O pai do adolescente de 17 anos que morreu após passar mal no fim da tarde do último dia 16, durante uma partida de futebol em Pouso Alegre (MG), no Sul do estado, utilizou suas redes sociais para fazer um apelo. Vitor Oliveira disse que é necessária "uma lei o mais rápido possível para garantir na grade do ensino fundamental a matéria de primeiros socorros".
Vitor Anastácio Neto passou mal quando jogava futsal na quadra do Ginásio Bandolim, localizada na região central da cidade. Testemunhas relataram que Vitor caiu de repente. Ele conseguiu se sentar, mas, em seguida, teve uma crise convulsiva e sofreu uma parada cardiorrespiratória.
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O adolescente foi levado para o Hospital das Clínicas Samuel Libânio e morreu pouco depois de dar entrada na unidade de saúde. A princípio, a causa da morte é tratada como mal súbito.
"Infelizmente, todos os jovens que estavam na quadra ficaram desesperados e sem saber o que fazer, sem saber identificar o que estava acontecendo com meu filho. Ficaram nervosos, com medo e em choque, pois queriam ajudar, mas não sabiam como. O que estava ao alcance deles, eles fizeram, que foi pedir socorro", escreveu o pai em seu perfil no Facebook, no último domingo (19/10).
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A partir daí, Vitor Oliveira defendeu a necessidade de haver a matéria de primeiros socorros nas escolas públicas do país e chamou a atenção dos governos municipal e estadual para avaliação do tema.
"O que a minha família está passando, não desejo à família de ninguém. O luto é de todos nós. Amanhã pode ser o filho de alguém. Compartilhem este post e me ajudem a chegar às autoridades competentes", concluiu (veja a publicação feita pelo pai no fim da reportagem).
Segundo ele, o filho não tinha problemas de saúde. "Era um menino que praticou natação dos 4 aos 8 anos. Dos 10 aos 15 anos, ele participou de escolinha de futebol", explicou o pai, acrescentando que o filho sempre fazia os exames exigidos pelas equipes dos torneios que participava, e os resultados nunca apontaram qualquer anomalia.
De fato, o Brasil não tem legislação que determine o ensino de primeiros socorros nas salas de aula — algo que não é tão simples de ser debatido, segundo avalia Rosilene Corrêa, diretora da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação.
"A gente entende que esse conhecimento (primeiros socorros) é bom em qualquer situação e ambiente. No entanto, precisa-se ter em mente que a escola é composta por trabalhadores da educação e não da saúde. Não somos qualificados para assumir uma responsabilidade assim. Caso um atendimento não dê certo, a responsabilidade poderia recair sobre a escola. Não somos contra. É claro que é algo importante, mas não é tão simples de ser formatado. Não é só criar uma lei e pronto. É preciso muito debate de como isso funcionaria na prática", avaliou Rosilene, que também é pedagoga e professora aposentada da rede pública do ensino federal.
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