Justiça nega liberdade a médica que raptou bebê e mandou matar farmacêutica
Cláudia Soares Alves teve a prisão preventiva determinada no fim de novembro. Ela é apontada como mandante da execução de Renata Bocatto, em 2020
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A médica neurologista Cláudia Soares Alves, de 42 anos, apontada como mandante da morte da farmacêutica Renata Bocatto Derani, em 2020, teve o pedido de habeas corpus negado pela Justiça de Minas Gerais. A investigada ficou conhecida por raptar um bebê em 2024, do Hospital das Clínicas de Uberlândia, no Triângulo Mineiro. No homicídio, a vítima foi alvejada na porta do trabalho depois de receber uma falsa encomenda, com um pênis de borracha. Cláudia foi indiciada por homicídio qualificado – por motivo torpe, pagamento e emboscada –, uso de documento falso, fraude processual e adulteração de sinal identificador de veículo automotor.
A decisão, do desembargador Jaubert Carneiro Jaques, da 5ª Vara Criminal da Comarca de Uberlândia, foi publicada nessa terça-feira (9/12). No documento, o relator afirma que a liberdade preventiva é cabível quando a prisão foi ilegal ou com abuso de poder. O que, até o momento, não há indícios.
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“Em uma análise sumária do processo, constata-se que a decisão que impôs a segregação cautelar da paciente está, aparentemente, embasada em elementos objetivos do caso, aliados aos pressupostos e requisitos da medida extrema”, afirmou o desembargador.
As investigações mostraram que, antes do crime, a neurologista se envolveu com ex-marido da farmacêutica. O casal tinha uma filha e, segundo o delegado Eduardo Leal, a médica teria tentado tirar o poder familiar de Renata para assumir a maternidade da criança.
Nessa época, ainda conforme o responsável pelo inquérito, a vítima proibiu que pai tivesse acesso a filha, enquanto estivesse com Cláudia. Além disso, a investigada teria participado da preparação e da execução do crime, em parceria com dois homens. A dupla, apontada como executora, foi presa no início de novembro, em Itumbiara (GO).
Sequestro de bebê
Em 6 de agosto de 2024, Cláudia Soares Alves foi indiciada por tráfico de pessoas e falsidade ideológica no inquérito que apurou o sequestro de uma recém-nascida na maternidade do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia. O crime aconteceu na noite de 22 de julho do mesmo ano. A neurologista foi presa, horas depois, em Itumbiara (GO), com a criança.
No dia do sequestro, Cláudia usou o crachá para entrar no hospital se passando por funcionária. Ela foi até a maternidade e abordou um casal, se apresentando como pediatra e examinou a mãe e a recém nascida. Na sequência, a mulher afirmou que levaria a bebê para ser amamentada, mas não voltou.
A criança foi colocada dentro de uma mochila e, de carro, levada para Itumbiara, a cerca de 134 quilômetros de Uberlândia. Imagens de câmeras de segurança ajudaram na localização da médica.
O que mostrou a investigação?
Na época, as investigações mostraram que o crime foi premeditado e que a indiciada havia preparado um cômodo de sua casa para receber a bebê. “Lá, encontramos um enxoval, carrinho de bebê, fraldas e leite”, explicou o delegado Carlos Fernandes, responsável pelo inquérito.
Além disso, no imóvel havia um bebê reborn, em um berço. Inicialmente, a médica foi autuada por sequestro qualificado. Mas, ao longo das investigações, novas evidências apontaram para outros crimes.
Cláudia Soares foi presa preventivamente em um presídio em Goiás. Seu advogado alega que a médica sofre de transtornos mentais e faz tratamento. Ainda segundo a defesa, no dia do sequestro, ela teria sofrido um surto psicótico por não ter tomado a medicação. Conforme a legislação brasileira, a pena por tráfico de pessoas pode chegar a oito anos de prisão e por falsidade ideológica, a cinco.