um alerta sobre influenciadores que extrapolam limites em busca de visibilidade. Recentemente, o streamer Jack Dohery passou a enfrentar até sete anos de prisão por bloquear o trânsito para filmar conteúdo, enquanto o tiktoker Heston James responde a acusações criminais no Arizona, que podem render até nove anos de detenção.

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Em declaração ao Daily Mail, Castillo disse que muitos de seus vídeos seriam apenas “esquetes” e que recolhe os facões logo após as gravações — uma afirmação não comprovada pelas imagens divulgadas. Ele também argumentou que a reação negativa é fruto de preconceito do público contra pessoas em situação de rua.

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