Calor e queda de estruturas dificultam combate a incêndio em prédio de BH
Alta temperatura das chamas e fumaça densa impedem bombeiros de avançar no incêndio que consumiu prédio na Av. Raja Gabaglia
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A alta temperatura do incêndio que atingiu um prédio comercial, na noite deste sábado (20/12), localizado na Avenida Raja Gabaglia, no Bairro São Bento, Região Centro-Sul de Belo Horizonte, tem impedido os bombeiros de avançarem pelo edifício e de combater o foco das chamas. Mais cedo, um combatente precisou ser socorrido pelo Samu após ter “superaquecido” pelo calor no local. A queda de estruturas internas, como paredes e divisórias, também tem prejudicado o combate ao fogo, previsto para se prolongar por horas ao longo desta noite.
O capitão João Gustavo, do Corpo de Bombeiros, explicou que, num primeiro momento, quando as chamas estavam no início, os combatentes tentaram se aproximar do foco do incêndio, por dentro do prédio. Contudo, as altas temperaturas fizeram com que os combatentes tivessem de recuar. Posteriormente, a estratégia passou a ser resfriar as chamas pela parte de trás do prédio, já que o calor, estimado em quase 2.000 ºC, impede qualquer aproximação dos militares.
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"Nós estamos com dois caminhões, com quase 50 mil litros d'água, fazendo esse combate pela parte de trás, aguardando fazer o resfriamento dessa fumaça para que a gente possa entrar. (...) Fica impossível pra gente entrar neste momento com condições de segurança", explicou.
Segundo o capitão, a temperatura atingiu números tão altos devido ao tipo de material consumido pelas chamas. Por se tratar do escritório de uma empresa de segurança eletrônica, há muitos computadores, fios e equipamentos eletrônicos altamente combustíveis. Outra ameaça são os próprios mobiliários de escritório, como divisórias de baías. Esse material, ao ser queimado, produz uma fumaça muito tóxica e densa - o que dificulta a visibilidade.
Os bombeiros identificaram que algumas paredes no interior do edifício desabaram, o que também tem gerado preocupação. Contudo, conforme explica o capitão João Gustavo, pilastras e outras partes estruturais do prédio aparentam estar preservadas. "O incêndio já está chegando a pouco mais de 1h30, então a própria estrutura da edificação começa a apresentar alguns sinais de colapso da estrutura de vedação. Paredes, janelas...", relata.
A Defesa Civil de Belo Horizonte informou ter sido acionada para a ocorrência, mas ainda não deu detalhes sobre eventuais riscos estruturais no prédio. A reportagem entrou em contato com a Emive, empresa sediada no edifício, por meio do formulário no site, mas não obteve respostas.
Resgate de funcionários
Os primeiros combatentes do incêndio tentaram se aproximar do foco do incêndio, no almoxarifado da empresa, mas tiveram de recuar devido à alta temperatura. Um dos bombeiros que atuou neste momento foi atendido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) depois de sentir um mal-estar causado pelo calor intenso, sem apresentar ferimentos ou sinais de intoxicação.
"A gente não conseguiu resfriar (as chamas) o suficiente e o militar teve que retornar. A gente ainda está apurando, mas (ele teve) um fenômeno chamado hiperemia, ele superaqueceu, mas já está bem, tomou um soro ali", relata o capitão João Gustavo.
O Samu também realizou o atendimento de uma mulher, de 38 anos, que seria funcionária da empresa de segurança eletrônica sediada no prédio. Ela apresentou um quadro de intoxicação leve e foi conduzida para um hospital.
Outras sete pessoas foram resgatadas por uma guarnição da Polícia Militar após buscarem abrigo no quarto andar do prédio, pois os andares inferiores haviam sido atingidos pelas chamas. Os policiais improvisaram uma ponte com uma escada e uma corda e, então, os resgatados puderam ser conduzidos a salvo para o prédio ao lado.
As fortes chamas levaram o Corpo de Bombeiros a evacuar os prédios ao lado. Uma concessionária localizada à direita do prédio em chamas, que estava fechada desde o começo da tarde, retirou os veículos estacionados no local devido aos riscos potenciais do incêndio.
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Uma grande coluna de fumaça preta, provocada pelas chamas, pode ser vista a quilômetros de distância, conforme mostram vídeos divulgados nas redes sociais. O fogo consumiu ao menos dois andares do prédio, assim como janelas da parte de trás, viradas para a Rua Deputado Milton Sales.