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BH retoma navegação na Lagoa da Pampulha após décadas

Projeto piloto com passeios gratuitos marca aniversário de 128 anos de Belo Horizonte e aposta na valorização turística, cultural e ambiental da Lagoa

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Cartão-postal de Belo Horizonte, a Lagoa da Pampulha voltou a ser navegável após mais de meio século de restrição. Neste sábado (13/12), a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) e a Marinha do Brasil assinaram um termo de cooperação técnica que autoriza oficialmente a retomada da navegação turística no espelho d’água, interditado para esse tipo de atividade desde 1968.

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A expectativa da administração municipal é iniciar os passeios ainda neste ano, em caráter experimental, marcando um novo capítulo na relação da cidade com a lagoa. O acordo foi firmado pelo prefeito Álvaro Damião (União Brasil) e por representantes da Capitania Fluvial de Minas Gerais, órgão da Marinha responsável pela fiscalização e ordenamento da navegação em águas interiores.

Logo após a assinatura, uma lancha oficial da Marinha, ocupada pelo prefeito e representantes da frota náutica, percorreu o trajeto que será adotado pelo barco turístico, saindo do píer do Centro de Atendimento ao Turista Álvaro Hardy, na Avenida Otacílio Negrão de Lima, no Bairro São Luiz. A cerimônia integrou a programação de comemoração dos 128 anos de BH.

“Uma das coisas mais lindas que o belo-horizontino vai ver, que o mineiro vai ver, e que vimos ali dentro da Lagoa. É o que a gente quer proporcionar a partir de agora com as navegações”, disse o prefeito de BH, em coletiva de imprensa.

O barco chegou a Belo Horizonte nessa sexta-feira (12/12) e começará a operar assim que forem concluídas a montagem e a emissão das licenças necessárias. “Foi tudo feito com muito critério e muita responsabilidade. Navegar não é direito para nadar. A navegação será autorizada por decreto da prefeitura, em parceria com a Marinha do Brasil. Nós tivemos a humildade de reconhecer que esse é um processo novo, e a Marinha tem nos conduzido tecnicamente”, comentou Damião.

O acordo firmado neste sábado se dá por meio da Capitania Fluvial de Minas Gerais, órgão da Marinha do Brasil, e tem como objetivo unir esforços para a fiscalização do tráfego de embarcações e equipamentos náuticos na Lagoa. Servidores da prefeitura passaram por capacitação específica oferecida pela Marinha e estão aptos a atuar no processo de retomada da navegação com foco na segurança, informou a PBH.

Quem pode navegar na Lagoa da Pampulha?

A embarcação escolhida para os passeios é um catamarã com capacidade para 30 passageiros sentados. O modelo é semelhante aos utilizados em regiões litorâneas e permitirá a contemplação dos principais monumentos do Conjunto Moderno da Pampulha, reconhecido como Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco.

Nesta primeira fase, o funcionamento será em formato piloto, com duração prevista de três meses. Os passeios acontecerão de quinta-feira a domingo, com três saídas diárias entre 8h e 17h. Cada trajeto terá duração aproximada de uma hora, incluindo embarque, navegação e desembarque. Os ingressos serão gratuitos e disponibilizados por meio de um site próprio da prefeitura.

Inicialmente, apenas as embarcações da Marinha e o catamarã autorizado pela Prefeitura poderão circular na lagoa. Outras modalidades de uso, como esportes náuticos e lazer privado, não estão liberadas nesta etapa.

“Quem sonha em andar de jet-ski, como eu também sonho, ou usar barco próprio ainda vai precisar aguardar mais um pouco. É o que todo mundo pensa, que pode fazer agora, mas não pode, continua sem poder. Tudo é novo e vamos avançar devagar, com responsabilidade”, explicou o prefeito.

Uso para atletas

A ampliação das permissões poderá ocorrer futuramente, de acordo com avaliações técnicas. A prefeitura já prevê diálogo com federações e confederações esportivas para autorizar, em etapas posteriores, o uso da lagoa por atletas federados e competições oficiais. A liberação para lazer individual, no entanto, não tem prazo definido.

Representando a Marinha do Brasil, o comandante Alessandro de Paula Lima explicou que a atuação da força naval ocorre desde a fase de planejamento do projeto. “A Marinha vem orientando tecnicamente, qualificando os profissionais que vão cuidar do ordenamento e da fiscalização. Esse é o nosso papel. Depois que a navegação começar, estaremos mais presentes na lagoa, fiscalizando as embarcações para garantir que tudo ocorra de forma segura e ordenada”, afirmou.

De acordo com ele, a atuação da Marinha envolve desde a definição do escopo da embarcação até a verificação de habilitações e o cumprimento das normas de navegação. “Entramos em aspectos específicos que muitas vezes não fazem parte da rotina dos servidores municipais. Nosso papel é orientar, fiscalizar e garantir a segurança da navegação”, explicou à imprensa.

Novo olhar para a lagoa

O circuito foi desenhado para permitir a contemplação dos principais monumentos do Conjunto Moderno da Pampulha e da paisagem cultural que envolve a lagoa. Durante o trajeto, os passageiros serão acompanhados por um guia turístico, responsável por apresentar informações históricas, arquitetônicas, culturais e ambientais sobre o conjunto e seu entorno. A proposta, segundo a prefeitura, é reforçar o caráter educativo e turístico da experiência.

À imprensa, Damião destacou a retomada da navegabilidade como uma mudança de paradigma na relação da cidade com a Lagoa da Pampulha e reforçou a necessidade de rever a narrativa construída ao longo das últimas décadas sobre o espelho d’água, historicamente associada à poluição, motivo pelo qual a navegação foi proibida nos anos 1968.

“Até ontem, a Lagoa da Pampulha era sempre chamada de esgoto a céu aberto. Isso não existe dessa forma. Existe uma parte que ainda recebe esgoto, sim, mas existe outra parte, essa onde estamos, que pode receber embarcações, como já está recebendo a Marinha e vai receber os passeios turísticos. É essa visão que queremos construir”, declarou.

A navegação e a realização de eventos náuticos na Pampulha estão asseguradas em razão da recuperação da qualidade da água, processo iniciado em 2016. Atualmente, a Lagoa da Pampulha registra trechos com índice de qualidade da água classificado entre bom e ótimo, de acordo com dados de monitoramento da Prefeitura de Belo Horizonte divulgados em setembro.

O projeto de retomada da navegação foi anunciado pela Prefeitura em maio deste ano, durante as celebrações dos 82 anos do Conjunto Moderno da Pampulha. Para viabilizar a iniciativa, o município realizou uma licitação vencida pelo Instituto Brasileiro de Gestão e Pesquisa (IBGP), responsável por fornecer a embarcação e a tripulação que conduzirá os passeios.

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Damião reforçou ainda o impacto da retomada da navegação além do turismo. “As crianças que vierem navegar aqui, a imagem que elas vão levar da Lagoa da Pampulha para casa é o que mais importa. O turista que vier a Belo Horizonte e voltar para o seu estado ou país com essa imagem da Pampulha também. Isso muda a forma como a cidade se enxerga e é vista”, afirmou. 

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