MG: médica que raptou bebê em Uberlândia tem prisão preventiva decretada
A neurologista teria participado da preparação e da execução do crime, em parceria com dois homens
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A médica neurologista Cláudia Soares Alves, de 42 anos, que cometeu dois graves crimes, o rapto de um bebê, em 2024, no Hospital das Clínicas de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, e é acusada de ser mandante do assassinato de uma farmacêutica, Renata Bocatto Derani, em 2020, teve a sua prisão temporária convertida para preventiva, pelo primeiro crime. A decisão é do juiz Dimas Borges de Paula, da 5ª Vara Criminal de Uberlândia.
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O delegado Eduardo Leal conta que, segundo as investigações, a médica havia se envolvido com o ex-marido da vítima. O casal tinha uma filha, e a investigada é suspeita de ter tentado tirar o poder familiar da mulher para assumir a maternidade da criança.
Nessa época, a mãe havia proibido o pai de ter acesso à criança enquanto estivesse com Cláudia, o que levou à separação dos dois.
A neurologista teria participado da preparação e da execução do crime, em parceria com dois homens. No centro da trama, as investigações apontam a mesma obsessão por ter uma filha que teria motivado o sequestro da bebê.
Segundo a polícia, Cláudia mantinha em casa um quarto decorado, com várias roupas de criança e um berço contendo uma bebê reborn, o que seria um sinal dessa obsessão.
Os dois acusados da execução do crime, contratados pela médica, foram presos no começo de novembro, em Itumbiara (GO).
A decisão do juiz Dimas Borges tem como base as prisões preventivas que, segundo ele, se mostraram necessárias. “Evidenciando a periculosidade dos seus agentes e, portanto, o risco social gerado por seus estados de liberdade. Também, as prisões preventivas dos representados são convenientes para a instrução criminal e para assegurar eventual aplicação da lei penal, pois, em liberdade, podem ocultar outras provas que porventura existirem, além de coagir testemunhas, bem como resguardar o resultado útil do processo, em razão da ausência de comprovação de residência fixa e de vínculo com o distrito da culpa, tornando possível a fuga. Isso posto, acolho a representação da Autoridade Policial, ratificada pelo Ministério Público, e, por conseguinte, converto as prisões temporárias em prisões preventivas”, embasa a decisão judicial.
O segundo crime
Em 6 de agosto de 2024, Cláudia Soares Alves foi indiciada por tráfico de pessoas e falsidade ideológica no inquérito que apurou o sequestro de uma recém-nascida na maternidade do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia, na noite de 22 de julho do ano passado. A médica foi presa em flagrante poucas horas depois com a criança, em Itumbiara (GO).
A investigação foi comandada pelo delegado Carlos Fernandes que disse que o sequestro do bebê foi um ato planejado, uma vez que Cláudia tinha tudo preparado para receber a criança em sua casa. “Lá encontramos um enxoval, carrinho de bebê, fraldas e leite. Por isso, acreditamos que tudo tinha sido planejado”, afirma o delegado. Uma bebê reborn, em um berço, compunha a cena
De acordo com a Polícia, inicialmente a médica foi autuada por sequestro qualificado, mas ao longo das investigações surgiram novas evidências que apontaram para os outros crimes. Conforme as investigações, a médica teria premeditado a adoção ilegal de uma criança. Ela teria entrado em contato com pessoas de outros estados em busca de famílias em situação vulnerável com crianças recém-nascidas para serem adotadas fora do trâmite legal. Nessas buscas, conforme a Polícia, ela teria utilizado dados falsos.
Os levantamentos revelaram ainda que Cláudia havia se inscrito no Cadastro Nacional de Adoção e conseguido uma avaliação positiva no processo de aptidão psicológica, que teria utilizado uma documentação fornecida por ela. A médica também teria mentido para familiares e amigos dizendo que estava grávida e chegou a adquirir um enxoval para o bebê.
No dia do sequestro, Cláudia teria utilizado o crachá para entrar no hospital se passando por funcionária, foi até a maternidade e abordou um casal. Ela se apresentou como pediatra e examinou a mãe e a recém-nascida. E disse aos pais que levaria o bebê para ser amamentada. A médica teria colocado a criança dentro de uma mochila e saiu do hospital. No próprio carro, seguiu para Itumbiara, cerca de 134 quilômetros de Uberlândia. Imagens de câmeras de segurança ajudaram as polícias civis de Minas e de Goiás a localizar a médica. A criança foi resgatada e devolvida aos pais.
Cláudia Soares foi presa preventivamente em um presídio em Goiás. A defesa alega que a médica sofre de transtornos mentais e que faz tratamento. Ainda segundo a defesa, no dia do sequestro, ela teria sofrido um surto psicótico por não ter tomado a medicação. Conforme a legislação brasileira, a pena por tráfico de pessoas pode chegar a oito anos de prisão e por falsidade ideológica, a cinco.
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Defesa
A defesa da médica insiste na tese de que ela precisa tomar remédios controlados, o que acontece desde que sua mãe morreu e que por isso e problemas que adquiriu, toma medicamentos controlados.