A megaoperação intitulada Dominus, deflagrada na manhã desta terça-feira (23/12) no Aglomerado da Serra, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, resultou na prisão de dois suspeitos da execução a tiros de um homem de 33 anos, na noite do último sábado (20). Júlio César Ferreira Peixoto foi atacado por volta das 20h30, na Avenida Carandaí, no Bairro Funcionários.
Júlio César, mais conhecido como "Grandão", era o tesoureiro de uma facção na comunidade e foi assassinado porque tentou deixar o grupo criminoso, segundo informações da Polícia Civil. Dentro do carro em que ele estava, a polícia apreendeu uma carta na qual o traficante cita a disputa de facções — PCC (Primeiro Comando Puro), CV (Comando Vermelho) e TCP (Terceiro Comando Puro) — por pontos de drogas na capital.
Diante desse contexto, a operação de hoje contou com um efetivo de 120 policiais civis, 25 viaturas, além do apoio aéreo de duas aeronaves. Já a Polícia Militar empenhou 220 militares e cerca de 40 viaturas. A ação foi coordenada pela Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais (Sejusp-MG).
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Vice-governador de Minas Gerais, Mateus Simões, apresentou balanço das ações realizadas na operação Dominus
Em coletiva à imprensa nesta terça-feira na Cidade Administrativa, na Região de Venda Nova, o vice-governador, Mateus Simões, disse que a população do Aglomerado da Serra "não será refém de organizações criminosas" que tentam se instalar na região.
"Nossa decisão é de não apenas garantir que o Natal das pessoas do Aglomerado da Serra seja um Natal de tranquilidade, sem a presença do crime organizado, sem blitz para entrada no aglomerado, sem risco de tiros das facções brigando pelo controle do território, mas um recado às demais facções", afirmou.
Operação também mirou presídios
A operação de hoje visou não só desarticular facções criminosas que tenham influência no Aglomerado da Serra, mas também mirou 23 unidades prisionais mineiras. Mais de 2 mil detentos de várias partes do estado foram remanejados para enfraquecer estruturas criminosas.
Durante a operação nos presídios foram apreendidos 104 aparelhos celulares, três smartwatches, 2,5 quilos de substância de maconha, 1,7 quilo de cocaína, 824 micropontos de K4 (um tipo de droga sintética) e 360 gramas de merla, uma forma impura e altamente tóxica da cocaína. A ação contou com o apoio de 19 drones que monitoraram complexos que abrigam mais de 17 mil detentos no estado.
Apreensões
A ação deflagrada especificamente pela Polícia Militar resultou na apreensão de dois revólveres, munições, 1.076 pinos de cocaína, quatro porções de maconha, 243 buchas de maconha prontas para comercialização, duas barras de maconha ainda não segmentadas, 41 frascos de lança-perfume, 36 pedras de crack, seis porções de ice, duas porções de dry e 17 invólucros fechados de metanfetamina usados para a preparação de ice.
Uma quantia não especificada de dinheiro vivo, um carro Honda HRV e uma moto roubados no Rio de Janeiro e Espírito Santo, respectivamente, foram apreendidos.
Dominação do território
Segundo o comandante-geral da Polícia Militar, Frederico Otoni Garcia, a operação destacou uma reincidência de criminosos, que marca uma dificuldade das forças de segurança. "Oito dos presos possuem extensa ficha criminal, são reincidentes. Esperamos que, desta vez, permaneçam presos, cerceados da liberdade, e que isso possa ser uma resposta também", afirmou. Ao todo, a operação resultou em dez prisões. Além disso, três adolescentes foram apreendidos.
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Segundo o secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais, Rogério Greco, a escolha do nome "Dominus" se deu para "mostrar a esses criminosos que quem domina o território dentro e fora do sistema prisional é o Estado" e "não existe domínio territorial que não seja exclusivamente do Estado".
