Uma mulher de 38 anos, identificada como Ariene Martins Lopes Sobral, foi presa preventivamente pela Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), em Belo Horizonte, suspeita de dar golpes em casais de noivos e debutantes. O prejuízo é de pelo menos R$ 141 mil.
Apurações da corporação dão conta que a mulher atuava como intermediadora na suposta contratação de serviços para casamentos. Segundo a PCMG, ela criava contratos fraudulentos com fornecedores inexistentes e usava contas bancárias de terceiros para desviar os valores pagos pelas vítimas.
Até o momento, foram identificadas pelo menos 18 vítimas. Conforme as investigações, assim que recebia os pagamentos, a mulher encerrava as atividades comerciais e interrompia os contatos com os clientes. Ao menos 18 festas não vão acontecer mais.
A investigação começou em setembro e apurou crimes que ocorreram naquele mês e em outubro, assim que algumas vítimas denunciaram que estavam sendo vítimas de fraude. As festas aconteceriam em até 2 anos.
Segundo o delegado Anderson Resende Kopke, da 3ª Delegacia de Fraudes, que tomou a frente das investigações, Ariene atuava no mercado há pelo menos seis anos no Cerimonial Flor de Anis, localizado na Avenida Portugal, no Bairro Santa Amélia. Ela fechava contratos com o cerimonial dela e com supostos prestadores de serviços, de maneira a agilizar algumas prestações de serviços em casamentos e festas de 15 anos.
No entanto, a partir de certo momento, ela teria agido de forma igual com todas as vítimas identificadas pelos investigadores: parou de responder e fechou a empresa no final de setembro. Em outubro, o CNPJ da empresa já estava inativo. “Percebemos que é um golpe mesmo porque ela agia de forma premeditada quanto à celebração dos contratos fictícios, com o nome de pessoas que seriam da família ou ex-funcionários. Ela tinha a predisposição de aplicar o golpe e ficar com o dinheiro dessas vítimas”, afirmou o delegado.
Leia Mais
A investigada usou os nomes de pelo menos seis ex-funcionários. Até o momento, não é possível determinar se essas pessoas agiram de boa fé ou estavam envolvidas na trama, mas a polícia trabalha com a hipótese de que as pessoas não tinham envolvimento – a exemplo de um ex-funcionário que chegou a prestar queixa contra Ariene, antes mesmo do início das investigações.
De acordo com o delegado, 14 vítimas já foram ouvidas e declararam ter percebido o mesmo modus operandi. Elas mesmas perceberam atitudes suspeitas, criaram um grupo no WhatsApp e compartilharam a desconfiança.
Para o titular da 3ª Delegacia, a prisão preventiva se justifica porque a investigada causou prejuízos sentimentais e financeiros às famílias. “Ela celebrou os contratos para agenciar os contratos com as vítimas, alguns deles ela celebrou garantias com serviços que foram contratados e pagos. Ela pegou o dinheiro e as vítimas ficaram em prejuízo total”, afirmou Kopke.
Contas emprestadas
As investigações indicam que Ariene pegava contas bancárias de familiares e ex-funcionários emprestadas, as adicionava em alguns contratos e as usava para dar a aparência de que as vítimas haviam contratado com aquelas pessoas os serviços oferecidos para as festas. “Ela usava os dados para trazer a aparência de que as vítimas celebraram contrato com os fornecedores e que o produto realmente seria entregue”, afirmou o delegado. Porém, esses serviços nunca foram contratados e os fornecedores nunca existiram.
Segundo o delegado Magno Machado Nogueira, a cerimonialista organizava as festas e apresentava possibilidades de venda casada de serviços que teriam vantagem de preço caso contratados com ela. Com isso, eram oferecidos serviços como brindes aos convidados, fotografia, bebidas, orquestra e gerador de energia. Os supostos contratos, no entanto, eram falsos.
Prisão
Ariene foi presa na casa da sogra, no Bairro Jaqueline, nessa quarta-feira (17). Segundo os delegados, ela preferiu se manter em silêncio. “Ela quis se manifestar sobre nenhuma das alegações das vítimas”, explicou Anderson.
Antes disso, a mulher nunca havia sido presa. Em 2017, ela é citada em boletins de ocorrência sobre suposta apropriação de valores de comissões de formatura, mas as investigações em curso abrangem apenas as vítimas do Cerimonial Flor de Anis, que já tiveram três boletins de ocorrência registrados.
A cerimonialista é investigada pelos crimes de estelionato e apropriação indébita. As investigações seguem e vão definir se há mais envolvidos no esquema, se os terceiros agiram de má-fé e se há outras vítimas.
Siga nosso canal no WhatsApp e receba notícias relevantes para o seu dia
Ariene passou por audiência de custódia na manhã desta quinta-feira (18). Ela permaneceu algemada e foi acompanhada pela advogada de defesa, Débora Guimarães Cesarino. Ela teve a prisão mantida e foi encaminhada ao Presídio José Abranches Gonçalves, em Ribeirão das Neves, na Grande BH. A defesa foi procurada pela reportagem, mas ainda não retornou o contato. O espaço segue aberto.
