Um grupo de estudantes de Bangladesh ameaçou retomar as manifestações violentas que abalaram o país asiático devido a um sistema de cotas para contratações no serviço público, caso as autoridades não liberem os seus líderes detidos.
Os confrontos entre manifestantes e as forças de segurança e a repressão das autoridades deixaram pelo menos 205 mortos neste país do sudeste asiático na semana passada, segundo um balanço da AFP baseado em dados divulgados pela polícia e os hospitais.
O ministro do Interior, Asaduzzaman Khan, anunciou neste domingo (28) que 147 pessoas morreram, o primeiro balanço oficial divulgado até o momento.
Khan afirmou que a polícia atuou com moderação, mas se viu "obrigada a abrir fogo" contra os manifestantes em uma tentativa de proteger os edifícios governamentais.
A organização que está na origem dos protestos, Estudantes contra a Discriminação, afirma que 266 pessoas morreram nas manifestações.
O que começou como protestos contra as cotas politizadas para admissão em cargos públicos virou o pior distúrbio que a primeira-ministra Sheikh Hasina enfrentou nos seus 15 anos no poder.
Durante as mobilizações, a polícia prendeu milhares de manifestantes, incluindo vários líderes do grupo estudantil que lidera o movimento.
Os membros dos Estudantes Contra a Discriminação suspenderam os protestos na segunda-feira para evitar "mais sangue", mas após uma moratória de uma semana, anunciaram que retomariam as manifestações caso os seus líderes não sejam liberados.
O líder do grupo, Nahid Islam, e outras pessoas "devem ser liberadas e as acusações contra eles devem ser retiradas", declarou Abdul Hannan Masud.
"Se isso não acontecer, o Estudantes contra a Discriminação será obrigado a iniciar grandes manifestações a partir de segunda-feira", acrescentou.
Em resposta aos distúrbios, o governo impôs um toque de recolher e mobilizou soldados em todo o país, onde a internet móvel foi cortada a partir de quinta-feira para restringir o fluxo de informações, mas foi posteriormente restaurada.
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